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Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

Ju Moraes critica preconceito de sambistas, fala de Claudia Leitte e boatos sobre sexualidade

Por Fernanda Figueiredo | Fotos e vídeo: Tiago Melo

Ju Moraes critica preconceito de sambistas, fala de Claudia Leitte e boatos sobre sexualidade
A menina que conquistou o Brasil e encheu a Bahia de orgulho pode até se descrever a transparência em pessoa e é boa para dar entrevista, pois fala e fala tudo. Ou quase tudo. Seus olhinhos verdes escondem muitos mistérios. E nem tentem revelá-los. Ju parece saber guardar um segredo como ninguém – não à toa, surpreendeu a todos ao aparecer durante a chamada do The Voice Brasil, até mesmo sua família e amigos mais próximos. Mas não sabe mentir. Talvez, omitir. Ela fala nas entrelinhas e você que use da sua expertise se quiser chegar perto dos seus segredos. E a Coluna Holofote quase chegou lá. Nesta entrevista, a sambista nata criticou a postura de alguns artistas renomados do samba e ousou dar um puxão de orelha neles: “Eu acho que isso, os sambistas deveriam parar pra pensar. Os grandes sambistas, os grandes nomes... E começarem a reavaliar a visão que, às vezes, eles têm, até preconceituosas, dos novos sambistas que estão vindo aí. Porque, assim: a gente é responsável por uma renovação. E a gente é responsável por fazer essa meninada toda que está vindo aí escutar Novos Baianos, escutar Nelson Rufino, escutar Riachão, escutar Beth Carvalho, escutar Alcione...”, destaca ela, que disse se sentir de outro mundo quando se reúne em um ambiente só de sambistas, por não aderir ao estereotipo comum a eles. E coloca a culpa, também, em sua alergia. Ju Moraes contou todo o processo do The Voice e como escolheu Claudia Leitte: “Quando Claudia virou, que eu mirei nela, eu juro a você, eu senti uma sensação muito forte naquele momento e parecia que ela estava me puxando assim, sabe?”. E para quem quer saber sobre a opção sexual da moça, que gerou um certo burburinho nas redes sociais... Sintam-se à vontade neste bate-papo. Seja homem ou seja mulher, garantimos que será um verdadeiro deleite conhecer um pouco mais dessa beldade!
 
 
 
Coluna Holofote: Você tinha uma banda de rock. Mudar para uma banda de samba parece algo inimaginável. Como e por que se deu essa mudança?
 
Ju Moraes: Eu morei muito tempo no interior e, logo que eu vim para Salvador, eu passeava em todas as áreas da música. Eu sempre gostei muito de música. Então, tive muita referência do rock. Eu ouvia muito Legião Urbana quando eu morava no interior. E quando eu vim pra cá, meu primo que tocava em uma banda de rock me convidou para substituir a cantora que era dessa banda e que tinha acabado de sair. Eu passei só seis meses na banda, mas eu aprendi muita coisa lá. Foi a primeira banda profissional que eu pude conviver e eu tinha 17 anos. Então, essa banda, para mim, foi o primeiro passo, muito importante, para que eu pudesse começar a conhecer um pouco mais da musicalidade, da música e das vertentes musicais que eu podia apresentar e até descobrir o que é que eu gostava ou não de cantar.
 
CH: Hoje você tem uma tatuagem com a palavra “Samba”. Então, é o samba realmente o que você gosta de cantar? Você se encontrou, digamos assim?
 
JM: O samba me encontrou. Entenda. Depois dessa banda de rock, eu comecei a fazer barzinho em uma outra banda que se chamou “Ruído Rosa”. E, nessa banda, a gente tocava muita MPB. Só que eu fiz uma observação e hoje eu consigo ter essa visão, que a gente, às vezes, trata a MPB de uma forma muito limitada. Mas a Música Popular Brasileira é tudo, abrange tudo. Tem várias vertentes: o samba, o axé, o sertanejo, tudo isso está dentro da MPB. Só que, assim, dentro da MPB, o que eu fazia, já tinha elementos do samba muito fortes, só que eu não percebia. Algumas pessoas já percebiam, mas eu não percebia. Até por imaturidade musical mesmo do momento. Foi aí que eu conheci outras pessoas e essas pessoas começaram a me falar muito do samba e a me fazer referência já ao samba. Sem eu saber que eu já era do samba. Por isso que eu costumo dizer que foi o samba que me escolheu e não eu que escolhi o samba. Foi natural.
 
CH: Foi natural, mas, em que momento, você percebeu que era samba?
 
JM: É isso. Esses elementos do samba que começaram a aparecer de forma muito natural, dentro do meu repertório de barzinho, foi ficando tão forte, tão forte que, quando eu me juntei com Nanda e Juan, que são meus companheiros de banda, que fundaram a Samba D’Ju comigo, a gente teve um repertório que foi muito fácil em ser transformado no repertório da Samba D’Ju, porque já era um repertório de samba. Só que a gente, de forma natural, não percebia isso. E o que a gente fez foi justamente essa mistura da MPB com esses elementos do samba.
 

 
CH: Então, quando você, Nanda e Juan se juntaram, já estava decidido que seria samba?
 
JM: Quando a gente se juntou para formar a Samba D’Ju, a gente sabia que esses elementos do samba não iam poder ficar tão sutis quanto ficavam nos barzinhos. Ele ia ter que vir de uma forma mais explícita. Por isso o nome Samba D’Ju, já pra gente ter essa referência muito clara do que era, mas sem perder essa musicalidade da Música Popular Brasileira, ainda como influência. Porque, o que é que a gente faz? A gente pega grandes clássicos e transforma ele mais suingado para o samba mesmo, que é pra deixar essa identidade mais forte.
 
CH: Eu pergunto isso porque, geralmente, as cantoras que estão surgindo optam pelo mercado do axé. Então, de repente, vai que aparece uma oportunidade para você no axé...
 
JM: Já aconteceram vááááárias oportunidades em que eu tive convites para encabeçar bandas de axé, mas a questão é que eu sempre tive uma sorte muito grande. Desde a época de barzinho em que eu tive a oportunidade de fazer música por hobby – e isso é um diferencial, porque quando você começa por hobby, você começa fazendo o que você quer –, então, eu sempre fiz o que eu gostava de ouvir, o que eu gostava de cantarolar em casa. Então, a gente já começou, desde o início, fazendo o que a gente gostava. Desde o início, deixando essa influência musical da gente muito forte. Não que o axé não influencie! Até porque, a gente já fez essa brincadeira de misturar axé e samba e foi demais. A nossa postura em cima do palco é dos cantores baianos, é dessa energia baiana de fazer essa mistura e não deixa de ser música baiana. O fato de não ser axé é por uma questão de afinidade, uma questão até de não saber fazer. Talvez eu não saiba fazer axé.
 
CH: Mas você é uma cantora que foge um pouco do estereótipo das demais sambistas baianas... É difícil ser cantora de samba se distanciando, desse ponto de vista, do samba de raiz?
 
JM: Existiu – hoje não tanto, porque não chega até a mim –, algumas coisas eu achava que eram, que acabavam sendo estranhadas. Já aconteceu de a gente ir para um Festival de Samba e tinham vários compositores, artistas, cantores de samba e a gente sente que a gente não pertence tanto àquele mundo. Mas, que ao mesmo tempo, a gente bebe na mesma fonte. Então, somos todos colegas, somos todos pessoas que viveram e são influenciados e sofrem influência do samba na sua música e somos reconhecidos por aquilo.
 

 
CH: Mas vocês acham que fazem samba de raiz?
 
JM: Não. A gente não faz samba de raiz, não faz samba de Recôncavo, mas a gente tem uma influência muito forte. Minha música atual de trabalho, que é “Mulher no Samba”, é um samba de roda, é um samba do Recôncavo. E tem uma pegada do samba de Santo Amaro muito forte. E a gente quer continuar tendo essa influência, a gente vai continuar tendo. Mas, o fato de eu cantar o samba de Santo Amaro, eu cantar um Roque Ferreira, eu cantar um Nelson Rufino, eu não preciso estar vestida como sambista. Eu acho até que, hoje em dia, não tem que ter muito essa coisa do estereotipo. Eu tenho essa coisa, que é muito minha, tanto com as minhas músicas quanto com o que eu visto, de que eu tenho que estar bem. E como é que eu me sinto bem? Posso colocar um saião? Posso. Mas eu não vou usar uma blusa assim, assim, assado. Eu vou usar uma blusa minha, que tenha mais a minha cara. Por exemplo: sambista gosta de usar muita pulseira e eu já não posso usar porque eu tenho alergia. Às vezes alguém quer fazer uma coisa diferente comigo no palco, usar um figurino diferente e tal e tem coisas que eu não posso usar porque eu tenho alergia a um monte de besteirinhas. Então, eu acabo tendo sorte, porque eu acabo tendo a identidade que eu criei pelas minhas escolhas.
 
CH: E o público? Você já sentiu algum tipo de preconceito com essa questão? Eu falo em relação ao público que curte samba...
 
JM: Eu acho que o nosso público não é o público que gosta de samba. É um público que está gostando de samba por causa do Samba D’Ju e isso é maravilhoso! Eu acho que isso, os sambistas deveriam parar para pensar. Os grandes sambistas, os grandes nomes... E começarem a reavaliar a visão que, às vezes, eles têm, até preconceituosas, dos novos sambistas que estão vindo aí. Porque, assim: a gente é responsável por uma renovação. E a gente é responsável por fazer essa meninada toda que está vindo aí escutar Novos Baianos, escutar Nelson Rufino, escutar Riachão, escutar Beth Carvalho, escutar Alcione... E nós somos responsáveis por isso. Porque a gente aproximou o samba da juventude. E aproximou a galera que só ouvia axé, a galera que ia pra noitada só pra beber, a gente faz essa mistura. A gente tem um público que vai para lá pra ouvir a música de qualidade, tem o público que vai pra lá pra curtir a noitada mesmo – que você pode tocar o que for que eles vão estar lá dançando – e tem o público que vai porque é Samba D’Ju. A gente passeia em todos os mundos. E isso é gostoso porque a gente fica sem esse rótulo. Por isso que eu gosto sempre de frisar que a gente faz Música Popular Brasileira. É uma música dançante, é baiana, é samba reggae, é samba rock, é samba funk, é samba.  
 
CH: Como foi que você teve a ideia de se inscrever para o The Voice Brasil?
 
JM: O The Voice tem duas possibilidades e, assim como o Big Brother, você pode ser indicado também. Você tem a possibilidade de mandar o vídeo e algumas pessoas tiveram os olheiros, que cataram gente no Brasil inteiro para participar. E foi o meu caso. E aí, há um tempo atrás, já tinham comentado comigo que ia haver esse programa. Demorou muito tempo e me ligaram. 
 
CH: Quanto tempo mais ou menos?
 
JM: Uns seis meses. Então, eu não me inscrevi, não mandei vídeos... Não. Eu fui escolhida através de um olheiro deles aqui em Salvador. E foi algo que aconteceu com muita gente. Tinha gente que cantava na igreja, um olheiro viu e levou. Então, aconteceu muito isso também. Então, quando eles ligaram, eu parei, pensei, pensei... Conversei com Nanda, com Juan, com Guga, que é meu empresário. “E aí, vou ou não vou?” e Guga falou “vá”.
 

 
CH: Mas quando você apareceu em uma das chamadas e pegou todo mundo de surpresa, Juan disse que nem ele e nem o pessoal da banda sabiam que você estaria no programa...
 
JM: Mas ó... Juan não sabia porque, quando eu saí daqui de Salvador para gravar a primeira audição, ninguém sabia. Pra ele foi surpresa porque ele não poderia saber. Ninguém poderia. Tanto que ele aparece no primeiro episódio dando um depoimento e a gente gravou, fez todas as gravações, dizendo que era para outros programas, entendeu? No dia do The Voice, no dia da aparição, eu apareci uma semana antes na chamada e depois eu apareci no segundo programa. Mas ninguém sabia.
 
CH: Você disse que tinha outro jurado em mente, antes de escolher Claudia Leitte...
 
JM: Eu fui pro programa querendo muito ir pro time de Carlinhos Brown. Por todo o histórico. Por ser, pra mim, um dos maiores compositores do Brasil, um dos maiores artistas do Brasil e um movimentador cultural incrível! Eu sou muito fã dele. Ele me arrepia. Eu vou, assisto ao show, compro CD, baixo...Tenho quase tudo dele, ouço quase tudo dele. Sou apaixonada pelas composições dele com Marisa Monte, que é uma outra artista que sou muito fã. Então, pra mim, estar com ele ali no programa, seria uma responsabilidade muito grande e ia ser muito bom pra mim. 
 
CH: E o que te fez mudar de ideia?
 
JM: Vou chegar lá. Quando eu fui pra lá pra fazer o programa The Voice, muita coisa acontece, gente! E assim, eu comecei a pensar: eu falo tanto dessa coisa de passear por todos os mundos, de passear em vários mundos, em me abrir, em conhecer outras coisas, em transformar minha banda em uma coisa de música baiana e ter uma outra projeção que, talvez, eu ir só com esse pensamento de escolher Carlinhos Brown fosse já um preconceito com os outros. Então, eu quis abrir minha cabeça e, antes de subir – a gente fala em subir, porque a gente ficava em um lounge junto com a família e depois subia em um elevador e depois ia pra essa sala sozinha – minha irmã me chamou, Mariana. E falou: “Pense bem em quem você vai escolher. Eu sonhei essa noite que você escolhia Claudinha”. 
 
CH: E a música que ela cantou para você... Contribuiu também?
 
JM: Calma. Várias coisas aconteceram. Deixa eu terminar de te contar.  Aí minha irmã disse “tome cuidado, porque eu sonhei que você escolhia Claudinha e que rolava uma coisa muito massa”. E, mesmo assim, eu subi com aquilo de Brown. Quando eu cheguei, que eu comecei a cantar a música “Amado”, eu acho que dava uns 20 segundos, Claudinha virou. Claudinha e Daniel foram muito rápidos. Os dois viraram, praticamente, ao mesmo tempo. Quando Claudia virou, que eu mirei nela, eu juro a você, eu senti uma sensação muito forte naquele momento e parecia que ela estava me puxando assim, sabe? Sabe quando você tem uma força de atração magnética, sei lá o que? Parecia que ela estava me puxando. E eu cantei e olhei pra ela e fiquei assim, bestificada. Ela é uma pessoa que eu já tinha visto em show, no palco, mas quando você vê ela em uma proximidade maior, a sensação que eu tive, era de que... Meu Deus! Era um anjo. Juro por Deus! Eu pensei “é um anjo” e eu fiquei abestalhada com Claudia. Aí, Carlinhos virou. Aí eu fiquei atordoada. É porque a edição... Eu fiquei muito tempo para decidir, muito tempo. A edição corta muita coisa. Então, eles ficaram naquele bate-bola deles dois fazendo rima... Aquilo ali foi ó... Claudia cantou música; ele cantou música; Daniel falou e Lulu tentou fazer com que eu me decidisse logo e, naquele momento, eu parei, pensei e só me vinha “escolhe Claudinha, escolhe Claudinha, escolhe Claudinha”. E na minha cabeça só tinha isso: “Claudia, Claudia, Claudia, Claudia, Claudia, Claudia”. E, pra mim, foi a melhor decisão que eu tomei durante o programa.
 
CH: Para algumas pessoas aqui fora, foi uma forçação de barra de Claudinha...
 
JM: Ela ter cantado pra mim? Mas Carlinhos cantou também, só que não apareceu. Então, talvez a edição tenha atrapalhado um pouco isso.
 
CH: Carlinhos Brown fez um time bem forte no reality... Você acha que, se tivesse entrado para o time dele, talvez tivesse mais chances de levar o prêmio?
 
JM: Nunca pensei nisso. Talvez agora, eu pare pra pensar.
 
CH: O público demonstrou ter uma empatia muito forte com você. Você já se perguntou o porquê disso?
 
JM: Eu me pergunto até agora o porquê. Torquato [Neto], que é o produtor musical, veio falar comigo e disse: “Você tem uma coisa que eu não posso descrever o que é, mas eu sei que você tem: carisma. Carisma não se descreve, não tem como você dizer o que é, não tem como você dizer como é que faz pra ter”, ele me disse. E eu também não sei dizer o que é que é. E se for, legal, que seja.
 
CH: O que, de mais importante, você aprendeu no programa?
 
JM: Sem dúvida é acreditar no que eu faço. Acreditar que eu estou no caminho certo. Porque, assim, eu fui pro programa com uma coisa em minha cabeça: “Eu estou aqui pra defender a Música Popular Brasileira. Eu vou defender o que eu gosto e sempre gostei de fazer. Eu não vou cantar música em inglês, eu não vou cantar uma coisa que não faz parte de mim e eu não vou fazer uma coisa que eu não goste. Ponto”.
 
CH: O que mudou em sua vida desde o programa?
 
JM: Mudou tudo. Pegou a vida fez assim, fez assim, fez assim e botou aqui de volta no lugar. Mudou minhas perspectivas para o futuro da minha carreira, para o que eu quero, a minha visão de que agora o meu telhado não é mais de vidro e, sim de cristal; que as pessoas me olham com lente de aumento; que as pessoas esperam de mim uma resposta sobre o que eles viram lá atrás. Eu não posso mais brincar de banda, eu não posso mais brincar de Samba D’Ju, não posso mais brincar de carreira. Eu preciso saber o que é meu.
 
CH: Você é a cantora da banda. Mas, agora, mais do que nunca, os holofotes estão todos concentrados em você. Como os demais estão lidando com isso?
 
JM: A gente está se acostumando muito, ainda, com todas essas ideias. Porque assim... Foi uma experiência que me tirou daqui e me colocou aqui e, ao mesmo tempo, eu estou aqui e as pessoas que estavam comigo aqui, eles têm que me ajudar a estar aqui e não me ajudar a me puxar pra baixo. Eu acho que, na vida da gente, a gente tem que viver com pessoas que te dão a mão, que te dão o braço, que não são âncora e eu acho que eu tenho essas pessoas que não são âncora na minha vida, sabe? E a gente conversa muito e a gente divide muito as nossas experiências e eles entendem e sabem que esse é o momento da gente aproveitar. Aproveitar o que o The Voice tem para oferecer, o que o The Voice trouxe pra mim, que é essa imagem de Ju Moraes, da brasilidade, da mulher que canta samba, a mulher que canta samba com MPB, que tem a força, nessa pegada, tem a cara do Brasil. Mas, saber que o The Voice é só um passo. Daqui a seis meses virão outras pessoas e essas pessoas vão ser esquecidas. Eu tenho essa consciência. E outra coisa: eu não quero ser ex-The Voice. Não quero ser ex-participante de reality show. A menina que cantou no The Voice. “Ah, quem é Ju Moraes? Cantou no The Voice”. Acabou. O The Voice serve para me dar essa ascensão, para eu usar dela e esquecer o resto. E daqui a seis meses eu quero ser lembrada com o meu CD, que vai sair do forno, tomara a Deus, daqui a quatro meses.
 

 
CH: Antes de você entrar no programa, a gente só falava Samba D’Ju. Era uma coisa só. Agora, até sua assessoria bota “Ju Moraes e Samba D’Ju”. Isso não gera um desconforto na banda?
 
JM:  A primeira coisa que a gente fez quando chegou em Salvador foi conversar. E eles já sabiam que isso ia acontecer, eles já esperavam. E quando um ganha, se os outros souberem ganhar junto, aí é que dá certo. Eu acho que ninguém vai pra lugar nenhum sozinho. Eu voltei pra Salvador, chamei eles e falei “eu quero todo mundo comigo”. Sabendo que, agora, e Ju Moraes e Samba D’Ju. Pelo menos, por enquanto. Porque, lá fora, daqui que explique quem é Chico e quem é Francisco, né? Eu já perdi um monte de tempo. E eu não posso perder tempo.
 
CH: Na final do programa, estava rolando nas redes sociais um papo de que a final estava um verdadeiro arco-íris e você chegou à reta final. Ellen chegou a assumir que era gay no programa, levou a namorada e tal. Ju, você faz parte desse arco-íris?
 
JM: Gente... Eu acho que todo mundo faz parte de um arco-íris, né? Todos nós, ali, estávamos todos no mesmo barco, vivendo um momento incrível, colorido, maravilhoso. Se fizeram, é... Ellen fez referência, fez questão que fizessem referência da namorada dela desde o início do programa. A Globo só resolveu colocar isso na semifinal e na final. Então, cada um tem a opção de explorar o que quer, da forma que quer viver, do jeito que quer. Ellen é uma pessoa maravilhosa, a namorada dela é uma pessoa maravilhosa. Assim, o que as pessoas escolheram pra fazer da vida, com quem está, como está...Isso fica a cargo delas.
 
CH: Ainda rola um boato de que você e Nanda são namoradas...
 
JM: Quem é Nanda?
 
CH: Da sua banda...
 
JM: Da minha banda? Gente, eu sou amiga de Nanda há 12 anos. Ia ser um namoro longo esse... Nem eu me suporto 12 anos namorando. Não. Nanda é minha irmã, minha amiga há muitos anos. É até um absurdo se pensar uma coisa dessas. A gente até se parece. Dizem que é a convivência. A gente tem uma convivência de muitos anos, de muita proximidade. Mas as pessoas gostam de botar um calorzinho na história. E eu estou na minha, estou em paz, vivo em paz. Não vou levantar bandeira, nem derrubar bandeira de ninguém. Eu acho que cada um vive a sua vida do jeito que quiser e bola pra frente.