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Entrevista

Cangaia de Jegue diz que Seu Maxixe não é concorrência para ela e fala sobre seus hits fazerem sucesso na voz de outros cantores

Por Fernanda Figueiredo

Cangaia de Jegue diz que Seu Maxixe não é concorrência para ela e fala sobre seus hits fazerem sucesso na voz de outros cantores
Não estamos na época do São João, mas a banda Cangaia de Jegue anda tão em evidência, que a Coluna Holofote resolveu saber o motivo de tanto sucesso. Claro que, muito dos frutos que a banda vinda de Jequié está colhendo tem a ver com Michel Teló, o paranaense que regravou o hit "Ai se eu te pego", que o grupo baiano já vinha trabalhando há mais de dois anos. Se isso incomoda Norberto Curvêlo, líder da Cangaia e sua trupe?Essa é uma das questões levantadas por esta coluna e respondida pelo cantor. Além disso, a Holofote quis saber a origem do nome Cangaia de Jegue, como começou a parceria com a banda Estakazero e, principalmente: esclarecer o rumor de que existe uma rivalidade entre Cangaia de Jegue e Estakazero X Seu Maxixe. Quer saber a verdade? Confira agora nesta entrevista!



"São os fãs que não gostam porque Michel Teló diz que a música é dele"

 
CH: De onde vem o nome Cangaia de Jegue?
Norberto Curvêlo:
Saiu da minha cabeça. A gente morava em uma república chamada “República dos Jegues”, lá em Jequié e, na verdade, eu queria só o nome Cangaia. Mas eu estava pesquisando na internet e já tinha uma banda no sul com o nome Cangaia. Então, tinha que ser Cangaia de alguma coisa, então eu botei Cangaia de Jegue.

CH: Cangaia é o quê?
NC:
Cangaia é o nome popular que vem da “cangalha”, que coloca os animais para carregar os balaios, carga, o que for. Só que lá na região, no interior, a gente fala cangaia e não cangalha. É o jeito bem regional mesmo de se falar.

Coluna Holofote: Por que sair de Jequié e vir tentar a vida na capital, já que o forró tem mais espaço nos interiores?
NC:
Porque Salvador é uma vitrine. Lá no interior, a gente olhava muitos artistas daqui. Só que o Cangaia de Jegue chegou a um nível lá no interior, que a gente precisava explorar mais coisas. Coisa de músico mesmo, de artista que quer alcançar vôos mais altos. E aí a gente resolveu vir pra Salvador pra mostrar a cara mesmo da Cangaia. Porque muita gente ouvia falar da Cangaia de Jegue aqui, mas não conhecia a banda mesmo. Aí a gente veio e teve que começar do zero. Tudo que a gente já tinha conquistado aqui, a gente teve que começar do zero, cantar de graça, essas coisas.

CH: Qual foi a maior dificuldade encontrada aqui?
NC:
Tiveram muitas. A gente como uma banda que ninguém conhecia, a gente ia tocar nos barzinhos pra galera conhecer, os empresários. Mas aí, o Estakazero gravou uma música nossa, que foi “De frente pro mar” e isso aí ajudou muito a gente. Até porque, eles fizeram uma parceria com a gente e, no lugar que o público não nos conhecia, eles apresentavam. Então, a galera começou a conhecer e a gente começou a criar um público.

CH: O que a banda Estakazero representa na vida da Cangaia?
NC:
A gente tem uma influência muito forte do Estakazero porque, quando a gente estava no interior, o “Encosta N’eu” tava estourado, então, era uma música que tocava em nosso repertório e era uma banda que a gente ouvia bastante. E era bem parecido, no começo, com o estilo da gente: pé de serra, forró univeristário, o repertório era basicamente o mesmo...

CH: Então, vocês já tinham essa pegada de forró universitário antes mesmo da Estakazero?
NC:
Na verdade, a gente começou em 2002 e eles começaram em 2001. Só que, quando a gente começou, logo no primeiro ano, a gente não ouvia muito falar no Estakazero. Ouvia falar, mas não era aquela banda do momento. Quem estava estourada na época mesmo era a Falamansa. Só quanto estourou a música “Encosta N’eu” que a gente conheceu mesmo o Estakazero. A gente começou a pesquisar as outras músicas.

CH: Como começou essa parceria entre a Cangaia de Jegue e a Estakazero?
NC:
A gente se encontrou em Itiruçu. A gente tocou na mesma festa em 2003 e eu dei o CD da Cangaia para ele (Léo Macedo, cantor da Estakazero). Aí ele ouviu e depois me ligou, disse que tinha gostado de uma música, que foi a “De frente pro mar” e ali começou a nossa amizade, essa parceria.

CH: Na sua opinião, o forró tradicionalmente pé-de-serra está em decadência?
NC:
Não. Eu acho que a Bahia tem um São João muito forte, então, eu acho que tem muitas bandas que continuam na pegada pé-de-serra. E tem muita cidade que pede mesmo o pé-de-serra, é muito forte. Você vai no interior e, se a Cangaia de Jegue não tocar Luiz Gonzaga, não tocar Dominguinhos, não foi um show perfeito. Claro que, no mercado de hoje - você vê aí que o sertanejo está muito forte – a música é muito época. Já teve época que o sertanejo foi muito forte, aí deu uma esfriada e agora voltou. Então, no Brasil é assim: uma hora é um ritmo, outra hora é outro. Então, eu acho que o forró está aí. Não está em evidência como o sertanejo, mas daqui a uns cinco, seis anos, quem sabe?

CH: Seu Maxixe é mais concorrente da Cangaia de Jegue ou da Estakazero?
NC:
Eu não vejo concorrência, não. Primeiro que é sertanejo e a gente é forró, apesar do público ser parecido: a galera jovem e tal, mas em termos de repertório é totalmente diferente. Tem a galera que realmente gosta do sertanejo, a galera mais romântica que gosta de estar ali chorando na frente do palco e, no caso do forró, a galera vai lá pra dançar, pra curtir. Mas eu acho que não é concorrência, não.

CH: De público, não. Mas e entre os empresários? Você acredita que o Seu Maxixe tire o espaço de vocês?
NC:
Eu não sei porque eu não sou empresário.

CH: As músicas da Cangaia de Jegue são compostas por quem?
NC:
A maioria por mim.

CH: Suas músicas têm feito bastante sucesso na voz de outras bandas, né?  
NC:
É. O “Ai se eu te pego” não é composição minha, é de Sharon e Dyggs, mas a Cangaia de Jegue vem trabalhando em cima dela há dois anos e a gente fica feliz. Michel Teló pediu autorização e regravou agora e ganhou mídia nacional. Já vinha crescendo com a Cangaia de Jegue, o Brasil todo já conhecia, mas não tinha expressão de mídia.

CH: Isso te incomoda? Tipo, a gente joga na internet o nome da música “Ai se eu te pego” e só dá Michel Teló...
NC:
Na verdade, são os fãs que não gostam. Tem fã que vê Michel Teló cantando e vem falar com a gente: “ah, a música é de vocês e Michel Teló fica falando que é dele”. A gente que sabe dessa parte burocrática, sabe que ele está, legalmente, certo. Então, ele pode dizer que a música é dele, porque ele está autorizado pelos compositores.

CH: Mas isso ajuda ou prejudica a Cangaia de Jegue?
NC:
Pra gente é bom. Porque assim, por exemplo: a galera do sul não conhecia a Cangaia de Jegue. Aí, um clipe que a gente fez no youtube, por exemplo, a gente colocou e fez 2 milhões e 800 agora, essa semana, e, no caso, ele já passou dos 40 milhões. Mas, assim: a galera que vê o clipe dele, vê o nosso embaixo e acaba clicando e conhecendo a banda através dele, entendeu? E nisso, a galera começa a gostar, comenta que não sabia que era da gente, que gostou da música em forró, que é gostoso de dançar e tal. Porque Michel Teló canta um pouquinho mais rápido e a gente canta um pouquinho mais lento.