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Luis Ganem: Salvador, cidade criativa da UNESCO

Por Luis Ganem

Luis Ganem: Salvador, cidade criativa da UNESCO
Foto: Reprodução
Há mais ou menos um mês, a cidade de Salvador anunciou sua candidatura a se tornar uma das cidades que fazem parte da Rede Cidades Criativas da UNESCO na área da música. Somente para entender, Rede Cidades Criativas é um programa criado pela UNESCO para contemplar a indústria criativa em cidades que tenham aptidão cultural e fomentem essa aptidão nos seus diferentes níveis de renda, capacidade e população, para trabalharem juntas ou individualmente, no desenvolvimento do que eles chamam de: indústrias criativas. No programa, as cidades que já são membros têm, logo de imediato, um incremento nas relações comerciais e culturais entre elas, já aí ampliando o campo da atratividade para investimentos nacionais e estrangeiros, somente por estarem inseridas.
 
E mais: toda a relação das indústrias criativas, seja ela qual for, fortalece o papel da cidade membro como qualificada e qualificadora, fazendo dela um polo de atração e desenvolvimento, sendo mais uma peça no desenvolvimento do turismo e consonante a isso, um fomentador de emprego e renda.
 
Por isso fiquei orgulhoso e aqui devo parabenizar o Prefeito ACM Neto por essa iniciativa, quando tomei partido da notícia da inscrição de Salvador para concorrer a cidade membro. Principalmente por termos também uma vocação mais que natural para com a música, e diga-se de passagem, uma música ao mesmo tempo temperada por todos os ritmos, mas de uma singularidade ímpar, os que nos dá uma credibilidade mais do que legítima para fazer parte desse time.
 
E por falar em time, nesse programa são poucas as cidades que fazem parte. Salvo engano, ao todo são 69 cidades distribuídas em não mais que 32 países, cada uma expressando do seu jeito o que de mais importante possui como “indústria criativa e fomentadora da atividade cultural”. Como, por exemplo: Hamamatsu, no Japão, hoje conhecida como cidade criativa na área da música, por possuir, dentre alguns outros aspectos as fábricas de instrumentos musicais da Yamaha (gigante industrial que atua também no setor de motocicletas), Kawai e Roland, indústrias especializadas em teclados, pianos e sintetizadores. Ou ainda Florianópolis (Brasil) e Shunde (China) na área da Gastronomia, ou então Dunedin (Nova Zelândia) na Literatura. Seja em que área for – ao todo o programa possui sete áreas de desenvolvimento das indústrias criativas – o que aumenta ainda mais a responsabilidade da Capital da Bahia, caso seja escolhida.
 
Mas, não pense você que basta apenas ser uma cidade, que se ache “criativa”, e por conta desse achismo possa concorrer, ou que somente “achar”  baste. O programa tem em seu questionário para a inscrição, uma série de pré-requisitos, que precisam efetivamente ser preenchidos. Dentre eles, decorrem, desde o saber da forma de governo do município e da sua representação legal, passando pela relação com representações culturais estrangeiras, a como se dá a diplomacia no campo da cultura. Tudo é minuciosamente observado.
 
E os parâmetros não ficam somente nisso. Soube que a prefeitura precisou criar uma equipe de gestão da candidatura de setores públicos e privados, de caráter multidisciplinar, para finalizar o texto a ser enviado a UNESCO.
 
Essa equipe precisou estabelecer, setorizar e detalhar todos os campos da indústria criativa musical que estão inseridas em Salvador. Foram citados eventos que a cidade sediou como o Encontro Internacional de Economia criativa (2014), o Perc Pan – Panorama Percussivo Mundial (2010 e 2014) que é um dos mais importantes festivais de música percussiva do mundo. Também as nossas escolas de arte como a OSBA, OSUFBA, Sociedade Musical Oficina de Frevos e Dobrados, NEOJIBA, grupo de percussão da UFBA, Orquestra Popular da Bahia dentre outras. Foi citado a nossa relação com o carnaval. Foram destacados nossos teatros, os projetos municipais como o Boca de Brasa, que trouxe de volta a relação dos bairros periféricos com a música, e que tem revelado talentos da arte urbana com as realizações de oficinas de criação musical. Olha rapaz, é tanta coisa, mas tanta coisa que foi solicitada e colocada a apreciação da UNESCO, que se fosse enumerar um por um, teria que escrever umas quinze páginas.
 
O de mais importante nisso tudo é saber que efetivamente podemos concorrer e que temos conteúdo para isso. É termos a clara visão da nossa capacidade enquanto município, e consolidar a nossa vocação artístico/cultural. Temos mais é que tentar mesmo, temos mais é que apoiar iniciativas como essas.
 
Jorge Amado já dizia que “a solução dos problemas humanos terá que contar com a literatura, a música e pintura, enfim com as artes...”.
E que chegue dezembro com a nossa resposta. Boa sorte Salvador!
 
Luis Ganem