Luis Ganem: Adalgisa mandou dizer - assim falou Dorival!
“Adalgisa mandou dizer, que a Bahia está viva ainda lá, que a Bahia está viva ainda lá, que a Bahia está viva ainda lá”!. Essa música está martelando em minha cabeça, desde que a ouvi em um musical que assisti no Teatro Rubi do Hotel Sheraton (antigo hotel da Bahia) Falando sobre Dorival Caymmi o qual fui ver, e que foi tocada quase no fim do show me deixando arrepiado e emocionado.
Bem, se a letra do velho Caymmi quis me dizer algo, conseguiu. Aquele refrão ficou martelando na minha cabeça e toda vez que passava por um local turístico, ou via algum outdoor de show ou de evento em salvador, lá vinha a música na minha cabeça dizendo: “a Bahia está viva ainda lá”, e isso continuou acontecendo durante dias ao ponto, que comecei a me perguntar, se a Bahia musical do axé, do pagode, dos ritmos que compõem o carnaval e as micaretas, haveria mesmo de estar viva, mesmo com todos os indícios como já disse em um dos meus textos a pouco tempo, de que a vaca já tinha ido para o brejo a muito tempo.
E ai como diz o ditado: quem quer corre atrás, quem não quer fica parado, e lá fui eu atrás da cena baiana ver se realmente estávamos tentando mudar alguma coisa. começei a sair para ver de tudo e de cara, notei que algo estava sendo feito. Primeiro pelo novo axé que estava tentando seu espaço. Digo isso porque independente da minhas saídas, recebi por e-mail uma chamada para assistir ao novo clip da banda Duas Medidas “A farra vai ser louca” (Clique aqui e veja) ao qual fui ver sem esperar nada, pois achava que iria assistir apenas mais um clip comum do axé, e me surpreendi com o clip mais bacana, inusitado e criativo que vi nos últimos tempos, em se falando de axé.
No clip, gravado em Las Vegas os caras fizeram do enredo, uma mistura do figurino de Borat sagdiyev (personagem criado pelo artista inglês Sacha Baron Cohen) com pitadas do filme “se beber não case” que ficou muito interessante pois, como pouco aparecem cantando a música, a mesma fica inserida a maior parte do clip apenas como trilha de fundo, e por se ficar prestando atenção na historia que é contada do fim para o começo ( a partir da prisão de quatros malucos que foram farrear em Vegas) no final, sem perceber, você acaba envolvido pela música de forma natural, o que foi uma sacada de mestre dos meninos da duas medidas.
E segundo pelo ensaio do É o Tchan do Brasil, que tive a oportunidade de ver e que estava lotado. E aqui abro uma ressalva pra deixar claro que sei, que festa lotada não faz a diferença, mais no ensaio do Tchan! a diferença se deu, pelo fato, do mesmo já ter sido feito alguns anos atrás na extinta Bali Beach e nunca ter tido casa cheia e, estou falando aqui no caso da Bali, uma casa que pegava mil e quinhentas pessoas em media acho. E foi isso que chamou a minha atenção, o espanhol pegar quatro vezes mais gente que a outra casa, e estar lotado.
Sei que é muito pouco pra se falar de melhora, mas entendi na letra da música de Caymmi que, não podemos perder as esperanças, e foi essa mensagem que ficou na cabeça por esses dois pequenos detalhes que citei no texto dentre muito mais coisa que vi mas que não tenho espaço para falar em um texto só, e que mostrou pra mim que estamos tentando, por mais que queiram matar nossa música, ou que os gananciosos tentem sugar a laranja até o bagaço, ou que ainda em algum momento, a música medíocre de letras ruins se sobreponha a tudo, por mais que tentem, por mais que em algum momento olhando o “corpo estendido no chão” perguntemos se foi suicídio ou homicídio, por mais que tudo isso, a letra simples da música de Dorival Caymmi foi clara: A Bahia sempre sobrebiverá!
E agora? agora eu sei que sempre teremos "Adalgisa" cantada pelo mestre para nos lembrar que a nossa terra, que o nosso Estado musical ainda está vivo, e vivo sempre estará.
Sábio Caymmi.
Feliz Natal e um ano novo cheio de muitas realizações para todos!
Luis Ganem
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