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A morte da música da Bahia - homicídio ou suicídio?

Por Luis Ganem

A morte da música da Bahia - homicídio ou suicídio?

“Aqui se inicia o começo do fim da musica da Bahia”. Essas palavras não saem da minha mente, como a frase inicial de um texto pra falar do fim de vida da nossa música, desde que comecei a perceber de forma clara o declínio profundo em que se encontra o nosso mercado. Estou cada vez mais levado a crer que a nossa música baiana está chegando ao fim. Primeiro pelos sinais que tenho visto, da nossa ganância, egoísmo e pensamento pequeno que nos impede de abrirmos espaço para o novo, em que a nossa pequena cabeça nos faz ver o sucesso e a vitória do outro como incômodo (farinha pouca meu pirão primeiro), e depois por parte de todos os outros que não gostam da música da Bahia e que tendo como movimentar essa má vontade para conosco, tem tentado nos derrubar de uma forma tal orquestrada, pensada e conduzida, como um lenhador destrói uma floresta sem o mínimo de escrúpulo ou pena.

Não entendeu? Eu explico. Há poucos dias atrás, assistia à televisão aberta - coisa que pouco tenho feito ultimamente, diga-se de passagem - e fui levado à atenção por uma chamada para um programa de nome festival sertanejo. Movido pela curiosidade, mais por isso do que qualquer outra coisa, resolvi gravar o dito programa para assistir e saber do que se tratava essa tal de festival.

E vendo o maravilhoso programa (sic!) foi que pude entender que se tratava de um reality show para escolher pasmem: a próxima voz sertaneja do brasil. Isso mesmo! Um programa de televisão nacional está escolhendo a próxima voz sertaneja do Brasil (sic!), que vai na cabeça deles, acredito, invadir e dominar um País que é todo caipira – devem pensar assim –, como se nenhum outro estilo existisse.

Depois de assistir a mais uma tentativa de manipulação nacional de impor um ritmo como predominante, em detrimento de outros, foi que me questionei: o que estão fazendo, no caso da Bahia os empresários baianos, para combater essa tentativa de lavagem cerebral? E por que isso aconteceu? Existe algum culpado em particular ou foi um erro generalizado de egos inflados? Enfim, a verdade mesmo é que já está acontecendo e ou se faz alguma coisa ou então a vaca vai para o brejo.

Aliás, para ser mais franco, já mataram a vaca e outros bichos há muito tempo na nossa música, nem os “bichos escrotos” resistiram. O que é preciso saber agora é como e quem vai tentar ressuscita-la (a vaca). Até porque Ivete, Pablo, Saulo, Marcio Victor, Harmonia e o Asa (os seis artistas que vejo hoje como puxadores da música da Bahia) não vão conseguir fazer isso sozinhos.

Está na hora dessa guerra interna de egos parar. Se a cantora quis fazer carreira solo, deixa ela ir. Da mesma forma que o cantor quer ser feliz sozinho, boa sorte. É preciso parar com essa historia de perseguição a esse ou aquele artista que resolveu seguir seu rumo. Atitudes como essa contribuem e tem contribuído todos os dias, para que sejamos cada vez mais vistos como abutres na carniça.

Já disse e repito, a vaca morreu! conseguimos tornar nosso grande e rico mercado, em um pequeno negocio restrito a sete dias de “gloria” e mais nada. Quem acha que a nossa música é sucesso nacional e que nossos artistas tocam lá fora como antes, está vivendo de passado. Hoje somos apenas a sombra do que fomos um dia.

É preciso que acordemos e nos unamos em torno da melhora do nosso mercado, seja abrindo espaço para o novo, seja diminuindo o valor do shows, seja voltando a tocar mais para as massas e menos para as elites, seja lá como for, precisamos fazer algo urgente antes que seja tarde, triste hora que fui ver essa chamada na televisão. 

Da minha revolta e indignação vem a pergunta que não quer calar: afinal a morte da música baiana foi suicídio ou homicídio? alguém por favor responda.

Por Luis Ganem - [email protected]