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A Inominável Música baiana - uma marca da Fifa

Por Luis Ganem

A Inominável Música baiana - uma marca da Fifa

 

Vamos a cena: “A câmera vira para Harry Potter, que depois de uma prova dos jogos de jovens bruxos em um labirinto de árvores que se movem, cai de forma estranha em um lugar frio, com muita neblina, parecendo um cemitério abandonado e meio gótico. Quando finalmente Harry (como é chamado o bruxinho) se dá conta, ele está na frente do inominável Voldemort, aquele bruxo master, que de tão temido pelo povo bruxo, nunca tinha seu nome pronunciado, sendo chamado de diversas formas como: “você sabem quem” ou “aquele que nunca deve ser pronunciado” ou mesmo o “inominável”.
 
Corta para a nossa realidade e imagine a situação: uma grande banda de pagode como, por exemplo, o Harmonia, resolve fazer um show em Salvador, desses que estão tendo na copa, junto com um pagodeiro nacional como Thiaguinho, e coloca na propaganda que o "pagode do Harmonia e de Thiaguinho vão fazer a maior festa em Salvador", certo? Negativo! Para tudo e pisa no freio; a partir de então, amigo, por uma sei lá de coisas, que não pode mas foi feito, a Fifa registrou a marca “pagode” e, ninguém ou nenhuma banda do gênero pode associar nenhuma festa ao nome.
 
A coisa então fica mais ou menos assim: a partir de agora o nome “pagode” se tornou o Voldemort dá música baiana. O nome não pode ser usado em qualquer evento associado a futebol, ou algo que o ligue a copa, ou a qualquer publicidade que aconteça por esses dias.
 
Então no exemplo que dei do show da banda de pagode Harmonia do Samba com o cantor Thiaguinho, a publicidade da festa diria apenas que a banda de “você sabe o que” Harmonia do samba, mais o cantor de “a inominável marca” Thiaguinho...e por ai vai. Ou seja, até o mísero trocado que a música pode ou poderia ganhar com a copa está, em tese, sob a batuta da Fifa.
 
Fui procurar saber se outros ritmos como o samba, forró ou pop rock tinham sido registrados como marca exclusiva e... nada. Resolveram fazer do nosso pagode a bola da vez (infeliz trocadilho) e mais nenhum outro ritmo, ao menos na minha pesquisa, sofreu essa intervenção. E mais: em nível de entendimento, o registro só expira no dia 31 de dezembro de 2014, ou seja, mesmo depois de acabada a Copa, os cabras da Fifa podem, se quiserem, criar problema com o nome.
 
Consultando as entidades que trabalham na área de registro de marcas e patentes, soube que independente da chamada "Lei da Copa" o registro é inconstitucional, mesmo que temporário, e qualquer cidadão que se sinta lesado pode ingressar com uma ação contra a Fifa.
 
Agora fico imaginando: um cara desses chegar em uma festa de pagode com a galera do gueto presente em massa na porta, doida para entrar, e dizer que, por ordem da Fifa, a festa não vai poder acontecer, por uso indevido de uma marca exclusiva. Imagine se for em um evento de um artista ou uma banda consagrada no ritmo, como, por exemplo, um show do príncipe do Gueto? Aí, amigo, você vai ver gringo aprender a dizer rapidinho: “vamos se picar maluco que aqui tá barril”.

Sorria, se puder. E se não puder, grite !

Luis Ganem.