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Mais Estrelas: Um plano para salvar a música baiana

Por Luis Ganem

Algumas coisas começam por acaso, mas podem ser verdadeiros recados divinos quando se consegue entender a mensagem. Geralmente, elas estão em sua cara, mas normalmente passam batido. Estou falando do programa Mais Médicos, que passou na minha frente e notei enquanto cidadão, mas acabei não captando a mensagem divina que o programa mostrava.
 
Não! Não vou me inscrever nele, nem falar sobre ele, porque aqui é coluna de música. Nem tenho interesse, porque essa não é a minha área. Mas, pelo formato do projeto, que prevê a importação de médicos estrangeiros para suprir, como bem diz o governo, a falta de profissionais no país, resolvi dar a minha maior contribuição à música e criar o "Mais Estrelas".
 
Isso mesmo, caro leitor, resolvi, depois de muito estudar o formato do Mais Médicos, criar o Mais Estrelas para ajudar a nossa música tão carente de talentos na atualidade. Bons talentos, diga-se de passagem, da nova safra. Mas, antes que alguém pergunte e com certeza você, filho do cascudo que mora nas profundezas da terra e que nada tem a fazer além de criticar, pode estar pronto para reclamar e querer saber como seria esse projeto, como se daria, como faríamos a importação desses profissionais para suprir as necessidades do meio artístico, vamos lá.
 
Assim como no formato original, traríamos pessoas de fora. A diferença  é que não precisaríamos trazer os profissionais de fora do Brasil, e sim da Bahia. O nosso programa importaria as estrelas dos lugares que hoje copiam em muito a Bahia em sua forma de tocar, nos seus ritmos, na suas festas, inclusive até tentando se tornar donos de um estilo que foi criado por nós. Pra quem não sacou, estou falando do interior do Paraná e do estado de Goiás.
 
Já estou até vendo na minha frente o sucesso desse projeto. Lançaremos aqui artistas vindos dessas regiões para suprir os buracos deixados por estrelas de outrora que ou deixaram de ter luz ou se picaram por acharem que aqui "não existe mais gente de caráter", mas que, na verdade, saíram por motivos de "quem souber morre", ou que ainda estão iniciando a carreira solo. Sim! O Chiclete com Banana não precisará mais se preocupar em colocar um novo cantor com a saída de Bell, e o próprio Bell não precisará mais se preocupar em achar novos músicos. Todos ele serão supridos por irmãos vindos desses lugares, que chegarão ao aeroporto com a bandeira da Bahia de um lado e a foto de Dodô e Osmar do outro, dizendo que o que importa é que eles ajudarão a população a ter a segurança de que o carnaval vai estar cheio de estrelas e que eles estão preparados para isso.
 
E a coisa não fica somente por aí. Para que nada dê errado, no projeto estará previsto aulas de baianês para que eles possam se familiarizar com o linguajar local sem cometerem o erro de dizer nos shows textos errados como: "nós é pião", ou então o famoso "tá bão", ou ainda "arre égua" ou "sôr "ou o famigerado "eita pessoar" (aff). No projeto ainda estão previstas a abolição de calças apertadas no saco ou stretch e ainda estarão previstas city tour a pontos frequentados por nossas estrelas locais, como bares que vendem caranguejo, Cira do Acarajé, Boca de Galinha e, para rebater na madrugada, Lá em Mãe (antiga Quatro Rodas) pra comer uma feijoada mulatinha com muita farinha e molho de pimenta.
 
Daí, estarão todos ele prontos e à disposição para, juntos com as estrelas que ficaram ou não fugiram a suprirem nosso povo de alegria.
 
Para que ele não possa caducar, ou vir a ser alvo de protestos horrorosos de artistas que ainda estão no “nível Inferno" (leia aqui), com passeatas em frente à prefeitura ou representações junto ao Conselho do Carnaval (que ninguém sabe até agora o que efetivamente pode arbitrar no carnaval de tanta controvérsia) (leia aqui e aqui), o programa ainda prevê um plano emergencial que, caso seja preciso, será executado de forma rápida para sanar qualquer problema que atrapalhe nossos astros e estrelas importadas da terra dos comedores de tomate que é o... Bom, como não posso contar tudo, se der errado o projeto, eu conto esse plano emergencial. Afinal, aprendi, de tanto assistir a histórias na TV, que quem guarda come frio, mas come. Entendeu, idiota?