Um escravo do sucesso!
A música tem aspectos interessantes que, por vezes, para os simples mortais, nada significam, mas quando vislumbrados por quem acompanha o mercado, deixam claro que mesmo os artistas mais conceituados se preocupam com as escolhas e fazem certas manobras para decidir e até mudar a musica de trabalho para o verão. Eles sempre estão procurando a fórmula perfeita ou a menor possibilidade de falha, o que os torna, a grosso modo, escravos do sucesso.
Fazer um CD hoje em dia, em principio, pode nada significar. Nem sempre a música boa – já disse isso outras vezes - vem dentro das doze escolhidas. Lógico, em um parâmetro de escolha prévia, se supõe que ali está o supra-sumo do que foi escutado e, a partir dessa escolha, tenta-se vender ao mercado uma tendência, torcendo para que os fãs, e ou entusiastas do estilo, do ritmo ou do produto, aceitem o que a eles é mostrado como “novo sucesso”.
E todos seguem essa fórmula? Não sei. Claro, analisando as obras que são colocadas anualmente no mercado, temos mais ou menos a ideia do que vem ou não direcionado. Mas não posso arriscar em dizer que a troca demasiada de música de trabalho no verão significa algo de bom.
Nunca ouvi dizer isso. Até entendo que tenha havido um ou outro caso isolado, como nos casos do Chiclete, ou ainda em um passado remoto com o Tchan do Brasil! Ou ainda com a banda Morrão Fumegante, ou posso citar na atualidade o novo CD de Ivete Sangalo, que já tem uma boa parte das suas músicas na boca do povo.
Só para fazer entender e exemplificar como isso mais ou menos funciona, quando se lança uma música de verão, o que normalmente é feito por incrível que pareça ainda na primavera, se espera que no decorrer do tempo até a chegada da alta estação, através de uma divulgação pesada e do prestigio do artista, ela venha a ser simpatizada pelo público em geral. Normalmente o termômetro de “ligadura” da música de trabalho se dá quando ela começa a ser tocada em shows, e a resposta e o interesse do público se faz.
Citando um caso que ilustra bem a empatia de público para com uma música, posso falar da canção Dandalunda da cantora Margareth Menezes, que, quando lançada, em muito pouco tempo já estava na boca do povo, justamente pelo processo de empatia, o que, diferentemente do que possa ser dito, não fez com que ela trocasse de música no meio do processo, já que tinha uma estourada.
Normalmente quando um artista consegue ter mais de uma música “estourada” na boca do povo e na mídia de verão é porque a carro-chefe fez com que o povo se interessasse em ouvir as outras músicas que (o)(a) artista tem no seu CD, desencadeando, aí sim, o propalado efeito dominó.
Até gostaria, e sei que para o mercado seria muito interessante, que todos os nossos artistas pudessem ter todas as músicas dos seus CDs anuais lançadas, trabalhadas e “estouradas” na alta estação, mas infelizmente, em nosso mercado isso não é possível todo dia.
Diversos fatores fazem com que fenômenos como esse aconteçam. Eu mesmo já vi algumas vezes nesses meus anos de meio artístico isso acontecer. Mas mesmo que não possa dizer que são raros, posso afirmar que não são corriqueiros, nem acontecem sempre.
É cruel dizer, mas, em verdade, acho, e eu disse acho, que a grande luta da vida de um artista de sucesso é fazer o que ele gosta sem se preocupar com, sendo redundante, o SUCESSO!
No pain, no gain!
Luis Ganem
twitter:@luis_ganem