A presidente do Superior Tribunal de Justi&ccedil;a (STJ), Laurita Vaz, negou pedido liminar de Eduardo Cunha (MDB) para que seja transferido para Bras&iacute;lia. O ex-deputado, condenado a 15 anos e 4 meses na Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato, foi preso em outubro de 2016. Entre setembro e novembro, ele chegou a permanecer na capital federal para prestar depoimento no &acirc;mbito da Opera&ccedil;&atilde;o S&eacute;psis, que o investiga por desvios na Caixa Econ&ocirc;mica. Ap&oacute;s diversas negativas da Justi&ccedil;a para ficar em Bras&iacute;lia, Cunha voltou ao Complexo M&eacute;dico Penal de Pinhais no dia 21 de novembro.&nbsp;O habeas corpus rejeitado pela presidente do STJ foi, antes, indeferido pelo Tribunal Regional Federal da 4&ordf; Regi&atilde;o, que declarou o juiz federal S&eacute;rgio Moro como competente para definir aonde o ex-deputado ficar&aacute; em c&aacute;rcere. A defesa recorreu alegando que a compet&ecirc;ncia do magistrado cessou quando foi prolatada sua senten&ccedil;a na Lava Jato. Ele ainda alega que sua fam&iacute;lia reside em Bras&iacute;lia e sua transfer&ecirc;ncia facilitaria sua defesa no &acirc;mbito de investiga&ccedil;&otilde;es sobre desvios na Caixa Econ&ocirc;mica, todas de compet&ecirc;ncia da 10&ordf; Vara Federal do DF. &quot;A tese sobre exaurimento ou n&atilde;o da jurisdi&ccedil;&atilde;o, por conseguinte, deve ser examinada em momento oportuno pelo Colegiado, ap&oacute;s devida instru&ccedil;&atilde;o do writ. Mesmo destino deve ter a alega&ccedil;&atilde;o de que s&atilde;o inid&ocirc;neas as raz&otilde;es empregadas pelo Ju&iacute;zo do Distrito Federal para negar o pedido de transfer&ecirc;ncia definitiva&quot;, anotou Laurita. O m&eacute;rito do habeas impetrado pelos advogados de Eduardo Cunha ainda deve ser julgado pela 5&ordf; Turma do Superior Tribunal de Justi&ccedil;a. O caso est&aacute; sob relatoria do ministro F&eacute;lix Fischer. O ex-presidente da C&acirc;mara voltou &agrave; casa da Lava Jato no dia 21 de novembro de 2017. Sua remo&ccedil;&atilde;o foi endossada pelos ju&iacute;zes Vallisney de Oliveira e Ricardo Leite, de Bras&iacute;lia, e por S&eacute;rgio Moro. A transfer&ecirc;ncia para a capital federal foi autorizada pelo juiz S&eacute;rgio Moro para que Cunha fosse interrogado na a&ccedil;&atilde;o penal da opera&ccedil;&atilde;o S&eacute;psis. O ex-deputado &eacute; r&eacute;u na a&ccedil;&atilde;o penal por desvios na Caixa Econ&ocirc;mica Federal. Desde que chegou a Bras&iacute;lia, em setembro do ano passado, Cunha impetrou diversos recursos para permanecer definitivamente na capital federal. No entanto, os pedidos foram negados tanto pelo juiz federal S&eacute;rgio Moro quanto por Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10&ordf; Vara Federal em Bras&iacute;lia. Inicialmente, o emedebista ficaria por apenas 9 dias em Bras&iacute;lia, mas o magistrado da 10.&ordf; Vara acolheu recurso de sua defesa para que ele permanecesse preso no Distrito Federal at&eacute; que os termos de colabora&ccedil;&atilde;o do doleiro L&uacute;cio Funaro, r&eacute;u ao lado do ex-parlamentar, fossem compartilhados pelo Supremo Tribunal Federal. A demora para a chegada do material &agrave; Justi&ccedil;a Federal de Bras&iacute;lia gerou sucessivos adiamentos da volta de Cunha a Curitiba. Finalmente, no dia 7 de novembro, Cunha prestou depoimento. Ele negou ao ju&iacute;zo irregularidades na Caixa Econ&ocirc;mica, e partiu para o ataque contra seus delatores. O emedebista negou ter recebido dinheiro de Joesley para a suposta compra de seu sil&ecirc;ncio e ainda afirmou que o doleiro L&uacute;cio Funaro &quot;nunca teve acesso&quot; ao presidente Michel Temer. &quot;Esses tr&ecirc;s que ele cita, ele nunca teve. Na minha frente ele nunca cumprimentou o Michel Temer&quot;. Uma semana antes, Cunha ficou frente a frente com seu delator, em depoimento prestado por Funaro &agrave; 10&ordf; Vara. Por videoconfer&ecirc;ncia, tamb&eacute;m assistiu ao depoimento de outro colaborador, o ex-vice-presidente da Caixa F&aacute;bio Cleto. As declara&ccedil;&otilde;es ainda foram acompanhadas por outro ex-presidente da C&acirc;mara peemedebista, Henrique Eduardo Alves (MDB-RN). Em uma dura rejei&ccedil;&atilde;o de pedido da defesa, poucos dias antes da volta do emedebista, o juiz federal S&eacute;rgio Moro chegou a dizer que Cunha n&atilde;o poderia permanecer em Bras&iacute;lia para ficar &quot;distante de seus antigos parceiros criminosos&quot;. &quot;N&atilde;o &eacute; conveniente a transfer&ecirc;ncia definitiva do condenado para Bras&iacute;lia ou para o Rio de Janeiro, considerando o modus operandi da pr&aacute;tica de crimes pelo condenado, com utiliza&ccedil;&atilde;o de sua influ&ecirc;ncia pol&iacute;tica para obten&ccedil;&atilde;o de vantagem indevida mediante corrup&ccedil;&atilde;o&quot;, anotou o magistrado. Eduardo Cunha foi condenado por Moro a 15 anos e quatro meses de pris&atilde;o, por corrup&ccedil;&atilde;o passiva, lavagem de dinheiro e evas&atilde;o de divisas por supostamente ter recebido e mantido em conta na Su&iacute;&ccedil;a uma propina de US$ 1,5 milh&atilde;o em 2011 na compra de campo petrol&iacute;fero em Benin, na &Aacute;frica, pela Petrobras.

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O presidente Michel Temer come&ccedil;a a desenhar a estrat&eacute;gia para seu &uacute;ltimo ano de governo e para as elei&ccedil;&otilde;es de 2018. A ideia &eacute; construir uma ampla frente de centro-direita para enfrentar a batalha pela aprova&ccedil;&atilde;o da reforma da Previd&ecirc;ncia e de outras pautas econ&ocirc;micas e mant&ecirc;-la unida at&eacute; a disputa eleitoral de outubro. Com mais da metade do tempo de TV, esta frente incluiria PMDB, PSDB, DEM, PR, PRB, PP e PSD e seria capaz de fazer a defesa do legado de Temer al&eacute;m de se contrapor e at&eacute; isolar o ex-presidente Luiz In&aacute;cio Lula da Silva, l&iacute;der nas pesquisas. Segundo auxiliares de Temer, caso a estrat&eacute;gia prospere o nome ser&aacute; escolhido no ano que vem. Os preferidos do presidente s&atilde;o o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), o presidente da C&acirc;mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o prefeito de S&atilde;o Paulo, Jo&atilde;o Doria (PSDB). O governador de S&atilde;o Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pode ser o escolhido, mas precisa se reaproximar do PMDB e de Temer. A candidatura do pr&oacute;prio presidente n&atilde;o est&aacute; descartada, apesar dos apenas 3% de aprova&ccedil;&atilde;o nas pesquisas. Ele pr&oacute;prio se coloca como o &quot;&uacute;ltimo da fila&quot;. Quem vier a ser o escolhido ter&aacute; de defender a gest&atilde;o Temer, iniciada em 2016, ap&oacute;s o impeachment de Dilma Rousseff. O Planalto avalia hoje que os &iacute;ndices econ&ocirc;micos estar&atilde;o mais favor&aacute;veis no pr&oacute;ximo ano e que o governo ter&aacute; um capital eleitoral positivo. A tarefa de Temer &eacute; de dif&iacute;cil execu&ccedil;&atilde;o e consiste em, antes de mais nada, aprovar uma pauta econ&ocirc;mica no Congresso que permita acelerar a gera&ccedil;&atilde;o de empregos. Com o vento a favor e a caneta nas m&atilde;os, o presidente espera reduzir a influ&ecirc;ncia da ala do PSDB que defende o desembarque do governo e manter a coes&atilde;o da frente at&eacute; as elei&ccedil;&otilde;es. A estrat&eacute;gia do Planalto se divide em tr&ecirc;s frentes que se complementam. No front pol&iacute;tico, Temer faz quest&atilde;o de deixar a discuss&atilde;o de nomes em aberto. Aliados comparam a a&ccedil;&atilde;o do presidente com a pol&iacute;tica &quot;de raiz&quot; praticada pelo velho PSD de Juscelino Kubitschek, que teve ministros em todos governos entre 1945 e 1965, e citam despistes e salamaleques feitos pelas raposas do PMDB como exemplo da habilidade do presidente e seus homens de confian&ccedil;a. Pelo roteiro tra&ccedil;ado pelo presidente, a escolha do nome seria entre abril e junho do ano que vem. Auxiliares de Temer apostam que, se as estrat&eacute;gias no Congresso e na economia funcionarem, a manuten&ccedil;&atilde;o da alian&ccedil;a ser&aacute; natural. Com os sete principais partidos o candidato do governo teria mais de 6 minutos dos 12,5 minutos de cada bloco do hor&aacute;rio eleitoral. J&aacute; Lula, isolado, teria apenas 1,5 minuto do PT. Temer quer aprovar no Congresso Nacional as emendas constitucionais da reforma da Previd&ecirc;ncia e a simplifica&ccedil;&atilde;o tribut&aacute;ria, al&eacute;m das medidas provis&oacute;rias que criam o novo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), alteram as normas para explora&ccedil;&atilde;o mineral e adiam o aumento de contribui&ccedil;&atilde;o previdenci&aacute;ria do funcionalismo. Al&eacute;m disso, o governo deve agilizar as vota&ccedil;&otilde;es de projetos de lei que agradam a setores importantes do Congresso como os que reduzem a multa sobre o FGTS, permitem a participa&ccedil;&atilde;o de estrangeiros em empresas a&eacute;reas, modernizam as regras para o setor de telecomunica&ccedil;&otilde;es, autorizam a venda de terras para estrangeiros, agilizam os procedimentos de licenciamento ambiental e alteram as ag&ecirc;ncias reguladoras. Na pauta do governo est&atilde;o os leil&otilde;es para explora&ccedil;&atilde;o de petr&oacute;leo e g&aacute;s e distribui&ccedil;&atilde;o de energia el&eacute;trica e o acompanhamento da implementa&ccedil;&atilde;o das novas leis trabalhistas. Em conversas com Temer, empres&aacute;rios garantiram que com estas medidas a cria&ccedil;&atilde;o de empregos vai acelerar em 2018. O dono da Riachuelo, Fl&aacute;vio Rocha, falou na cria&ccedil;&atilde;o de 4 mil postos intermitentes e 8 mil tempor&aacute;rios e representantes da Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira da Ind&uacute;stria T&ecirc;xtil e de Confec&ccedil;&atilde;o (Abit) estimaram 100 mil novas vagas no setor. Os empregos, no entanto, est&atilde;o condicionados &agrave;s pautas no Congresso, especialmente &agrave; reforma da Previd&ecirc;ncia. &quot;Ou a reforma vem ou a crise volta&quot;, disse o economista Marcos Lisboa, do Insper, a Temer na semana passada.

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O humorista e apresentador J&ocirc; Soares manteve durante muito tempo um arquivo em seu computador com o nome de BIO - ali, pretendia escrever a sua autobiografia. &quot;Mas o m&aacute;ximo que consegui foi colar um texto que o Mill&ocirc;r Fernandes fez sobre mim e uma ou outra frase&quot;, conta ele, sem esconder a frustra&ccedil;&atilde;o. A virada de jogo ocorreu quando recebeu a visita de Luiz Schwarcz e Matinas Suzuki Jr., da Companhia das Letras - incentivado pela dupla, J&ocirc; decidiu fazer a viagem pelo seu tempo, mas desde que acompanhado por Matinas. &quot;Eu me expresso melhor oralmente&quot;, justificou.&nbsp;Assim, em mar&ccedil;o, eles come&ccedil;aram a se encontrar no apartamento de J&ocirc;, no bairro de Higien&oacute;polis, e, depois de 104 encontros (alguns chegaram a beirar tr&ecirc;s horas) e uma enormidade de material gravado, nasceu O Livro de J&ocirc; - Uma Biografia Desautorizada, que a Companhia das Letras acaba de lan&ccedil;ar. Trata-se, na verdade, do volume 1. &quot;S&atilde;o tantas as hist&oacute;rias que o livro ficaria com mais de 700 p&aacute;ginas&quot;, conta Matinas, que convenceu J&ocirc; a dividir em dois volumes - o pr&oacute;ximo deve sair no final de 2018. 
 
De fato, mesmo tratando desde o nascimento do apresentador, em 1938, at&eacute; o final da d&eacute;cada de 1960, o livro &eacute; repleto de hist&oacute;rias incr&iacute;veis, muitas esquecidas e resgatadas gra&ccedil;as &agrave; prodigiosa mem&oacute;ria de J&ocirc; e ao afinco de Matinas e sua equipe em pesquisar todos os detalhes. E n&atilde;o foi pouca coisa - perto de completar 80 anos (em 16 de janeiro), Jos&eacute; Eug&ecirc;nio Soares n&atilde;o apenas testemunhou momentos determinantes da cultura brasileira como fez parte de boa parte deles. &quot;Sou a soma do que devo aos meus pais, Mercedes e Orlando, e tamb&eacute;m aos meus amigos&quot;, conta ele. &quot;O livro &eacute; fruto do conjunto desses encontros.&quot;&nbsp;E s&atilde;o tantas as hist&oacute;rias que o rep&oacute;rter brincou com o apresentador, tratando-o como o Forrest Gump brasileiro, refer&ecirc;ncia ao personagem (vivido por Tom Hanks no cinema) que presenciou os fatos mais importantes dos EUA. &quot;Sim&quot;, concordou, para arrematar com um largo sorriso: &quot;Mas um Forrest consciente&quot;. 
 
Filho &uacute;nico de pais de esp&iacute;rito livre, J&ocirc; recebeu uma educa&ccedil;&atilde;o humanista, voltada para as artes. Vivendo no Rio de Janeiro, acompanhou a tr&aacute;gica final da Copa de 1950, no Maracan&atilde;. Passou uma temporada em Nova York e estudou em col&eacute;gio interno su&iacute;&ccedil;o, per&iacute;odo em que acompanhou outro Mundial de futebol, o de 1954, e tamb&eacute;m desenvolveu o pendor para a m&uacute;sica (jazz, em especial), as artes visuais (&eacute; f&atilde;, entre outras, da Pop Art) e a habilidade com o humor. 
 
&quot;Sempre fui um menino atrevido, que n&atilde;o se envergonhava em puxar conversa com celebridades&quot;, lembra ele (leia alguns exemplos abaixo). Em um desses momentos, ele conseguiu conhecer o ateli&ecirc; do pintor americano Roy Lichtenstein (1923-1997), um dos papas da arte moderna. &quot;Adoro sua obra e, uma vez em Nova York, procurei seu nome na lista telef&ocirc;nica, liguei e ele foi muito gentil ao me receber&quot;, relembra J&ocirc;. 
 
Esse primeiro volume resgata, portanto, momentos marcantes da vida e da carreira do apresentador, desde a inf&acirc;ncia vivida no Anexo do Copacabana Palace at&eacute; a chegada na televis&atilde;o, onde conviveu com nomes lend&aacute;rios como Silveira Sampaio e Nilton Travesso, sem se esquecer de locais famosos, como o Nick-Bar, ao lado do Teatro Brasileiro de Com&eacute;dia, ou o Gigetto, em seu primeiro endere&ccedil;o, em frente ao Cultura Art&iacute;stica. &quot;As lembran&ccedil;as mexeram com ele&quot;, conta Matinas. &quot;Muitas vezes, al&eacute;m de chorar, J&ocirc; interrompia a conversa para telefonar para a pessoa da qual fal&aacute;vamos.&quot; 
 
Dois momentos ainda provocam as l&aacute;grimas do apresentador: a lembran&ccedil;a do filho, Rafael, que tinha autismo e morreu em 2014, aos 51 anos, de c&acirc;ncer, e da m&atilde;e, Mercedes, que foi atropelada por um t&aacute;xi, no Rio de Janeiro, em 1968.&nbsp;Atualmente, J&ocirc; vive o per&iacute;odo sab&aacute;tico da Globo, mas n&atilde;o deve voltar &agrave; televis&atilde;o - sua maior preocupa&ccedil;&atilde;o &eacute; o teatro, especialmente a pe&ccedil;a A Noite de 16 de Janeiro, que dever&aacute; montar em 2018. &quot;&Eacute; minha maior preocupa&ccedil;&atilde;o agora.&quot; Assunto para o pr&oacute;ximo volume.

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