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Lutador armênio é o primeiro atleta naturalizado pelo Brasil para Jogos de 2016

Por Demétrio Vecchioli | Estadão Conteúdo

Lutador armênio é o primeiro atleta naturalizado pelo Brasil para Jogos de 2016
Foto: Marcos Paulo Rebelo
O Brasil já tem o primeiro caso de naturalização de atleta visando os Jogos do Rio/2016. Trata-se do armênio Eduard Soghomonyam, atleta da luta greco-romano, que obteve passaporte brasileiro, foi convocado para a seleção nacional da modalidade e deve disputar etapas do Circuito Mundial já nos próximos meses. Ele vive no País desde 2012 e não tem vínculo sanguíneo com brasileiros. Como o processo ainda não foi concluído, entretanto, o armênio ainda não poderia disputar os Jogos Pan-Americanos ou Olímpicos.

Soghomonyam, quinto lugar no Mundial Júnior de 2010, trabalhou como uma espécie de acompanhante da delegação brasileira que participou, em 2011, dos Jogos Pan-Armênios, evento que reúne as comunidades armênias espalhadas pelo mundo. Ficou amigo dos brasileiros e acabou acolhido pela família de um deles em São Paulo.

A Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA) garante que não interferiu a favor de Soghomonyam na obtenção do passaporte, ainda que tenha acolhido o lutador, diversas vezes convocado para treinar com a seleção. Atleta de 25 anos da categoria até 130 quilos, ele chega para disputar uma vaga com o garoto Ramilo Paz, de 20, campeão pan-americano júnior de 2012 e principal revelação da luta brasileira.

Em breve deve sair o passaporte de outro atleta da luta, Marat Garipov, natural do Casaquistão. O lutador de 30 anos chegou ao Brasil em 2010 e, de cara, procurou o presidente da CBLA, Pedro Gama Filho, interessado em se naturalizar e defender o Brasil na Olimpíada de 2016. Garipov chegou a ser bronze no Campeonato Asiático de 2010 no estilo greco-romano, mas treina com a seleção no estilo livre.

Tanto Soghomonyam quanto Garipov são naturais de países de tradição na luta, mas não teriam espaço para disputar os Jogos Olímpicos. A luta masculina no Brasil, entretanto, praticamente só coleciona derrotas em eventos de grande porte, como o Mundial.

Outras duas naturalizações "forçadas" são esperadas no polo aquático. Diferente da CBLA, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) não esconde o interesse que o goleiro sérvio Slobodan Soro, duas vezes medalhista olímpico, e o pivô croata Josip Vrlic defendam o Brasil em 2016. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) já se comprometeu em ajudar a acelerar o processo de obtenção de passaporte para os dois, que vieram ao País acompanhados do carioca Felipe Perrone.

O astro do polo é exemplo de um outro tipo de naturalização, a esportiva. Perrone nasceu no Rio, chegou a jogar pelo Brasil, mas desde 2003 escolheu defender a Espanha, pátria de uma avó. Visando os Jogos de 2016, voltou a optar pela cidadania brasileira.

Só o polo tem mais outros dois casos desses: o italiano Paulo Salemi e o espanhol Adria Delgado, ambos de descendência brasileira. Já o cubano Ives González, no País desde 2010 e professor da rede pública de São Paulo, conseguiu o passaporte por ser casado com uma brasileira.

A esgrima conta com pelo menos quatro casos de "brasileiros de plástico" - numa referência ao termo usado para designar os atletas que se naturalizaram britânicos visando os Jogos de Londres/2012. O destaque é a italiana Nathalie Moellhausen, campeã mundial em 2009 e neta de brasileiros. Também têm dupla cidadania a norte-americana Katherine Miller, o francês Ghislain Perrier (adotado quando criança) e a espanhola Marta Baeza.

No golfe, a única brasileira presente no ranking mundial é Miriam Nagl, que até o início de 2014 defendia a Alemanha. Ela nasceu em Curitiba, numa passagem dos seus pais pelo País, e escolheu no ano passado defender o Brasil.

O rúgbi chegou a lançar uma campanha internacional atrás de atletas com passaporte brasileiro e já trabalha com dois deles no time masculino: o inglês Juliano Fiori e o australiano Dave Harvey. A seleção feminina também tem duas jogadoras "estrangeiras".

Nada se compara, entretanto, com as seleções de hóquei sobre a grama. O baixo número de praticantes da modalidade no País permite que uma enxurrada de atletas estrangeiros, especialmente brasileiros adotados por holandeses quando crianças, sejam convocados. Mesmo assim, a seleção feminina já não tem chance de disputar a Olimpíada e a masculina corre risco: precisa ficar pelo menos em sexto nos Jogos Pan-Americanos de Toronto.