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Renan 'pediu expressamente' para ver se empresa poderia contribuir, diz delator

Por Andreza Matais e Beatriz Bulla | Estadão Conteúdo

Renan 'pediu expressamente' para ver se empresa poderia contribuir, diz delator
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
A proposta de delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho alcança as presidências das duas casas do Congresso Nacional. O deputado Rodrigo Maia e o senador Renan Calheiros, respectivamente, presidente da Câmara e do Senado, são citados no anexo da proposta de delação encaminhada à procuradoria-geral da República. Calheiros seria um dos interlocutores da empresa no Senado e teria recebido para legislar a favor da Odebrecht na aprovação do projeto de resolução 72/2010 e nas Mps 579,613 e 627. As citações estão no anexo de 82 páginas entregue por Cláudio Melo Filho a procuradoria-geral da República no âmbito das tratativas do acordo de delação. O Estado teve acesso a uma cópia do documento. O executivo já assinou o acordo, mas ainda irá prestar os depoimentos que posteriormente serão encaminhados para homologação do ministro Teori Zavascki. Apelidado de Justiça no departo de propina da Odebrecht, Calheiros é dono de um capítulo específico no anexo de Cláudio Filho. O executivo narra ter conhecido o peemedebista em maio de 2005 quando foi solicitar uma reunião com o presidente de Angola em uma audiência. Além de relatar pagamentos diretos ao senador, o executivo conta como os negócios com o senador eram intermediados por Romero Jucá, que centralizada as tratativas entre os alguns senadores do PMDB e a empresa. "Nos temas afetos aos atos legislativos de que relatei anteriormente, no relato referente ao meu relacionamento com o Senador Romero Jucá, o Senador Renan Calheiros me afirmou que os pleitos levados a Romero Jucá estavam, também, alinhados com ele, Renan Calheiros. Interpretei a sua resposta como a confirmação da parceria que já havia identificado entre Renan Calheiros e Romero Jucá", explica o delator. Cláudio Filho explica que, em 2010, houve uma primeira contribuição financeira para Calheiros efetuadas, segundo uma planilha entregue pela empresa, em duas parcelas de R$ 250 mil em agosto e setembro daquele ano. Em outra ocasião, no ano de 2014, conta o executivo, em um reunião entre ele e Calheiros, em um determinado momento, o senador disse que seu filho seira candidato ao governo de Alagoas e "pediu que verificasse se a empresa poderia contribuir". Para o delator, o pedido deu-se em momento de edição da MP 677/15 e "esses pagamentos, caso não fossem realizados, poderiam vir a prejudicar a empresa de alguma forma." Após relatar o receio em não efetuar os pagamentos, o executivo elenca os repasses da Braskem de R$ 320 mil e de R$ 1,2 milhão da Construtora Norberto Odebrecht para a campanha de Renan Filho (PMDB). Segundo eles, os pagamentos estariam atrelados à atuação do senador na aprovação das medidas provisórias. "A Odebrecht sempre ajudou Renan Calheiros, de forma indireta, através de Romero Jucá. Como será relatado em anexos específicos abaixo, participei da realização de pagamentos de campanha ao grupo político do Senador Renan Calheiros que giram em torno de R$ 22 milhões de reais. Em todas essas ocasiões que envolveram a atuação de Romero Jucá em defesa de pleitos da empresa, o Senador Renan Calheiros também atuou no mesmo sentido ", completou o delator. Em nota, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que "a chance de se encontrar irregularidades em suas contas pessoais ou eleitorais é zero". A declaração foi feita em resposta ao vazamento do acordo de delação premiada do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho à força-tarefa da Operação Lava Jato.