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Ex-presidente do Vitória, Paulo Carneiro explica 'caso Edinho Nazareth'; clube rebate

Por Ulisses Gama / Matheus Caldas

Ex-presidente do Vitória, Paulo Carneiro explica 'caso Edinho Nazareth'; clube rebate
Foto: Tiago Dias / Bahia Notícias

O “caso Edinho Nazareth” segue causando polêmica entre Vitória e Paulo Carneiro, ex-presidente do clube baiano (leia mais aqui). O Rubro-Negro conseguiu uma liminar que suspende o pagamento da dívida com o ex-técnico do time, nos anos de 1996 e 2003, que atualmente é comentarista do canal SporTV. Numa conversa com o Bahia Notícias, o mandatário do Vitória à época se explicou e criticou a agremiação pela condução do caso.

Segundo PC, o próprio Edinho o procurou, em 1996, para emprestar uma quantia de U$ 1,1 milhão. Devido às dificuldades financeiras vividas pela instituição na ocasião, o ex-dirigente optou por receber o auxílio do então técnico do Leão àquela altura. “Não tínhamos dinheiro de televisão e estávamos na Série A. [O clube] Se manteve assim por 12 anos, sendo oito sem televisão (...) Um dia esse rapaz me procurou por iniciativa dele, perguntando se eu não estava querendo uma ajuda e eu disse: ‘Eu quero ajuda que venha de todo lado’. Aí ele me ofereceu um dinheiro emprestado para me tira do sufoco e, assim, eu recebi o dinheiro”, contou, em entrevista ao Bahia Notícias.

Em 1999, segundo o ex-presidente, U$ 600 mil do total da dívida já havia sido paga ao ex-treinador. Foi então que o Vitória fez um acordo "formal" com Edinho. Para saldar o débito, foram oferecidos percentuais de direitos econômicos de quatro jogadores: Dudu, Moisés, Marcone e Fernando. Carneiro definiu isso como um erro. “ Em 99 assinamos uma confissão de dívida. Aí foi o primeiro erro do jurídico do Vitória, de então”, admitiu. 

Atual diretor jurídico rubro-negro, Otávio Freire definiu a prática como "irregular". “Ele pegou esse dinheiro por fora. Isso é compactação com sonegação fiscal. E, depois, fez algo que não estava devidamente registrado dentro do Vitória. Aí começa a irregularidade toda”, rebateu.

Ainda segundo Freire, à época, essa confissão de dívida foi feita por conta de um investimento de U$ 6 milhões do Banco Excel, parceiro do clube até então. No entanto, por conta de uma suposta inexistência de documentações que comprovassem o negócio com Edinho, os investidores optaram por não liberar o pagamento. “Nos livros de registro do Vitória não existe essa comprovação que esse dinheiro entrou no caixa do clube (...) Então, o representante do banco se negou a fazer esse pagamento. Por isso ele fez um aditivo para pagar com percentual de jogadores”, contrapôs. 



Foto: Tiago Dias / Bahia Notícias


Em 2008, Edinho ingressou com uma ação na Justiça alegando a dívida do clube. Carneiro questionou o motivo pelo qual o ex-treinador rubro-negro cobra esse dinheiro. Ele também criticou o clube por não ter citado a confissão de dívida na sua defesa. “Aí você pensa: ‘Meu Deus, eu queria ser um homem para entrar no túnel do tempo para saber por que esse cara levou esse tempo todo para entrar com esse processo contra o Vitória’. Por que ele voltou a ser treinador do Vitória em 2003 e nunca reclamou nada? Por que ele voltou a trabalhar no Vitória, depois da minha saída, em 2007 [gerente de futebol], e não falou nada?”, indagou.

Na defesa, o Vitória só teria arguido a prescrição de cinco anos do acontecido. Para Carneiro, isso foi um erro. “Podia também arguir preliminarmente a confissão de dívida, que está nos autos, mas não fez isso”, destacou.

Foi então que, em 2014, PC acusa o Vitória de ter cometido "um erro processual grave". O clube teria vencido, em primeira instância, o caso, com a prerrogativa da prescrição da dívida. No entanto, na segunda instância, a agremiação foi derrotada nos tribunais. Na visão da Justiça, a venda de Fernando, em 2004, não tinha dado tempo para ser prescrita – ele foi o último do pacote de quatro jogadores a ser negociado. “O Vitória perdeu. Quando foi recorrer, errou, pois não fez os embargos de declaração devidos e o processo não foi reconhecido no TJ [Tribunal de Justiça], em Brasília. O juiz lá foi bem claro, porque a decisão não foi fundamentada (...) O Vitória ganhou na primeira, perdeu na segunda e foi incompetente juridicamente pra caminhar para a terceira”, atacou.

As críticas do ex-presidente rubro-negro seguiram em relação ao clube. Na sua visão, faltou bom senso do clube ao não terem o contactado para saber mais sobre os desdobramentos do caso, o que ele considera "negligência" e "incompetência". “Você acredita que, em nenhum momento no Vitória, não teve uma santa pessoa para ligar para o presidente do Vitória a época para dizer: ‘Pô, Paulo, entrou uma ação desse cara aqui. Como vamos resolver? Você tem algumas informações?’”, disparou. 

Por fim, ele voltou a criticar o atual presidente do Vitória, Ivã de Almeida. No mês passado, o clube havia feito um acordo com Edinho, encerrando, portanto, o imbróglio (relembre aqui). Numa nota exposta no site oficial, a assessoria de imprensa notificou o fato. Contudo, Carneiro diz que o texto foi redigido pelo próprio Ivã. “Soube que foi feita pela própria caneta dele. Ele acha que estava fazendo algo grande pelo Vitória. Então ele quis capitalizar isso pra si e fez uma nota me criticando e ao ex-presidente Alexi Portela”, desabafou. “Ele achou que estava tendo um grande triunfo. Você já viu na sua vida uma divida de oito [milhões] fazer um acordo de sete?”, concluiu.

Segundo o diretor jurídico do clube, Carneiro teria deixado essas e outras dívidas à instituição que, somadas a outras gestões, anteriores e subsequentes, chegam a R$ 76 milhões, no acordo firmado com o Profut. “O problema todo é que esse caso tem causado ao Vitória, por conta de PC e [Walter] Seijo, sérios com a Receita Federal para o Vitória. (...) O contingenciamento deixado por essas diretorias todas é de R$ 23 milhões. O que tem no Profut é de R$ 76 milhões. Essa é a herança dessas gestões. Isso é gestão temerária”, criticou.

Em nota, Paulo Carneiro fez uma linha do tempo de todo esse processo (leia aqui).