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Conquista compara vice para o Bahia ao 7 a 1, lamenta acusações de suborno e projeta título

Por Matheus Caldas

Conquista compara vice para o Bahia ao 7 a 1, lamenta acusações de suborno e projeta título
Bahia e Conquista, na final estadual de 2015 | Foto: Max Haack / Ag. Haack / BN
Campeão da Copa Governador do Estado 2016, o Vitória da Conquista pretende levar mais um título em 2017: o Campeonato Baiano. Para o presidente do clube, Ederlane Amorim, conseguir esse troféu inédito servirá para cicatrizar uma ferida aberta em 2015. Na ocasião, a equipe alviverde foi à final do estadual contra o Bahia, chegou a ter a vantagem de perder por dois gols de diferença no jogo decisivo, mas viu o sonho ruir ao ser goleado por 6 a 0 no segundo jogo, na Arena Fonte Nova (relembre aqui) - comparável ao 7 a 1 da Alemanha contra o Brasil na Copa do Mundo de 2014. "É uma jornada para ficar para o esquecimento", decretou o dirigente, que espera um amadurecimento da instituição após a derrota marcante.
 
Para entender o trauma de dois anos atrás, é importante relembrar o que antecedeu aquele dia 3 de maio de 2015. No primeiro confronto da final, no dia 26 de abril, no Lomanto Júnior, o Alviverde conquistense acabou com a vantagem tricolor e, num jogo impecável, fez 3 a 0, o que deixou o Bode com uma mão na taça (leia mais aqui). Fausto, André Beleza e Diego Aragão construíram uma vantagem nunca antes tida por um time do interior frente a um grande da capital.

Passado algum tempo da fatídica derrota, o mandatário do Conquista ainda lamenta a virada sofrida. “A gente amadurece mais na dor, em qualquer situação. A gente entende isso como uma frustração. Você acaba se contagiando com o espirito que havia sido criado na cidade. Fizemos tudo que estava no nosso alcance. Seríamos campeões invictos. Algo inédito na história do futebol baiano”, disse o dirigente conquistense, em entrevista ao Bahia Notícias. “Virou história e ninguém mais mexe. Agora é olhar pra frente e tentar fazer outra final. Bahia de Feira (2011) e Colo Colo (2006) já mostraram isso”, emendou.
 

Diego Aragão se emocionou ao marcar na primeira final, no Lomantão
| Foto: Júnior Patente / Divulgação / Ecpp

 
Segundo Ederlane, aquela goleada trouxe outras frustações e tristezas maiores do que somente a perda do título. Depois da partida, ele ouviu insinuações de que o resultado havia sido arranjado para beneficiar o Bahia. "Eu não saberia nem como vender um jogo [risos]. Não saberia pra quem falar. Hoje o futebol é tão globalizado, que dificilmente essa situação ficaria oculta. O Bahia também não se prestaria isso. Eu não aceitaria vender um título como esse para o Bahia. Tudo levava a crer que seríamos campeões. Eu falo pela instituição. Pelos jogadores que eu conheço, também não acredito que, individualmente, eles tenham recebido algo. A gente sai na rua e ouve algumas piadas. ‘Recebeu quanto para vender o jogo?’. Até a reforma do Lomantão, que é do poder público, algumas pessoas sugeriram que teria se beneficiado com a venda da final. Mas o mais grave disso é acreditarem que os dois clubes teriam feito isso. Ninguém do Bahia teria essa audácia de procurar a gente para receber recursos para vencer um campeonato que eles vencem todo ano. Isso atinge a grandeza e a marca deles. Sofremos até hoje com isso. Isso faz parte de uma cultura podre e primitiva do futebol que não é nossa maneira de fazer futebol. Prezamos muito pela ética e pela instituição. Por dinheiro algum a gente faria isso”, cravou. 

Entretanto, para Ederlane, o Bahia não lhe deu pesadelos somente neste 6 a 0. Para o dirigente, o Tricolor de Aço é sua principal pedra no sapato. “Existem várias cicatrizes no mesmo sentido. A derrota que, por si só, já marca muito, e o sentimento. Eu costumo dizer que tenho três dores muito fortes no futebol. E todas contra o Bahia. Em 2008, ano no qual chegamos como favoritos na última rodada do quadrangular, e perdemos. Aquele gol do Rafael Donato nos acréscimos, que sofremos, apesar de ter sido uma semifinal. A pior delas, claro, foi na final. Podíamos perder por até 2 a 0. A gente fez cinco gols em duas partidas contra eles, e não havíamos tomado nenhum gol. Existe uma dor muito grande por isso. Foi uma tarde atípica. Guardadas às devidas proporções, pareceu Brasil x Alemanha”, relembrou.
 

Kieza, hoje no Vitória, comemora um dos dois gols no segundo jogo
| Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia

Em outra fase da história alviverde, as expectativas são de apagar o vexame e seguir em frente. Após o título da Copa Governador do Estado, no final de 2016, a base foi mantida e a vontade é levar o título estadual, apesar das dificuldades financeiras. "Primeiro objetivo nosso é ser campeão, embora respeitemos a hegemonia da dupla Ba-Vi. Vamos tentar chegar às semifinais, e tentar chegar na Copa do Nordeste, Série D e Copa do Brasil. Tentaremos ficar entre esses cinco e, subsequentemente, levar o título”, projetou.

O dirigente também explicou como ficou a montagem do elenco para o Baianão 2017. “Vai ser como se tivéssemos acabado de jogar com o Jacobina [vice-campeão da Copa Estado], pois o elenco é quase o mesmo. Não contratamos nenhum destaque. Mantivemos a base, embora três jogadores tenham saído. O Halef (Cruzeiro), Magno (Campinense-PB) e o Ronilson (Vitória). Perdemos três titulares, mas recompomos com o Dinda, trouxemos o Dimas de volta e trouxemos o Wander para o lugar do Halef. Procuramos conhecidos, a exceção do Dinda, para que a adaptação fosse a mais rápida possível. Somados a isso tivemos os retornos de Silvio e Edimar”, informou.

Finalizando, Ederlane ainda disse que, apesar da dor, o Bode chega mais forte para uma eventual final em 2017. “Se tivéssemos que enfrentar outra final hoje, acredito que estaremos de outra maneira. Talvez mais imponentes e tranquilos, porque passamos por esse trauma. Mas, pelo menos no meu coração, será uma dor eterna”, concluiu.

No estadual deste ano, a estreia do Conquista será no dia 29 de janeiro. Em casa, o adversário será o Bahia de Feira.
 

Ederlane Amorim, presidente do Bode | Foto: Glauber Guerra / BN