Em crise financeira, Flu de Feira se une a torcedores para reformar CT inacabado
Por Matheus Caldas
CT foi invadido e assaltado em 2013 | Foto: Sidnei Campos / Folha do Estado
O Fluminense de Feira vem de uma temporada com resultados expressivos dentro de campo. Com calendário cheio, o que é raro para equipes do interior do Brasil, o Touro do Sertão chegou a um passo do acesso à Série C, foi quarto colocado no estadual e está nas semifinais da Copa Governador do Estado. Fora de campo, a situação é um pouco mais complicada. Desde o fim do Baianão, os jogadores não podem treinar no CT Nóide Cerqueira, casa do clube há pouco mais de 10 anos, que nunca foi totalmente terminada.
Numa situação de abandono, o elenco foi obrigado a se mudar para Magalhães, distrito vizinho de Feira de Santana, na cidade de São Gonçalo dos Campos. Lá, os treinos acontecem na Chácara Ribeirão. Por conta da logística complicada, os torcedores do clube resolveram fazer uma “vaquinha” para ajudar na reforma do CT próprio do clube. “Nosso campo de treinamento está impraticável, por falta de recursos. Isso foi tudo ideia da torcida”, admitiu o presidente do clube, Gerinaldo Costa, em entrevista ao Bahia Notícias.
Musa do clube é uma das responsáveis pela campanha
Foto: Divulgação / Fluminense de Feira
À frente do projeto, está a musa do Flu de Feira, Hevelynn Franco, líder da comissão de reforma, idealizada pelo diretor de futebol do clube, José Francisco. Durante as partidas da equipe feirense, ela circula pelo Joia da Princesa com uma urna, na qual os torcedores podem depositar um valor para ajudar na reforma do Centro de Treinamento. “Esta comissão se reuniu para discutir e elaborar estratégias, e a ação mais efetiva são urnas que estamos colocando nos jogos do clube, próximas dos torniquetes, onde o torcedor pode contribuir com qualquer valor em dinheiro e ao final dos jogos faço uma transmissão ao vivo pelo Facebook prestando contas de quanto foi arrecadado”, explicou a torcedora, ao site oficial do Flu. Além da urna, a torcida pode doar materiais de construção. “Tem pessoas que preferem fazer isso, aí eu anoto o nome das pessoas e pego outros dados, porque quando as obras forem começar, entraremos em contato com estas pessoas para pegar as doações”, afirmou.
Após a mobilização da torcida, a diretoria fez uma ação na derrota por 2 a 1 para o Jacobina, na primeira partida da semifinal da Copa Governador do Estado. Antes do jogo, jogadores entraram em campo com uma camisa em campanha para a intervenção no Nóide Cerqueira.
Gerinaldo, por sua vez, lamentou o período financeiro pelo qual passa o Touro, e explicou o que precisa ser feito de intervenção no local. “Nós precisamos concluir a estrutura. Ele não é murado. Precisamos fazer 1100 metros de muro em volta do CT. Precisamos construir pelo menos dois gramados, além dos outros dois que temos. Eles estão muito ruins. Isso demanda muito recurso. Eu creio que em torno de 400 a 500 mil reais”, explicou.
O dirigente do clube feirense disse que, apesar dos resultados dentro de campo, ainda é difícil ter um superávit no final da temporada. “O clube não tem tido dinheiro. Continua muito deficitário. Nós não conseguimos ainda chegar numa situação de superávit. Claro que, trabalhando sempre no vermelho, a situação é temerosa. Projetamos a possibilidade de melhorar isso no próximo ano, principalmente com patrocínios (...) Teria melhorado se a gente tivesse conseguido o acesso. Sabemos que, no ano que vem, mesmo com a crise, será um ano melhor, pois em 2016 tivemos problemas. Não jogamos no nosso estádio a maior parte do tempo. E no estadual do ano que vem, jogaremos no Joia, e na própria Série D. Esse ano, financeiramente, foi terrível”, concluiu.
Na competição estadual na qual participa, o Flu de Feira está em desvantagem. Após a derrota por 2 a 1 para os jacobinenses, é preciso reverter a vantagem no José Rocha, casa dos adversários. Para isso, só um triunfo por dois gols de diferença coloca o time na final da Copa Estado. O jogo será realizado neste domingo (6), às 16h.