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Dos babas ao Campo da Graça: uma breve história do futebol na Bahia

Por Matheus Caldas

Dos babas ao Campo da Graça: uma breve história do futebol na Bahia
Campo da Graça no séc. XX Foto: Reprodução / Blog Salvador História Cidade Baixa
O futebol é um dos esportes mais populares do mundo e teve uma disseminação de forma mais intensa no século XX. Neste tempo, o esporte evoluiu junto com a sociedade e se enraizou na cultura mundial e, sobretudo no Brasil, sendo uma das paixões nacionais.
 
Na Bahia, a modalidade teve um início tímido, muito pela restrição da época. Como foi trazido pelos ingleses, a bola rolava apenas para as classes mais altas de Salvador. Com essa limitação, os próprios jornais da época não noticiavam de forma tão forte o jogo. Isso pode ser evidenciado no Diário de Notícias, publicado no dia 5 de janeiro de 1905. A publicação só dedicou uma única nota de rodapé sobre esportes. Na ocasião, o espaço foi destinado ao resultado de uma corrida de jegues. 
 
Entretanto, o futebol era um esporte fácil de ser entendido e, fatalmente, chegou às camadas mais populares. Por essa disseminação, a própria cobertura jornalística passou a ser mais forte. Na década de 20 os jornais já davam espaço de destaque para o futebol, que crescia na capital baiana, muito por conta do interesse maior de toda a população soteropolitana.
 
Este período foi fundamental para o fortalecimento da cultura do futebol em Salvador. Ainda nesta época surgiu a palavra “baba”, famosa na Bahia, que faz referência aos jogos de futebol amador nas ruas da cidade. “Os negros não tinham como ter as bolas oficiais inglesas. Então, eles improvisavam. Pegavam bexigas de boi com crina de cavalo dentro e faziam sua bola. O nome baba vem daí. A bexiga tem uma gosma, uma espécie de baba. Quando vamos 'bater um baba', fazemos uma referência à bola proletária, a bola preta”, disse Paulo Leandro, em entrevista ao Bahia Notícias. Ele é mestre em cultura e sociedade da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e, em sua tese, escreveu a produção “Ba-Vi: da assistência à torcida. A metamorfose nas páginas esportivas”, que conta um pouco da história do futebol no estado.
 
Como ainda estava em fase de crescimento, o foot-ball – como o esporte era chamado – passou por dificuldades para se estabelecer na capital. Primeiramente jogado no Campo da Pólvora, as partidas passaram a ser disputadas no Rio Vermelho. Neste período, o futebol passou por uma crise em Salvador. Com a precariedade dos meios transportes da época, os fãs e jogadores tinham dificuldades para chegar até o local. Foi neste momento que surgiu um “herói”: Anísio Silva, enaltecido pelo jornalista Mário Gama, que fez uma crônica sobre o esporte no Diário Official – Edição Especial (1923).
 
De acordo com Gama, Anísio era um jogador e amante do esporte e foi responsável por ‘não deixar o esporte morrer’ na capital baiana. O jornalista atribuiu a superação da crise ao próprio Anísio e a volta dos jogos ao Campo da Pólvora, que alavancou novamente o interesse dos soteropolitanos pela prática da modalidade. 
 
Na mesma publicação, Mário Gama enalteceu os esforços iniciados por Arthur Moraes, Álvaro, Juvenal Tarquínio, Gleig e May. Na visão dele, esses nomes iniciaram os esforços para fazer o primeiro jogo oficial de Salvador – todos faziam parte da elite soteropolitana da época. Inclusive, esses nomes foram responsáveis pela criação da primeira entidade oficial a cuidar do esporte: Liga dos Desportos Terrestres, em 1904.
 
Com a evolução e popularização do esporte, mais equipes surgiram na capital baiana. Em 1923 a liga já havia 15 clubes inscritos, e eram divididos em duas divisões. Neste estágio, a entidade já havia se juntado à Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Por curiosidade, dessas 15 agremiações, apenas o Vitória se mantém na disputa do estadual. O Botafogo, que figurava na primeira divisão, atualmente disputa séries inferiores da Bahia.