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Lados opostos: folha salarial do Bahia é maior do que a de dez clubes do estado somados

Por Matheus Caldas

Lados opostos: folha salarial do Bahia é maior do que a de dez clubes do estado somados
Foto: Divulgação / EC Bahia
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou um levantamento, na última terça-feira (23), que expõe a situação salarial dos jogadores de futebol no Brasil. O mundo do glamour e dos salários altos que muitas pessoas pensam ser comum no meio futebolístico está fora da realidade para a maioria dos atletas do país.
 
No Brasil, quase 96% dos atletas ganham até R$ 5 mil, dos quais 82,40% faturam até R$ 1 mil reais. Os outros 13,68% tem seus salários entre R$ 1.001,00 e R$ 5 mil. Essa conta não leva em consideração outros fatores como luvas ou direitos de imagem, mas, na Bahia, a situação não é diferente. Fora a dupla BaVi, os outros clubes têm folhas salariais reduzidas, o que demonstra a disparidade entre o ‘primeiro mundo’ do futebol e o resto. Em pesquisa feita pelo Bahia Notícias, os dez clubes do Campeonato Baiano - fora Bahia e Vitória - ganham quase um milhão a menos que o tricolor da capital baiana.
Graças à Copa do Nordeste, Juazeirense e Vitória da Conquista ainda tem uma folha um pouco maior, por conta do calendário regular. “Nós temos uma média de R$ 4,5 mil por atleta”, disse Ederlane Amorim, presidente do Conquista, em entrevista ao Bahia Notícias.
 
O calendário, aliás, é um dos maiores empecilhos para que essa compensação financeira para os clubes “menores” seja maior. Segundo Fernando Baptista, diretor jurídico do Bom Senso FC, esse é um ponto que o movimento, que visa garantir os direitos dos jogadores no país e defende uma gestão mais profissional ao futebol. “Os clubes menores tem um calendário de no máximo três meses e jogam no máximo 20 jogos por ano. De 750 clubes profissionais, só 100 tem calendário o ano inteiro”, disse Baptista.

 

Estádio vazio em partida do Galícia | Foto: Divulgação / Hilton Oliveira / Galícia
 
Fora os dois baianos no Nordestão, a realidade dos outros times é ainda mais complicada. Zagueiro da Juazeirense, Rodrigo desabafou sobre a questão dos jogadores profissionais no estado. “É preciso regulamentar leis que assegurem os direitos dos atletas e criar um teto salarial mais justo. Tem que tirar esse contraste desumano, onde uma pequena fatia abocanha grande parte das riquezas do futebol, enquanto a massa proletária briga desproporcionalmente por migalhas”, afirmou.
 
Enquanto o Bahia tem uma folha orçada em R$ 1,8 milhão, nove clubes do Baianão juntos tem orçamento de R$ 840 mil. Se o Colo Colo entrasse na contagem, o montante não iria chegar nem perto do aporte financeiro do tricolor da capital. Fernando Baptista é cético em relação à situação do esporte no país. “A situação no futebol brasileiro está dramática”, desabafou.
 
Outro problema nesse levantamento da CBF são os atrasos. Ainda segundo o diretor jurídico do Bom Senso, o salário dos jogadores está nas estatísticas, mas o não cumprimento dos pagamentos não está incluso. “Outro ponto é que o salário deles [jogadores] é esse, mas não é certo que eles recebem todo mês e nessa data certa. O Brasil tem um alto índice de inadimplência salarial”, pontuou.
 
O diretor de futebol do Vitória, Anderson Barros, não revelou qual a folha do elenco rubro-negro, mas ressaltou a importância de se ter um futebol transparente. “Acho muito importante divulgar essas informações, até porque o público precisa saber a verdadeira realidade do futebol brasileiro”, disse Barros. “Não divulgamos essas informações por não ter um número exato no momento, então prefiro ter essa responsabilidade de não veicular algo incorreto”, justificou.
 
Pessimista, Fernando Baptista não enxerga um resultado imediato nos anseios de melhoria, mas acredita que a longo prazo isso possa mudar.” Atualmente não vai melhorar. A lei do Profut está aí e traz vários requisitos de profissionalização. A gente espera que com o cenário dessa lei possa melhorar essa situação. Mas é um processo demorado. No Brasil, ainda é difícil melhorar um pouco”, completou.

 

Foto: Divulgação / CBF
 
No outro lado da moeda estão os que realmente ganham salários acima da média. Dos 28.203 atletas de futebol profissionais no país, 499 (1,77%) ganha entre 10.000,01 e R$ 50 mil. Um total de 112 jogadores (0,40%) ganha entre R$ 50.000,01 e R$ 100 mil. Outros 78 atletas (0,28%) recebem entre R$ 100.001,00 e R$ 200 mil e 35 ganham entre R$ 200.000, 01 e R$ 500 mil. Apenas uma atleta ganha acima de R$ 500 mil, no país. No entanto, se entrassem outros fatores como direitos de imagem, esses números se alterariam.