Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/
/
Entrevistas

Entrevista

Brasileiro com história na Bélgica, Richard Danilo fala sobre a seleção 'promessa' da copa

Por Edimário Duplat

Brasileiro com história na Bélgica, Richard Danilo fala sobre a seleção 'promessa' da copa
Foto: Reprodução

Richard Danilo: Just came

Filho do ex-jogador Wamberto, que fez carreira de sucesso no Ajax da Holanda entre 1998 a 2004, o meia-atacante Richard Danilo iniciou sua carreira nas divisões de base do clube holandês e recebeu convite para defender a seleção belga nas categorias inferiores, atuando com os atletas que destacam os Diabos Vermelhos na Copa do Mundo 2014. “Surgiu um grupo de jogadores que não são belgas natos, sendo naturalizados ou na sua maioria filhos de pais de outras origens. Eu acredito que isso foi uma das coisas que ajudou bastante o país. Hoje a Bélgica segue bastante a filosófica da seleção da França” afirma o atleta, que também atuou no futebol ucraniano e fala um pouco do momento em que vive o país no leste europeu “A cidade de Donetsk é pró-rússia e estava ficando perigoso. O clima está tenso no dia a dia, apesar de que para nós brasileiros o problema não era tanto quanto para os colegas ucranianos e suas famílias, já que alguns eram da região pró-ucrânia e moravam do outro lado do país” afirmou. 

BN:  Seu pai atuou pelo Ajax durante seis anos, criando grande parte da sua história no clube holandês. Como aconteceu a escolha de atuar no futebol belga e na seleção do país?

Richard Danilo: Foi quando eu participei das categorias de base, e com 16 a 17 anos o meu pai conseguiu a nacionalidade belga e eu automaticamente peguei também a naturalização. E logo depois disso, uma semana depois, eu recebi o convite para disputar o Mundial sub-17 na Coreia do Sul, mas não deu tempo para tirar o passaporte. Mas, em seguida eles me pediram para escolher entre Brasil e Bélgica e eu escolhi a Bélgica, porque nas categorias de base não existe problema nenhum Se caso quando eu me tornasse profissional escolhesse de novo o Brasil.

BN: E você passou por todas as divisões de base da Bélgica? Quais foram os torneios em que participou nesse período?

Richard Danilo: Eu disputei a qualificação para a Euro sub-19, a qualificatória para o mundial sub-17 e muitos amistosos também pela seleção sub-20 e sub-21.

BN: Desde 2002, a Bélgica implantou uma série de mudanças nas divisões de base para transformar o futebol do país. Participando das categorias da seleção, você pode dizer o que mudou na forma de jogar do belgas? Como hoje eles enxergam o futebol?

Richard Danilo: É verdade, hoje eles tem uma divisão de ouro que praticamente foi formada do nada, e agora vão disputar a Copa do Mundo no Brasil. Surgiu um grupo de jogadores que não são belgas natos, sendo naturalizados ou na sua maioria filhos de pais de outras origens. Eu acredito que isso foi uma das coisas que ajudou bastante o país. Hoje a Bélgica segue bastante a filosófica da seleção da França. Por exemplo, o (Romelu) Lukaku é de origem africana, o Nader Chadli é marroquino, o Hazard de família italiana e tcheca. É uma mistura boa que dá certo. Já como perfil tático, o treinador Marc Wilmots sempre buscou um aprimoramento técnico dos jogadores desde as divisões de base, fazendo com a federação belga investisse bastante nas categorias, chegando a enviar jogadores ainda jovens para o exterior, como foi o caso de Hazard no futebol Francês e outros tantos atletas nos países vizinhos, que tem um nível mais alto. Hoje dá para ver o resultado.


Richard na base do Ajax
Foto: Ajalife.nl

BN: O que o público brasileiro pode esperar dos belgas na Copa do Mundo? Podem ser mesmo uma surpresa na competição?

Richard Danilo: O estilo de jogo deles é bem de “guerrilheiros”, sendo uma equipe que luta bastante do meio para trás e na parte ofensiva valorizam bem o aspecto técnico. Eu creio que eles vão dar bastante trabalho para os seus adversários e acho que eles vão chegar até as quartas de final. Com elenco que eles têm, não acho difícil chegar lá.

BN: Você atuou com algum jogador presente hoje na seleção belga? Acha que o futebol belga já chegou já chegou ao seu limite ou ainda pode crescer mais?

Sim, Sim, tem o Nacer Chadli que está no Tottenham, o Lukaku e o próprio Hazard que joguei junto nas divisões de base, o Witsel que é um amigo meu e o Vermaelen que conheci no Ajax. É uma geração que joguei junto desde as categorias inferiores e tem muito talento, pode evoluir muito mais. Com tantos nomes de destaque, o país acordou e está investindo muito mais. Pode surpreender mais ainda. Um exemplo disso é Januzaj, que hoje está no Manchester United e já foi selecionado para equipe nessa copa. Então cada vez estão surgindo mais e mais talentos.

BN: E fazendo a pergunta contrária agora, como os belgas veem o futebol brasileiro atual?

Na Bélgica eles olham o brasileiro como exemplo e eles sempre se rebaixam quando o assunto é futebol. Para eles, o Brasil vai sempre ser o alto nível e toda vez que eles podem, dão oportunidade para brasileiros que estão por lá, tentando naturalizar ou fazer algo para que o jogador possa se sentir no país dele e depois pensar, no futuro, em uma suposta naturalização.

Richard Danilo: Everything changed after we conceded goal
Danilo em ação no derby de Donetsk
Foto: Reprodução

BN: E acredita que ainda pode existir chance de atuar na equipe principal do país ou tem planos de mudar para outra seleção?

Não, eu sempre me foquei na seleção belga, porque foi uma seleção que abriu as portas pra mim desde quando comecei no esporte, com 16 e 17 anos. Claro que seria um sonho atuar pelo Brasil, mas a seleção belga está em primeiro lugar.

BN: Anos depois de estar no Standard Liege, você foi para o futebol ucraniano. Quais foram as principais diferenças entre as duas escolas de futebol?

O futebol ucraniano é fisicamente mais pegado, agressivo, enquanto o belga é mais corrido, com o da Ucrânia nem tem muita comparação, pois é muito físico, mais pancadaria. Só que a equipe que eu fui (o Metalurg Donetsk) era um clube que estava querendo fazer uma política parecida com o Shakhtar (seu maior rival). Na época só tinha um brasileiro lá, e comigo chegaram mais cinco. Com isso, mudamos o panorama do clube, porque éramos uma equipe mais técnica, e classificamos a equipe nas eliminatórias da Liga Europa nos dois anos que estive lá. O Futebol ucraniano tem crescido bastante.

BN: Recentemente, a crise da Ucrânia repercutiu por todo o país. Donetsk é uma cidade próxima da Rússia. Como essas tensões repercutiram no clube?

É isso mesmo. Essa foi uma das questões que me fez rescindir o meu contrato. A cidade de Donetsk é pró-rússia e estava ficando perigoso. O clima estava tenso no dia a dia, apesar de que para nós brasileiros o problema não era tanto quanto para os colegas ucranianos e suas famílias, já que alguns eram da região pró-ucrânia e moravam do outro lado do país. Fica um clima meio chato no meio de todo mundo, já que existia aquela dúvida do que poderia acontecer.

BN: E em relação ao Brasil, existe interesse em atuar no futebol local?

Tem sim, eu estou conversando com algumas pessoas para ver se retorno ao futebol brasileiro e se aparecer uma proposta boa eu gostaria de mostrar o meu futebol aqui no Brasil. No momento estou livre e a procura de um clube.