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Entrevista

Rafael Bastos: 'É um sonho voltar a vestir a camisa do Bahia'

Por Glauber Guerra

Rafael Bastos: 'É um sonho voltar a vestir a camisa do Bahia'
Foto: Divulgação

Revelado nas divisões de base do Bahia, o meia Rafael Bastos, de 28 anos, atualmente defende o Al Nassr, da Arábia Saudita. Em entrevista ao BN, o atleta lembra da sua passagem pela dupla Ba-Vi, em Portugal e no Cluj, da Romênia, onde disputou a Champions League em duas oportunidades. Bastos ainda revelou acompanhar todos os jogos do Esquadrão de Aço. “O Bahia é o clube mais importante da minha carreira. Sou tricolor e assisto todos os jogos pela internet. É um sonho voltar a vestir a camisa tricolor. Espero que um dia possa realizá-lo, mas não depende só de mim. Tem que haver o interesse do clube em me contratar novamente”, declarou. 

Bahia Notícias: Conte um pouco do início de sua carreira.
Rafael Bastos: Iniciei minha carreira nas divisões de base do Bahia e em pouco tempo subi para o time profissional. E logo em 2006 pegamos a pedreira da Série C, que foi um campeonato muito difícil para todos, já que o clube não merecia estar ali. No ano seguinte, já era titular absoluto da equipe no início da temporada. E por conta dessas boas atuações, fui contratado pelo Cruzeiro e emprestado ao Belenenses e, posteriormente, ao Nacional. Na minha vida, foi tudo muito rápido.
 
BN: O que aconteceu para que você não tivesse um bom desempenho em Portugal (no Belenenses e Nacional)?
Rafael: Não tive uma experiência boa em Portugal. Foi uma fase complicada na minha carreira. É sempre difícil para um jogador ficar sem atuar e isso aconteceu comigo, mas todos esses momentos complicados fazem parte de um aprendizado. Aprendi com cada erro e acerto na minha carreira e tive uma grande evolução por conta disso.
 
BN: No Bahia, você viveu um bom momento em 2007 e ainda é lembrado pela torcida. Pensa em voltar?
Rafael: O Bahia é o clube mais importante da minha carreira. Sou tricolor e assisto todos os jogos pela internet. É um sonho voltar a vestir a camisa tricolor. Espero que um dia possa realizá-lo, mas não depende só de mim. Tem que haver o interesse do clube em me contratar novamente. Tenho o desejo de disputar uma Série A pelo Bahia. Seria algo indescritível ver a torcida pulando na Arena Fonte Nova e vibrando com um gol meu.
 
BN: No Vitória, você também não foi bem. Se arrependeu de ter jogado no Rubro-Negro?
Rafael: Na verdade, no Vitória, não tive grandes recordações, até porque joguei muito pouco. Não estava no melhor momento da carreira e isso me atrapalhou um pouco, mas poderiam ter mais paciência comigo. Estava feliz por ter voltado a Salvador e queria ter mostrado mais. Poderia ter mostrado mais, sem dúvidas. Mas faz parte do passado. Tenho grande respeito pelo clube e por sua torcida, que é muito grande.

BN: Na Romênia, você disputou a Champions League por duas oportunidades. Como foi essa experiência?
Rafael: Experiência fantástica. Nunca tinha vivenciado algo tão extraordinário quanto disputar uma Liga dos Campeões. A organização, a movimentação das torcidas dias antes dos jogos, além da oportunidade de enfrentar grandes craques, como Rooney, foram experiências incomparáveis. Tive a oportunidade de atuar no Old Trafford e vencer o Manchester – por 1 x 0, gol de Luís Alberto, hoje no Vitória –, o que marcou a história da Cluj. Por pouco, infelizmente, não classificamos para a fase seguinte. Fizemos dez pontos e fazer isso, em uma Liga, é muito difícil para qualquer clube, ainda mais para um coadjuvante como o Cluj. Marquei duas vezes e fui elogiado por Alex Ferguson, técnico do Manchester, que até cogitou em me levar para os Diabos Vermelhos. Tudo ficará marcado em minha memória. Espero passar por isso novamente em breve.
 

 
BN : Demorou a se adaptar na Romênia?
Rafael: No começo, sim, mas não foi difícil. Cluj-Napoca é uma cidade grande, cheia de opções para todos os gostos. Minha família estava comigo e isso facilitou bastante. Além disso, joguei o tempo inteiro lá e a torcida gostava muito do meu futebol. Lógico que o frio atrapalhou no início, porque, para mim, não há nada melhor que o calor e a festa do povo brasileiro. Hoje, tenho grande respeito pela Romênia, principalmente pela torcida do Cluj, que me deu muitas alegrias.
 
BN: E como anda adaptação na Arábia Saudita? Conte um pouco sobre o Al Nassr.
Rafael: A adaptação tem sido tranquila. Claro que tem diferenças grandes em relação à Europa, onde passei os últimos anos da minha carreira. Jogo em um grande clube, que já disputou, inclusive, um Mundial, em 2000. O Al Nassr também tem uma torcida impressionante, que comparece em todos os jogos e nos apoia sempre. O clube está há alguns anos sem ganhar um título e batemos na trave neste ano. Tinha acabado de chegar e levamos a equipe para a final da Copa do Príncipe. Perdemos nos pênaltis. No treinamento do dia seguinte à derrota, tinha mais de cinco mil pessoas apoiando e gritando nossos nomes. Emocionou o grupo todo esse gesto bonito.
 
BN E o idioma? Arrisca algo na língua local?
Rafael: Felizmente, tenho facilidade para aprender línguas. Falo romeno e gosto de aprender sempre. Claro que aqui vou ter dificuldades no início, mas faz parte do processo de adaptação. Ainda não falo [árabe], mas me arrisco no básico, e muita gente aqui também fala inglês, o que facilita. Tenho tradutor comigo o tempo inteiro também e vou aprendendo com ele.
 
BN: E os costumes? Muito diferentes do Brasil?
Rafael: É impressionante como aqui na Arábia Saudita os costumes são muito diferentes dos nossos. É uma adaptação difícil, mas estou me virando bem. Se eu quiser, escrevo um livro sobre minha vida no futebol nesses últimos anos longe do Brasil. Tenho muita história para contar. O povo aqui, fora do futebol, é muito contido, mas bastante feliz. Os estádios, geralmente, têm festas bonitas durante os jogos. Nossa torcida mesmo faz a diferença. Aqui o povo é tão apaixonado quanto o brasileiro no futebol. Eles gostam muito do Brasil.
 
BN: Como você lida com a saudade e a distância, já que está fora do Brasil há cinco anos?
Rafael: É difícil, sem nenhuma dúvida, mas tento compensar isso conversando com amigos e familiares todos os dias. Claro que sempre sentimos falta de muita coisa, mas é algo que sabemos que existe. Escolhemos uma profissão que isso é algo rotineiro, mudar de país, estado, cidade a qualquer momento. Mas procuro sempre focar em trabalho. Gosto de treinar sempre e isso ocupa a minha cabeça.
 
BN: Como encarou essa recepção festiva pelos dirigentes do seu novo clube? Esperava por isso?
Rafael: Foi algo fantástico. Nunca imaginei uma recepção como essa. Mais de dois mil torcedores me esperando no aeroporto e me chamando de 'Mago'. Isso é um reconhecimento pelo que fiz no Cluj nos últimos anos. Conquistei títulos e deixei meu nome na história do clube romeno, mas nunca esperava uma recepção como aquela no aeroporto. A torcida tem muito carinho por mim e me tem como um ídolo. Isso me deixa confiante para desempenhar um ótimo futebol dentro de campo. Estou à vontade aqui e fazer o que mais sei fazer: gols.
 
 
BN: Com ótimas atuações na Arábia, já surgiram propostas para deixar o clube?
Rafael: Sim. Alguns empresários e clubes estão me ligando e fazendo consultas. Mas tenho contrato aqui. Lógico que uma proposta de um clube grande poderia mudar isso, mas não tenho pressa. Quero decidir tudo com tranquilidade, pois não tenho mais tempo para erros. Quero sempre escolher a melhor opção para minha família, principalmente.
 
BN: Neste ano, a Arena Fonte Nova será inaugurada. Vocês teve grandes momentos na antiga Fonte, como no BaxVi que terminou em 6 x 5 para o Vitória. Acha que esse foi um dos melhores jogos da sua carreira?
Rafael: Claro que sim. Aquele BaxVi foi inacreditável em todos os aspectos. A torcida, o placar, o clima tenso dentro de campo. Nunca vou esquecer daquele dia. Acredito que tenha sido um dos maiores clássicos de todos os tempos no Brasil. Marquei, naquele jogo, o gol de empate em 5 a 5, e dei a flechada para a Bamor, provocando Índio. A torcida quase caiu em cima de mim de tanta felicidade. Mas aí Índio acerta aquele chute que nunca mais vai acertar (risos).
 
BN: Mande um recado para o torcedor baiano.
Rafael: Quero mandar um abraço especial ao torcedor baiano, neste importante momento do futebol no estado, com os dois principais clubes na primeira divisão do Brasileirão. Isso é algo que me deixa orgulhoso. Amo essa terra e espero voltar a jogar nela em breve. Um grande abraço a todos que acompanham minha carreira e torcem por mim.