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Entrevistas

Entrevista

Leandro Domingues

Por Cláudia Callado

Leandro Domingues
Leandro Domingues em ação pelo Kashuiwa Reysol | Foto: Lancenet

Como é a vida no Japão? Como é sua rotina diária? Depois do treino, o que você costuma fazer?
Leandro Domingues: A vida aqui é muito tranquila. Kashiwa é uma bela cidade. Minha rotina é muito diferente da que tinha no Brasil. O fato de termos jogos somente aos finais de semana na maioria do ano, permite que eu fique mais próximo da família. Aqui eu consigo acompanhar o crescimento do meu filho Leandrinho, que hoje já está com 5 anos. O levo para a escola, para a natação, para a escolinha de futebol. Tenho mais tempo de ficar com minha esposa Taciana, conhecer lugares legais de Kashiwa e até mesmo outras cidades vizinhas. Meu filho já fala até um pouco de japonês com os amiguinhos de colégio.
 
 
Você nasceu e cresceu aonde? Como foi a sua infância?
LD: Nasci em Vitória da Conquista. Tive uma infância muito boa. Fiquei lá até os 12 anos quando participei de uma peneira do Vitória e passei com mais 16 meninos. Aí tive que me mudar para Salvador. Minha mãe e minha tia foram comigo. Mas até lá aproveitei muito. Sempre fui de brincar na rua e jogava futebol todo dia. Meu tio Piolho (ex-jogador de Bahia e Vasco) tem uma escolinha até hoje lá. Na minha época treinava na escolinha dele umas duas, três vezes por semana e nos finais de semana sempre tinha um joguinho contra algum time de cidade vizinha. Acompanhava muito meu pai também que era jogador do time amador de Conquista e participava dos campeonatos locais.
 
 
Como você classificaria este momento da sua carreira?
LD: Com certeza o melhor de todos. Sou uma pessoa mais feliz e um profissional realizado. Aprendo cada dia mais com o povo japonês em todos os sentidos. Não é a toa que venho conseguindo manter um futebol em alto nível desde o ano passado, quando cheguei no Kashiwa Reysol. Encontrei aqui muito profissionalismo e uma alegria enorme de jogar. Vivi bons momentos no Brasil com a camisa do Vitória e do Cruzeiro, mas não se compara. Além de estar bem em campo, fora dele as coisas estão ótimas. Tenho curtido minha família como nunca tinha conseguido antes. Isso influencia diretamente dentro de campo. Tanto que o clube fez questão de renovar meu contrato por mais três anos, investindo um dinheiro que não costuma fazer por ser um clube de médio a pequeno porte aqui no Japão. Fiquei muito feliz com isso.
 
 
Depois dos terremotos que abalaram o Japão, você recebeu uma proposta do Bahia. O que faltou para o acordo ser concretizado? Vestiria a camisa do Bahia sem problemas?
LD: Não recebi proposta do Bahia. Pelo menos nunca soube disso. Isso foi mais especulação da imprensa. O que existiu foi um interesse de um grupo de empresários em comprar os meus direitos econômicos e me levar para um grande clube do Brasil. Mas o clube que iria nunca foi divulgado e nem dito para mim. Em relação a vestir a camisa do Bahia, não vejo problemas. É um grande clube e seria um desafio me tornar ídolo de Vitória e Bahia como fizeram Edílson, Uéslei entre outros. Mas, como acabei de renovar por mais três anos aqui no Kashiwa, vai demorar para eu retornar ao Brasil.
 
 
Você foi revelado pelo Vitória e teve três passagens pelo rubro-negro. Qual é seu sentimento em relação ao clube? Gostaria de vestir novamente a camisa do Vitória?
LD: Tenho um carinho e uma gratidão muito grande pelo Vitória. Cheguei ao clube com 12 anos e passei metade da minha vida lá dentro. Conheço todos por lá, desde o pessoal da base até o profissional. É claro que vestiria novamente a camisa do clube. Seria um prazer.  

Qual foi o momento mais marcante na sua história com o Vitória?
LD: Tive grandes momentos pelo Vitória, mas acredito que o ano de 2006 foi o mais marcante. No ano anterior o clube caiu para a Série C do Campeonato Brasileiro. Eu participei de poucos jogos, mas já tinha recebido proposta do Cruzeiro e outros clubes de Série A. Mas o Vitória não me liberou e eu fiquei para jogar a Série C. Graças a Deus fiz um grande campeonato, ajudei o Vitória a conseguir o acesso a Série B e, no final do ano, com a sensação do dever cumprido, acertei minha ida para o Cruzeiro. Além disso, em 2006 também teve o nascimento do meu filho, o que só me deu mais forças dentro de campo.
 
 
Pensa em retornar ao Brasil? Já houve proposta de algum time?
LD: Acabei de renovar por mais três anos com o Kashiwa Reysol. Quero conquistar títulos e fazer história no clube. Até pensava em retornar ao Brasil antes de acontecer essa renovação, mas, agora, voltar não faz mais parte dos meus planos.
 
 
Qual foi a sua maior alegria e a sua maior decepção no futebol?
LD: Minha maior alegria foi o título da 2ª divisão japonesa ano passado. O Kashiwa é considerado um clube de pequeno a médio porte no Japão. Essa conquista significou muito para o eles. E particularmente eu tive um grande desempenho. Terminei o ano como artilheiro do time com 17 gols e eleito o melhor jogador da J-League 2 pela Confederação Japonesa de Futebol. Já a maior decepção foi a queda do Vitória para a Série C em 2005. Mesmo não jogando tantas vezes, fazia parte do grupo. Tinha 22 anos na época e senti muito.
 
 
Com as constantes contusões de Ganso, a Seleção Brasileira acaba ficando sem aquele meia armador, o camisa “10”. Você sempre atuou nessa posição. Acredita que deveria ter uma chance na Seleção? Você pensa nessa possibilidade?
LD: Na realidade, não penso nisso. Não por falta de vontade ou por não acreditar no meu futebol. Pelo contrário. Seria um sonho vestir a camisa da Seleção Brasileira e defender o meu país. O problema é que não acredito que o Japão seja um país observado. Por mais que eu viva uma grande fase, não crio essa expectativa. É o mesmo problema que enfrenta o futebol do Nordeste. Raramente um jogador de algum clube nordestino é convocado. Em 2009, por exemplo, quando era destaque do Vitória, ninguém nunca cogitou isso. É uma pena, mas é a realidade, infelizmente. Tomara Deus que isso mude um dia. Aqui no Japão tem jogadores brasileiros que estão em jogando
em alto nível.
 
 
No último sábado, na vitória do seu time, Kashiwa Reysol, você passou por um susto, ao sofrer uma luxação no ombro esquerdo. Você ficou 15 minutos com o ombro fora do lugar até que os médicos resolvessem o problema. Qual é a gravidade da lesão? Como está sua recuperação?
LD: Graças a Deus a recuperação está excelente. Não precisou fazer cirurgia. Faço fisioterapia diariamente e a melhora é cada vez maior. Hoje já consigo levantar peso, mexer o braço esquerdo normalmente e faço exercícios de condicionamento físico para não ficar tão atrás do grupo. Não sinto mais dor. A expectativa é que volte ao time na partida do dia 25. O único problema de retornar nesse dia é que terei que perder a primeira partida “oficial” do Leandrinho na escolinha de futebol. Ele jogará um torneio com outras escolinhas na hora do jogo contra o Omiya Ardija. Se os médicos não me liberarem, terei um prêmio de consolação pelo menos que será acompanhar meu filho.
 
 
Por onde anda seu irmão, Cleyton Domingues? O que você achou do fato de ele ter sido dispensado logo após dar um título ao Vitória?
LD: Meu irmão está no Ituano, de São Paulo, e vai muito bem. Cleyton não foi dispensado do Vitória. O Vitória só mostrou interesse em renovar o contrato de Cleyton depois do título da Copa do Nordeste, onde ele foi muito bem, mas ele já tinha conversado com o Ituano e cumpriu com sua palavra. O Ituano está disputando a Copa Paulista e vai muito bem. Eu acompanho todos os jogos ouvindo as rádios paulistas pela internet. O time é líder do grupo dele e Cleyton é titular.