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Boletim 4x4: Promotor aceita diálogo com jipeiros

Por Alexandre Reis


Praia de Massarandupió: associação denuncia abusos principalmente de quadriciclos

Essa semana, às vésperas de grandes eventos e expedições agendadas para o Litoral Norte da Bahia, um assunto mobilizou todos os grupos off road de Salvador: a decisão do promotor Otto Almeida, da Promotoria de Justiça Regional Especializada em Meio Ambiente de Mata de São João, de cobrar rigor na fiscalização sobre o tráfego de veículos automotores em áreas não permitidas pela legislação ambiental. Diante de tantas informações, muitas delas desencontradas, o Boletim 4x4 entrou em campo para esclarecer a questão, inclusive ouvindo o próprio promotor e trazendo documentos importantes para tirar as dúvidas dos jipeiros de verdade, ou seja, aqueles que são de fato são adeptos da sustentabilidade e do bom senso. 
 
Tudo começou no início deste ano, quando Otto Almeida abriu um inquérito para apurar uma série de denúncias envolvendo abusos cometidos por proprietários de veículos 4x4 principalmente em locais como Massarandupió, na orla de Entre Rios, e Siribinha, no Conde. Logo, o foco da investigação passou a ser a ausência de fiscalização por parte dos órgãos competentes, leia-se o Ibama (federal), o Inema (estadual) e as prefeituras que ficam dentro da jurisdição do promotor (Mata de São João, Entre Rios, Conde, Esplanada e Jandaíra).
 
Entre as provas apontadas no inquérito estão matérias de jornais e relatos sobre abusos, inclusive de órgãos como o Tamar (que cuida da proteção das tartarugas marinhas). Do Tamar, partiu a denúncia sobre o uso inadequado de quadriciclos. “Alguns quadriciclos saem do condomínio Reserva de Imbassaí, costumam entrar na praia indo até a Praia do Forte ou de Santo Antônio. Perto do Rio Sauípe, limite do município (Mata de São João) com Entre Rios, os veículos do Condomínio Casas de Sauípe e Condomínio Quintas de Sauípe começaram a usar a praia como área de lazer, aumentando o fluxo de veículos automotores nesta importante área de desova”, acusou. 
 
A partir do inquérito, e com base nas inúmeras leis que tipificam a diversidade de crimes ambientais em todos os âmbitos federativos, o promotor elaborou uma recomendação que foi entregue tanto aos órgãos de fiscalização quanto as cinco prefeituras, durante reunião realizada na última terça-feira (27), na sede da Associação de Moradores de Massarandupió (clique aqui para ler o documento). A recomendação relata várias outras denúncias sobre fatos aos quais, para o promotor, a fiscalização deve ser mais rigorosa. Uma das áreas consideradas mais críticas é justamente a praia entre Massarandupió e Subaúma, onde a quantidade de reclamações aumentou após um evento que reuniu mais de 50 carros organizado em abril pela antiga Conticar, atual Trilha, autorizada Troller em Salvador. 
 
Além disso, o Ministério Público ouviu queixas da Associação de Moradores e Amigos de Massarandupió e da Associação Massarandupiana de Naturalismo, narrando a “continuada degradação das dunas e do leito do rio por veículos 4x4”, principalmente quadriciclos. Em Massarandupió , aliás, as associações estão atentas para a entrada de veículos 4x4, tanto na área das dunas quanto na praia, com um nível de mobilização bem maior do que em outros pontos do Litoral Norte. Tanto que a reunião entre o promotor, representantes dos cinco municípios e dos órgãos ambientais de fiscalização, realizada na última terça-feira, aconteceu lá.


Recomendação para Conde, Baixios e Mangue Seco

O promotor Otto Almeida também fez considerações para a intensificação da fiscalização no Conde, Baixios (Esplanada) e Mangue Seco (Jandaíra). Sobre o primeiro, ele apontou que o tráfego irregular de veículos na praia acontece nos finais de semana entre os povoados de Sítio do Conde e Siribinha, e com menor frequência em Barra do Itariri. Na reunião da última terça-feira em Massarandupió, que também contou com a presença da comunidade local, de entidades ligadas ao meio ambiente e de jipeiros, Otto Almeida fez referência ao Jipe Cross Conde, evento que acontece neste feriadão, organizado pelo Free Road, e cobrou a fiscalização por parte da prefeitura local. 
 
Em função disso, a organização do Jipe Cross avisou a todos os inscritos que está proibido o acesso de carros até as barracas na Siribinha pelo caminho usual. O acesso às barracas para as viaturas adesivadas se dará através de uma fazenda, onde os veículos ficarão estacionados. “O não cumprimento dessa orientação poderá acarretar em multa ao infrator”, alertou a organização do evento. Vale lembrar que, além do Free Road, outros grupos também agendaram passeios para a Siribinha neste feriadão, como o TR4-Bahia e o Clube do Tracker. Outros já alteraram a programação, como o Expedição 4x4, que trocou o domingo no Conde pela Praia das Dunas, no Litoral Sul de Sergipe. 
 
Em Baixios, o promotor relatou queixas sobre o tráfego de veículos na areia da praia entre a sede da comunidade e o Mamucabo. Em Mangue Seco, ele propôs uma ação mais enérgica: o fechamento do acesso à praia pelo povoado de Coqueiro. “Neste trecho, até mesmo veículos não tracionados conseguem acessar a praia na maré baixa por um local conhecido como ‘Os três coqueiros’, onde recomendamos o seu fechamento para coibir essa prática”. O acesso à Mangue Seco pela trilha é permitido. 
 
Otto Almeida explica decisão e ouve proposta


Trafegar em áreas de restiga ou dunas com vegetação fixadora também não é permitido

As recomendações do promotor Otto Almeida foram entregues aos representantes dos municípios de Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaíra na tão falada reunião da última terça-feira, dia 27. Em tom firme, ele cobrou dos municípios que exerçam a fiscalização contra o tráfego irregular de veículos em áreas de preservação ambiental, sob pena de pagarem um preço alto por omissão. As prefeituras, por sua vez, alegam não ter condições de fiscalizar por falta de pessoal e estrutura. “Todos os entes federados têm responsabilidade constitucional e legal na atividade administrativa de fiscalização ambiental. Da mesma forma como esses municípios admitem que podem conceder licenças ambientais, eles se colocam como aptos para fiscalizar também”, disse o promotor ao Boletim 4x4. 
 
Na reunião, o promotor afirmou que os municípios podem até responder criminalmente se continuarem omissos (clique aqui para ler a ata na íntegra). “Mas isso vai depender do caso concreto. Se de fato ficar comprovado que o município não teve condição de atuar sobre alguma denúncia, vamos compreender”. Ele explicou que várias normas e leis vedam o trânsito de veículos automotores em áreas protegidas, a exemplo da faixa de praia e margens de rios e lagoas protegidas, e as penalidades variam de acordo com o município. “Geralmente, a penalidade é apreensão do veículo e multa, mas isso tudo varia de acordo com a situação e as legislações de cada município”. 
 
O promotor afirmou que, no caso das dunas, em todas que existirem vegetação fixadora também não é permitido o tráfego de veículos. “Cabe aos municípios dizer e deixar claro em que área de duna não é permitida a passagem de veículos, com seus órgãos técnicos capacitados. Mas claro que o Ministério Público também pode dizer se for analisar um caso concreto”. 
 
Sugestão - Durante a reunião, o promotor Otto Almeida disse que aceita dialogar sobre propostas apresentadas pelos jipeiros. “Lá, apresentamos a ideia de fazer uma grande trilha paralela à faixa litorânea que seria licenciada pelas prefeituras com o aval da promotoria. Essa trilha poderia ser de Mata de São João até Mangue Seco. Claro que essa ideia, que vai demandar algum custo com mapeamento, demarcação, diálogo com fazendeiros, ainda precisa ser amadurecida e devemos debater ela com todos os grupos de off road. Todos aceitaram o debate, inclusive o promotor”, contou Edilson Pereira, do Alagoinhas Jeep Clube, que participou da reunião.

RESGATE

Naufrágio nas dunas do Ceará
 

 
O inexperiente dono de uma TR4 preta de Fortaleza, no Ceará, errou de duna e acabou caindo no Rio Pacoti, perdendo totalmente o veículo. Imagens e vídeos do episódio, que aconteceu há dez dias, circularam nos grupos de WhatsApp e redes sociais, além de ter tido cobertura da mídia local. O Boletim 4x4 decidiu contar com mais detalhes como foi a operação de resgate da viatura e mostrar, no vídeo acima, a operação que resultou na quebra de dois guinchos e inúmeras cintas, além de uma reportagem de uma emissora de TV sobre o triste fato.  
 
O acidente aconteceu na localidade de Porto das Dunas, a cerca de dez quilômetros de Fortaleza. A área é bastante visitado pelos jipeiros. Já durante a noite, o motorista da TR4 pensou que estava entrando na Duna do Cata-Vento, que fica próxima à rodovia, mas quando percebeu que não era o lugar certo já havia descido em direção ao rio, sem possibilidade de retorno. Trata-se de uma duna que tem o dobro da altura da Cata-Vento. Foi a primeira vez, segundo os jipeiros do Ceará, que um carro desceu por esse caminho vertical até o Rio Pacoti.
 
“Ninguém do off road aqui de Fortaleza conhecia o cara. A informação que tivemos é que ele tinha acabado de comprar o carro. E foi sozinho, à noite, para a trilha. Como não conseguiu sair, acabou ficando a noite inteira lá em baixo. A maré foi subindo, e consequentemente o rio também. O carro ficou totalmente submerso e quase foi levado pela maré”, contou Giovanne Mourano, presidente do Desorganização Off Road, grupo de Fortaleza. Giovanne foi o primeiro a chegar ao local do acidente após um conhecido de Natal (RN) que passava por cima da duna entrar em contato via telefone. “Primeira coisa que a gente fez ao chegar foi pedir ao dono da TR4 que deixasse a duna, que é uma Área de Proteção Ambiental (APA). Ele podia, além de perder o carro, tomar uma multa pesada”.
 
Giovanne, que foi com seu Troller 3.0 para o resgate ao lado de um amigo, contou que a primeira atitude foi tentar ancorar a TR4, a essa altura totalmente submersa, para evitar que ela se perdesse no meio do rio e fosse levada para o mar. “Nesse momento, começaram a chegar outros jipes para o resgate. Para ancorar, usamos 15 cintas de dez metros mais o guincho de 50 metros de cabo. Isso porque não tinha como descer. Conseguimos nessa operação inicial puxar a viatura até a borda da duna. Deu até para abrir a porta, e foi aí que vimos que se tratava de uma TR4”. 
 
E para subir a viatura até o topo da duna? Foram necessários dois caminhões de reboque, chamados por amigos do dono da TR4, e a utilização de seis guinchos e mais dezenas de cintas. Dois guinchos utilizados foram dos próprios caminhões. “Tivemos várias cintas quebradas e dois guinchos também quebraram, um deles rompendo o cabo. Mais depois de sete horas de resgate conseguimos tirar o carro de lá. O mais legal é que mesmo aqueles jipeiros que não podiam ficar para o resgate deixavam suas cintas. Até hoje tenho algumas em casa que não sei de quem são”. Além disso, um Troller 3.0 que participou do resgate utilizando o guincho teve a caixa de marcha danificada. Saiu do local em um dos reboques e a TR4 no outro. A operação também foi acompanhada pelo órgão de trânsito de Fortaleza e pelos órgãos ambientais, que liberaram o resgate. 
 
NA TRILHA
 
Expedição Tesouro Perdido nas alturas
 

Na coluna do dia 16 de setembro, começamos a contar a história da Expedição Tesouro Perdido, que foi organizada pelo Boletim 4x4 e passou pelas cidades de Mucugê e Rio de Contas, na Chapada Diamantina, no feriadão da Independência. Naquela edição, mostramos como os expedicionários se saíram na Trilha da Sibéria, em Mucugê (clique aqui para rever). Agora, no penúltimo capítulo dessa saga pelo “teto” do Nordeste, vamos contar como foi a trilha panorâmica entre Mucugê e Rio de Contas e o passeio até um distrito considerado o mais alto de toda região. Confira os melhores momentos no vídeo acima. Clique aqui para ver mais fotos
 
Tendo como guia Fernando Pinto, dono uma agência de ecoturismo em Rio de Contas (77 981106231), o comboio formado por 13 viaturas saiu de Mucugê na manhã do dia 5 de setembro. O objetivo: chegar a Rio de Contas pela trilha panorâmica, alcançando pouco mais de mil metros de altitude em relação ao nível do mar, tendo como visual formações rochosas belíssimas e algumas das montanhas mais altas do Nordeste, entre elas o Pico das Almas e a Serra do Barbado. O percurso tem 125 quilômetros, sendo 28 deles de chão batido em uma estradinha que exige cuidado redobrado (por ela passam, inclusive, caminhões e carretas nos dois sentidos). 
 

 
Pelo caminho, povoados e comunidades de Mucugê e Jussiape e uma vegetação predominantemente seca. Embora seja possível ir o tempo inteiro de 4x2, é recomendável usar a tração em função dos trechos com subidas e descidas escorregadias, como na saída da comunidade de Brejo de Cima no sentido Rio de Contas, considerada por muita gente a cidade mais linda da Bahia, com sua arquitetura opulente e colonial que já viveu tempos em que ouro em pó era jogado como purpurina em grandes festas. Aliás, é indispensável conhecer os casarões históricos da cidade que começou como quilombo, no final do século XVII, e se tornou quase tão próspera no período colonial quanto Ouro Preto, em Minas Gerais. 
 
No mesmo dia, já que o comboio chegou no início da tarde, o destino foi o passeio pelas comunidades quilombolas de Barra e Bananal, onde logo se nota que falta de tudo, e o distrito de Mato Grosso, comunidade portuguesa em que há prosperidade situada a 1.500 metros de altitude, palco da Igreja de Santo Antônio, que foi a primeira freguesia do alto sertão. São aproximadamente 80 quilômetros de estrada de chão, ida e volta, e alguns expedicionários sentiram o efeito da altitude, seja com dor de ouvido ou mesmo um pouco de sangramento nasal. No meio do caminho, parada para banho na Ponte do Coronel. O melhor momento é chegar a 1.630 metros de altitude, após passar por Mato Grosso, e contemplar o pôr do sol em meio a plantações de manga, laranja, morango e pêssego.  
 
Aventura no Jalapão


 
A viagem de Jean Novaes, o Cabelinho, ao Jalapão, em Tocantins, rendeu algumas imagens inesquecíveis e foi uma experiência que marcou a alma desse jipeiro que é do Paraná mas se radicou em Salvador (clique aqui para ver outras fotos). Acompanhado da esposa Rafaela, Cabelinho partiu de Salvador no dia 16 e retornou na última sexta-feira, dia 24. Ele pegou os piores trechos de estrada "asfaltada" na região de Coaceral, na BR-135, no oeste da Bahia. Com muitos buracos, em alguns trechos a velocidade máxima não podia ser superior a 20 km/h. 
 
Já no Jalapão, estradas ruins também em Mateiros, com muitas “costelas de vaca” e buracos. Na localidade praticamente não há qualquer infraestrutura, o que é compensado pelas pessoas acolhedoras e duas boas pousadas. “Difícil foi achar lugar para comer. Mas os passeios em Mateiros são especiais pois são os únicos com Fervedouros (poças com água que emerge da terra com forte pressão formando piscinas naturais), entre eles os de Buriti, Encontro das Águas, Conceição. Mas para mim o mais bonito é o Bela Vista, em São Félix, a 80 quilômetros de Mateiros”, relatou Cabelinho.

Outro atrativo aproveitado pelo jipeiro dono de uma camionete Hilux 2002 foram as cachoeiras do Jalapão. “Tem as cachoeiras da Prata, da Formiga, das Ararás. A da Prata tem o acesso ruim, com areia e facões altos. A uma certa altura só passa veículo 4x4”. Outra atração imperdível é a região das dunas, a 30 quilômetros de Mateiros (uma hora de viagem por conta da estrada com obstáculos e onde também só passa viaturas traçadas), principalmente no pôr do sol. “Fomos ainda na Pedra da Catedral, depois de São Félix e em direção a Palmas, lugar só para tirar foto na estrada mesmo, sem acesso ao local.
 
Cabelinho esteve também na Cachoeira Velha, após percorrer 90 quilômetros em três horas, saindo de Mateiros. Estrada péssima, considerada o trecho fora de estrada mais complicado da viagem. “Dizem que nessa época mais seca as estradas estão piores. Curiosamente, segundo relatos que ouvi, a situação fica melhor na época de chuva, mesmo com a lama". O jipeiro também visitou o Cânion Sussuapara, cachoeiras da Fumaça, Soninho e Pedra Furada, onde o pôr do sol é de cinema. 
 
RAPIDINHAS

* O Jipe Clube de Sergipe pretende fazer um Jipe Show ainda maior em 2016, quando o grupo faz aniversário de 20 anos. O evento já tem data: acontecerá entre os dias 14 e 16 de outubro. Uma mudança prevista será ampliar para dois os dias com exposição na orla de Atalaia. No evento desse ano, 458 viaturas estiveram presentes. Confira abaixo um vídeo com imagens aéreas do Jipe Show.
 
 
* O Bahia Expedition programou um passeio para Barra do Serinhaem nos dias 27, 28 e 29 de novembro. As duas pousadas da vila já estão lotadas apenas com jipeiros do grupo. O passeio faz parte do calendário anual de eventos do BE, que realiza na noite desta sexta-feira (30) reunião quinzenal no estacionamento do G Barbosa do Costa Azul.
 
* Alex Salles, mais conhecido no off road de Salvador pelo sugestivo apelido de Xibiu, pretende disputar outros certames após vencer o Rally do Batom na categoria 4x4 Expedition. Membro do Clube do Tracker, ele planeja participar de outros ralis após se sair bem na primeira competição. “Tenho certeza que muitos outros troféus virão”. 

* Na coluna passada, havíamos prometido contar nesta edição a história de uma inesquecível expedição à bucólica Galinhos, no Rio Grande do Norte. Mas, em função da matéria especial sobre as determinações do Ministério Público para as áreas de proteção ambiental no Litoral Norte da Bahia, a matéria ficou para a coluna da semana que vem.