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Tem dono!

Por Éder Ferrari

Tem dono!
Infelizmente - felizmente também –não pude comparecer a Assembleia Geral de sócios, que aprovou algumas mudanças no estatuto do Esporte Clube Bahia. Até estou em Salvador e queria muito comparecer, mas compromissos de trabalho me impediram. Pelo Twitter e por mensagens no celular, fiquei sabendo o que rolava na antiga sede de praia tricolor. Sentirei eternamente essa falta, porém, responsabilidade é responsabilidade. No entanto, a ausência não me impediu de ficar sabendo dos detalhes. Depois de ouvir várias pessoas presentes, cheguei à conclusão que sempre tive dessas reuniões: tudo que aconteceu já estava previamente ensaiado. Quase nada ocorreu por acaso. No final da história, o Bahia segue, mais do que nunca, com donos fora das arquibancadas.
 
Pelo novo estatuto, as eleições no clube funcionarão da seguinte forma: o Conselho Deliberativo indicará dois nomes para que um seja escolhido em votação pelos sócios. Parece democrático, né? Longe disso! Para começar, foi mantida a anomalia da eleição do Conselho ser após a para presidente executivo. Como a chapa vencedora no conselho mantém 100% dos 300 cargos de Conselheiros, automaticamente, ela garante a presidência na eleição seguinte. É um círculo vicioso! Lembram quando, ano passado, 56 Conselheiros foram expulsos da entidade? Com ou sem razão, todos eram “coincidentemente” oposição. 
 
Para poder pleitear uma candidatura à presidente, o sujeito terá de ter três anos como sócio e mais dois mandatos no Conselho - cada um dura três anos. Ou seja, nove anos! Levando-se em conta que o Conselho atual é todo da situação e o próximo também, não veremos ninguém fora do grupo atual na presidência do clube em no mínimo oito anos. Isso se essa pessoa já tiver a carência necessária para ser indicado pelo Conselho. O discurso será de democracia, de promessa cumprida, mas não teve nada disso. Marcelo Guimarães Filho e Marcelo Guimarães poderiam ser os caras mais competentes do mundo em gerenciamento de clubes de futebol, que eu questionaria essas mudanças do péssimo para o ruim da mesma forma. De bom, só o fato do sócio torcedor (TOB) poder participar do pleito após a devida carência. No resto, é mais fácil ser candidato a presidente do Brasil! 
 
Não faço parte da oposição e nem da situação. O meu interesse é por democracia, transparência. Quero apenas o crescimento da agremiação fora e dentro de campo, com mentes diferentes podendo ajudar. Ter a opção de mudança é fundamental para o funcionamento de qualquer clube. No Bahia essa possibilidade estará afastada por mais de uma década! O clube ficou refém ao desejo dos Guimarães. Não se pode ser algemado dessa forma. Por que o Conselho não ser proporcional? Os mandatos serão sempre catequisados, como acontecia no antigo estatuto. E ainda falam em união de pensamentos. Somos todos retardados? Como não ficar abismado com tanto esforço para se manter no poder? O sentimento é claramente de posse! O ego passa por cima de tudo! 
 
Não sei se existe alguma possibilidade de reverter essa aberração. Por enquanto, resta aos torcedores torcer, cobrar e se associar. Apesar da frustração, voltarei a pagar as mensalidades. Larguei de mão – talvez estupidamente – após dobrarem o valor sem aviso ou justificativa. Peguei ar na época! Vejo, também, muita gente no calor do momento dizer que desistiu do clube. Difícil acreditar nisso, mas não julgo nenhum deles exagerado. Motivos têm de sobra! Aos que não desistiram de ter um clube democrático de verdade, o jeito é não se deixar levar por resultados positivos ou negativos. As cobranças por melhoras e pelo pensar grande não devem passar só por eles. Não é por estar ganhando que tudo está certo ou perdendo tudo errado. Eu procuro separar as coisas. Tentem fazer isso também. Você ama o filho, mas nem por isso deixa de ser duro na hora de educar. Caso, como eu, não queira jogar pra cima, acho esse ser um bom caminho. Talvez até o único que sobrou...