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Entrevista

José Alves fala da demanda urgente por novo Centro de Convenções após desabamento do antigo - 17/10/2016

Por Guilherme Ferreira

José Alves fala da demanda urgente por novo Centro de Convenções após desabamento do antigo - 17/10/2016
Fotos: Luiz Fernando Teixeira / Bahia Notícias

Um novo Centro de Convenções para Salvador tornou-se uma demanda ainda mais urgente depois do desabamento parcial do antigo equipamento no Stiep. Mas de acordo com o secretário estadual de Turismo, José Alves, a construção ainda está sendo discutida e o local onde ele será erguido é uma das questões a serem definidas. “Nós estamos fazendo estudos de locais e não posso dizer nada, porque não tem nada resolvido. Tudo que for falar agora sobre um novo centro, ou um novo local de feiras e eventos é precipitado”, assegurou o chefe da pasta em entrevista ao Bahia Notícias. Ele também apontou que a estrutura do antigo Centro de Convenções já era considerada defasada em comparação com o de outras capitais brasileiras e voltou a lamentar o incidente que aconteceu no final de setembro. “Não tinha porque cair, desmoronar. Estavam sendo tomadas todas as precauções, todas, para não haver nenhum tipo de problema”, disse. Um grupo de trabalho foi formado para apresentar um laudo técnico sobre o equipamento em cerca de quatro meses e decidir o que será feito com a estrutura. “Você vai demolir? O que você vai fazer daquilo? Esse é o tempo máximo, 120 dias, para resolver isso. Pra você ter uma ideia, tem equipamento lá que a gente não pode nem entrar para tirar, porque ainda não se tem liberação para fazer isso”, explicou. Há menos de três meses, Alves ainda não havia assumido a pasta estadual e presidia a seccional baiana da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). O cargo garante a ele um bom diálogo com o trade turístico e uma boa compreensão sobre as demandas do setor. “As demandas que existiam para a Secretaria de Turismo eu ajudei a confeccionar. É a minha Bíblia”. Agora como integrante do governo, o secretário indica que uma das suas prioridades na gestão é divulgar mais a Bahia como destino turístico e fazer com que mais navios e voos cheguem à capital baiana. Uma de suas expectativas é que o voo da American Airlines entre Salvador e Miami volte a entrar em operação em breve, depois de ser suspenso esse ano por baixa demanda. Além disso, a capital baiana também deve ter um voo direto para Montevidéu no início do ano que vem. “A gente precisa retomar os voos internacionais”, constatou Alves.

Uma das demandas mais urgentes da secretaria nos últimos meses é o Centro de Convenções. O senhor já falou que estudos técnicos para definir a situação antigo equipamento devem ser concluídos em menos de 120 dias. Mas quais são as novas opções em estudo? O governador já definiu alguma diretriz sobre capacidade, localização ou funcionamento do futuro centro?
O estudo que está sendo feito é para verificar o que fazer com o centro que teve problema. Ali é um equipamento do governo, ali precisa ter um estudo, um laudo técnico. Ali estão envolvidos a Supat [Superintendência de Patrimônio], a PGE [Procuradoria-Geral do Estado], a Polícia Técnica, o Corpo de Bombeiros, a Casa Civil e a Setur. Foi criada uma comissão para fazer um laudo técnico daquele equipamento para ver qual destino você vai dar ali. Você vai demolir? O que você vai fazer daquilo? Esse é o tempo máximo, 120 dias, para resolver isso. Pra você ter uma ideia, tem equipamento lá que a gente não pode nem entrar para tirar, porque ainda não se tem liberação para fazer isso. Tem que fazer tudo com muita segurança, graças a deus não houve vítima nenhuma e a gente não quer que ocorra agora nenhum tipo de vítima. Esses 120 dias são para o laudo técnico. Com relação ao novo centro, é outra história, é uma demanda urgente. Nós estamos fazendo estudos de locais e não posso dizer nada, porque não tem nada resolvido. Tudo que for falar agora sobre um novo centro, ou um novo local de feiras e eventos é precipitado.
 
A opção pela Cidade Baixa é prioridade? É a primeira opção?
Volto a repetir, tudo que eu falar agora é precipitado. Não tenho como lhe falar nada porque não tem nada definido.
 
O atual Centro de Convenções é considerado defasado?
Defasado pelo formato dele, que é vertical. Hoje, todos os centros de convenções são horizontais, pela demanda que há de feiras e de convenções, com no máximo dois andares. Embaixo você tem pavilhão de feiras, em cima você tem pavilhão de seminários, de auditórios. Não adianta fazer um centro de convenções só por fazer, você tem que fazer um centro de convenções competitivo. Você tem que criar um equipamento que faça frente aos seus concorrentes, de Rio e São Paulo. Você concorre com todo Nordeste, porque Fortaleza já tem um centro, Recife também. Maceió e Aracaju estão para reformar. Você precisa ter um centro competitivo. Você não tem que ter mais um centro, você tem que ter um centro competitivo para poder entrar na briga para trazer os eventos aqui para a Bahia.
 
Antes de assumir a secretaria, o senhor era presidente da seccional baiana da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). Como anda o diálogo com o trade turístico após a sua posse?
O diálogo eu considero o melhor possível. Principalmente porque eu convivia com eles o tempo todo. As demandas que existiam para a Secretaria de Turismo eu ajudei a confeccionar. É a minha Bíblia, fica em cima da minha mesa o tempo todo. Claro que quando você entra para uma ocupação nova, você tem um momento de adaptação. Eu estou na pasta não tem nem 70 dias. Estou passando por uma fase de adaptação intensa, porque estava com a missão de reabrir o Centro de Convenções e acontece esse incidente. Tem uma série de demandas para poder atuar, como promoção do destino, aeroporto, ter uma atuação mais clara no relacionamento com as companhias aéreas, estabelecer uma nova forma de ICMS, uso de transversalidade com a Secretaria da Fazenda, Secretaria de Administração, Secretaria de Infraestrutura. Isso é tudo muito novo, porque nunca trabalhei em empresa pública, muito menos fui secretário. Estou com a melhor das intenções, mas existe uma forma da máquina funcionar na iniciativa privada e outra forma na iniciativa pública. Isso demanda um tempo de adaptação. Devo dizer que estou entusiasmado com essa função. É um desafio interessante, estou gostando de ser secretário, estou gostando de poder contribuir com tudo aquilo que pensei em sugerir para os secretários anteriores. Leonelli é meu amigo, Pedro Galvão, meu parceiro da Abav, e o próprio Pellegrino, sempre tive uma relação muito próxima. E os três me ouviam. Estou falando de Leonelli pra cá porque foi quando comecei a atuar na política de turismo. Eles sempre contaram comigo para trocar ideia e contribuir de forma construtiva e é isso que espero do trade. O trade tem conversado comigo, tenho atendido eles o tempo todo. E a gente tem um relacionamento fácil porque eu participo de todos os grupos deles de WhatsApp, de Facebook, nos encontramos em todos os eventos. E estou aberto. Eles sabem que há 70 dias aproximadamente eu era um deles. Não é porque eu passei a ser governo que eu vou deixar de atender. Pelo contrário, eu vou ter que estar mais próximo ainda.

Entre as demandas que você mencionou, o Centro de Convenções é recorrente?
Sim, é um ponto que está incomodando a todos, a gente precisa dele, e vamos perseguir para dar certo. A gente estava bem perto de resolver, mas são coisas que a acontecem que às vezes a gente não tem nem explicação. Não tinha porque cair, desmoronar. Estavam sendo tomadas todas as precauções, todas, para não haver nenhum tipo de problema. Mas, paciência...
 
Fora o Centro de Convenções, quais são as prioridades definidas pelo senhor para a secretaria? Existem áreas que precisem de mais investimento?
A gente acha que a promoção do destino como um todo é importante, o destino Bahia. Acho que a gente poderia explorar um pouco mais o turismo de aventura no nosso estado, que é uma demanda muito interessante, que atrai um público muito bom. Tem regiões que podem ser melhor promovidas, como a Chapada Diamantina, Paulo Afonso. Acho que a gente precisa dinamizar mais esses destinos. Agora, de uma forma como um todo a gente está divulgando a Bahia fortemente. Na minha chegada já incrementamos o stand da Abav, fizemos um stand na principal feira de turismo do país. Fizemos o principal stand, que contou com as 13 zonas turísticas lá. Ganhamos o prêmio de melhor stand e mais criativo da feira. Fomos também a Buenos Aires, a Córdoba, na Argentina, e também a Assunção, no Paraguai. Estamos programando para fazer outros eventos. Está prevista participação nossa no festival do chocolate, em Paris, na feira de Portugal...enfim, vamos participar de todas as feiras internacionais de forma diferenciada. Isso é uma promoção direta para o público comprador do destino Bahia. Outra prioridade importantíssima é a negociação com as companhias aéreas. A gente precisa retomar os voos internacionais. Hoje já tem notícia da American Airlines sinalizando positivamente o reinvestimento no Brasil e Salvador está na rota deles. Eu já conversei com diretores da American Airlines. Estou com expectativa que esse voo da American Airlines de Miami deva retornar, não para esse ano, mas para o próximo ano. Temos também conversas com a Azul, Avianca e Tam para retomar voos domésticos e também voos internacionais no caso da Tam e da Gol. A Gol já sinalizou positivamente, começa um voo em janeiro. Em janeiro, fevereiro e março nós vamos ter voo direto para Montevidéu e a intenção nossa é que esse voo se torne definitivo. A gente vai fazer evento tanto aqui em Salvador como em Montevidéu para o trade de cada local para incrementar a venda desse voo. Esse voo tem que ser bem vendido tanto lá quanto cá. O voo tem duas pernas e precisa estar ocupado na ida e na volta. Existe uma negociação também para incrementar a parte de carga desse voo. A gente precisa ter uma transversalidade grande para ofertar o porão desse avião para transportar também produtos para pagar o voo. Outro ponto importantíssimo são os navios. Estamos conversando com armadores de navios e eles já fizeram inspeções nos últimos 30 dias em quatro lugares na Bahia com a perspectiva de que para o verão de 2017 para 2018 nós tenhamos mais navios na nossa costa. Fiz um pedido especial para a Abremar [Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos] que tivesse um navio de menor porte dentro da nossa Baía de Todos os Santos pra justamente circular dentro da Baía, porque ela permite isso. E quando eu falo na Baía de Todos os Santos, já me remete para um projeto importantíssimo, que é o Prodetur, que é um investimento que estamos fazendo na Baía de Todos os Santos em um convênio que nós temos com o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] no valor de aproximadamente US$ 87 milhões, que a gente vai investir em uma estrutura náutica. É uma política de estado fazer uma infraestrutura náutica bem melhor porque nossa Baía de Todos os Santos é uma das melhores do mundo a nível de temperatura, a água é muito clara, boa para banho, boa para prática de esportes. Temos também uma despoluição total. O ferry boat precisa ser parado agora porque precisa tirar os crustáceos do casco e isso só se dá em água muito limpa. Nos outros lugares o que prega no casco é lixo e aqui na nossa Baía o que pega são os crustáceos.

A capital baiana enfrentou nos últimos meses o fechamento de hotéis. Dá pra dizer que existe uma crise no setor turístico aqui em Salvador?
A crise não está em Salvador somente, a crise está instalada no país. Nós já estamos saindo dela, é a percepção econômica que nós temos. Se você for avaliar o nível de oferta de empregos e a própria inflação a perspectiva é positiva. E a ocupação está baixa em Belo Horizonte, está baixa no Rio de Janeiro, também não está tão alta em São Paulo, que é um polo de extrema demanda por conta dos eventos de negócios. A crise não está instalada em Salvador, a crise é a nível geral. O Rio de Janeiro tinha aproximadamente 30 mil leitos, passou para 60 mil leitos. Por causa das Olimpíadas chegou a quase 100%. Nas Paralimpíadas já foi em torno de 70%, e agora? Como é que vai encher 60 mil leitos no Rio de Janeiro? Está todo mundo preocupado. Nós vamos entrar em uma fase em que a gente precisa realmente dar norte para nossas divulgações, como já estamos fazendo, ter uma união cada vez maior no trade, porque um ao lado do outro consegue reverter esse problema.
 
Como está o diálogo entre a secretaria e a prefeitura de Salvador? Existe pelo menos a intenção de realizar ações conjuntas com a Saltur?
Eu venho da Abav, então eu conversava tanto com o secretário estadual quanto com o secretário municipal. O Érico Mendonça é meu amigo particular, amigo de muito tempo. O diálogo é muito franco e muito fácil. Nós inclusive convidamos eles para participar do stand da Abav para fazer a promoção do réveillon, porque ele faz parte da Bahia. Convidamos ele também para chamar para o stand da Abav os atores que fazem eventos em Salvador a nível do Festival de Verão e outros eventos que acontecem aqui. Estamos trabalhando juntos, naquilo que podemos fazer em conjunto.