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Entrevista

Jorge Khoury fala sobre legado olímpico e planejamento de Salvador para receber jogos de futebol - 25/07/2016

Por Fernando Duarte / Guilherme Ferreira

Jorge Khoury fala sobre legado olímpico e planejamento de Salvador para receber jogos de futebol - 25/07/2016
Foto: Luiz Fernando Teixeira/ Bahia Notícias

Salvador está prestes a receber o seu terceiro grande evento esportivo em quatro anos. E depois da experiência adquirida na Copa das Confederações e na Copa do Mundo, o secretário do Escritório Salvador Cidade Global, Jorge Khoury, aposta que a capital baiana não precisa mais de grandes ajustes para sediar as dez partidas do torneio olímpico de futebol. Para ele, a evolução de 2013 pra cá é tão notável que a prefeitura ainda nem cogita decretar feriado em dias de jogo pelo temor de problemas na mobilidade – apesar do Ato Olímpico permitir tal medida. "Nesse momento não está ocorrendo nenhum tipo de investimento por conta das Olimpíadas, a não ser o acompanhamento, a não ser a parte da operação por conta da realização dos Jogos", afirmou. Além do estímulo à prática de esportes, o secretário também citou a atração de novos grandes eventos como legado dos Jogos Olímpicos no município. "Eu tenho certeza que isso [sediar Copa das Confederações, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos] deixa uma marca muito importante para a cidade a nível de legado, que é uma cidade que pôde receber megaeventos, a nível mundial, e que pôde responder positivamente", disse. Depois de três grandes torneios nos últimos anos, Khoury ainda não tem outro megaevento confirmado para Salvador. Mas, por enquanto, ainda mantém seus olhos em tentar uma medalha de ouro pela organização das Olimpíadas que estão por vir.

Salvador está preparada para receber os jogos da Rio 2016? O esquema montado é semelhante ao que foi montado para a Copa do Mundo de 2014?

Eu não tenho dúvidas que sim. Eu entendo que essa experiência que aconteceu tanto com a Copa das Confederações como com a Copa do Mundo fez com que houvesse de alguma forma um conhecimento da própria equipe administrativa com relação a manusear com eventos dessa natureza. Salvador na verdade, por ser uma cidade bastante voltada para grandes eventos - quem faz um Carnaval como o nosso na verdade tem muito pouca coisa a acrescentar dentro de outros eventos dessa natureza a nível de tamanho. Evidente que cada um tem sua peculiaridade, mas isso pode se ajustar. Outra coisa positiva é que aquilo que foi preciso ser feito na cidade quer seja pela prefeitura municipal, seja pelo governo do estado, voltado para algum investimento em relação a esse tipo de espetáculo, aconteceram pra Copa das Confederações ou para a Copa do Mundo. Então na verdade, nesse momento não está ocorrendo nenhum tipo de investimento por conta das Olimpíadas, a não ser o acompanhamento, a não ser a parte da operação por conta da realização dos Jogos.
 
Qual a expectativa do município com relação aos Jogos Olímpicos nos dias em que vão acontecer jogos na capital baiana?
A despeito da abertura das Olimpíadas ocorrer no Rio de Janeiro no dia 5 de agosto, o primeiro jogo aqui em Salvador é no dia 4. Com relação a jogos valendo ponto, fora do Rio de Janeiro, só futebol. No caso, Salvador, São Paulo, Brasília, Manaus, Belo Horizonte. São as chamadas cidades do futebol. A expectativa que nós temos, logicamente, é que a cidade esteja preparada. Um ingrediente bastante significativo pra nós é que Salvador é uma cidade turística, é uma cidade que sempre soube receber bem. Isso aconteceu nas avaliações feitas tanto na Copa das Confederações como na Copa do Mundo. Então nós estamos preparando a cidade para repetir mais ou menos esse mesmo tipo de receptivo. Isso vai do dia 4 ao dia 13 de agosto. Nesses dez dias, nós teremos dez competições esportivas, sendo quatro dias com rodadas duplas e dois dias com rodadas simples.

 
Diferente da Copa do Mundo Fifa 2014, quando aquela zona de exclusão ali na imediação da Fonte Nova causou muita polêmica, o Ato Olímpico acabou não gerando esse tipo de questionamento agora. O soteropolitano se acostumou com essas zonas?
Uma resposta seria isso que você falou. Eu diria que se acostumou em estar vivendo ao lado de um ícone da cidade que é a Arena Fonte Nova. Mas por outro lado também, todos nós que temos algo a ver com isso, que tem a ver com a mobilidade, que tem a ver com a segurança, que tem a ver com todo o aparato necessário para fortalecer a condição do contorno do local do espetáculo também aprendeu muito com isso. Nesse momento, por exemplo, eu diria que essa zona está bem menor do que a zona que foi praticada nos jogos passados. Porque está menor? Se observaram algumas alternativas que se tinha, alguma coisa que se deixou de usar naquele momento se viu que pode se usar agora. Enfim, se criou uma condição para que a população do entorno não seja sacrificada por conta de um grande espetáculo que é importante para a cidade. É importante para a cidade ter um espetáculo? É, mas é importante também que a comunidade da cidade viva com um mínimo de conforto e de segurança. Então eu diria que aconteceram as duas coisas. As pessoas entenderam um pouco a necessidade de em algum momento ter algum ajuste em seu entorno e também eu diria que tanto nós como o governo do estado - nós a nível de mobilidade do trânsito e o governo do estado a nível de segurança - podemos fazer algo conjunto que minimize a abrangência desse entorno.
 
O Ato Olímpico permite, entre outras coisas, feriado no dia dos jogos. Quando a prefeitura vai definir se há uma demanda pra isso? Como vai ser esse estudo?
Como você disse, a legislação permite essa possibilidade. No entanto, eu diria que até o momento não houve nenhum entendimento dessa necessidade. Os jogos devem ocorrer, a maioria deles, na parte da tarde. Um deles um pouco mais cedo, mas os outros todos do meio pro final da tarde e alguns até do final da tarde pra noite. Então na verdade a expectativa que se tem é de que com toda essa questão da mobilidade da cidade funcionando bem, não haveria tanta necessidade. A necessidade maior para dispensar algum turno - não diria feriado - na questão da Copa foi evitar possíveis constrangimentos em relação ao trânsito. No entanto, eu diria que de lá pra cá também muita coisa avançou em relação a esse aspecto e nesse momento eu não estou dizendo que é impossível ter, mas não está na cogitação da cidade fazer nenhum tipo de feriado nesses dias.
 
Como vai ser a recepção para as delegações que vêm para Salvador durante os Jogos Olímpicos?
No dia 25 chega a primeira delegação. Na próxima semana vão estar chegando a delegação do Fiji, que é a primeira, depois chega a da Coreia, depois a da Alemanha e depois a do México, que são as primeiras que tem competição esportiva aqui. A gente ainda não foi informado em relação às demais. Vai ter na cidade o que chamam de Vila Olímpica, que vai ser ali no Gran Hotel Stella Maris, que foi escolhido pela Rio 2016 para sede da Vila Olímpica. Se tiver algum país que queira, por razão própria, queira ir para outro lugar, é de livre e espontânea vontade deles. Uma informação que nós temos, pode ser que mude, é que a Alemanha não deve ficar no Stella Maris, vai ficar perto. Deve ter optado pelo Catussaba.


 

 
Não complica o deslocamento?
Na verdade, a ideia é que eles fiquem em um lugar menos agitado. O deslocamento de qualquer forma vai se criar. Dentro desse material que a Transalvador preparou a nível de deslocamento têm esses eixos para determinados horários. Então você teria a Vila Olímpica na área de Stella Maris. Você teria a central de mídia no Rio Vermelho. O Campo Grande será o lugar escolhido para a chamada 'Família Olímpica', que seriam os convidados VIP's das Olimpíadas. Como área de treinamento em Salvador seria a área do estádio de Pituaçu e do Barradão. Tem uma opção que estão usando também, que é em Mata de São João. E o palco principal que é a Fonte Nova. Teríamos esses tipos de deslocamento.
 
Com a realização de grandes eventos no Brasil, falou-se muito no legado para as cidades que recebem esses jogos. No caso do Rio 2016, qual o legado que vai ficar para a cidade de Salvador?
Muitas vezes a gente se queixa, e com razão, quando a sua cidade está sendo preterida de participar de algum momento diferente para o país. Sem dúvida que os Jogos Olímpicos representam efetivamente um marco bastante significativo para o Brasil. São competições que ocorrem de quatro em quatro anos e de maneira alternada entre os diversos continentes do mundo. Isso faz com que a possibilidade de termos um outro evento desse fique muito remota. Segundo: das 27 capitais brasileiras, Salvador é uma daquelas que nesse período de Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, ela participou de todas. No caso das Olimpíadas são cinco capitais e Salvador é uma das cinco e do Nordeste é a única. Eu diria que esse tipo de escolha não acontece por acaso, ela acontece em função dos resultados dos eventos anteriores. Eu tenho certeza que isso deixa uma marca muito importante para a cidade a nível de legado, que é uma cidade que pôde receber megaeventos, a nível mundial, e que pôde responder positivamente. A cidade que teve de alguma forma uma reestruturação por conta desse tipo de evento. Essa questão agora da própria Olimpíada estar chamando a cidade de cidade do futebol dá uma credencial pra ela para no futuro poder estar reivindicando a participação em outras competições esportivas, principalmente do futebol. Além disso, teve de alguns países fazerem algum tipo de trabalho a nível da cidade como aconteceu na época da Copa com relação à Alemanha, com relação à Holanda, com relação à França, por exemplo. Nesse momento estamos tendo uma parceria de um trabalho da Alemanha, através de uma equipe de futebol do seu país com a nossa cidade, fazendo escolinhas de futebol em seis áreas da periferia de Salvador, onde do dia 20 ao dia 26 vão ter aulas orientando as crianças e fazendo com que elas tenham a oportunidade de vivenciar com instrutores de outro país mostrando algo diferente. Nós temos também o governo do Japão, pelo fato do Japão fazer um jogo aqui, vai de alguma forma fazer uma entrega para crianças da rede municipal de alguns equipamentos esportivos e fazer com que isso também traga um apoio, uma maneira do Japão estar chegando junto. Enfim, temos tido oportunidade de através de algumas ações no Ministério do Esporte e de outras instituições da área também trabalhar com crianças daqui de Salvador. Estou me referindo aí a cerca de cinco mil crianças talvez, em diferentes níveis de ação da rede municipal, que de alguma forma tiveram algo que vai marcar a vida delas nesse período e a gente acredita que é um legado muito importante de estimular, até porque, para nós aqui em Salvador, para o nosso país, o esporte é um instrumento de inclusão muito importante. A Secretária de Educação e a Secretaria Ação Social e Combate à Pobreza, onde fica a diretoria de esportes, têm feito um esforço muito grande no sentido de motivar nossos professores, motivar nossos alunos para uma inclusão forte dentro dos esportes e que amanhã possa ter alguma resposta positiva nas suas vidas.

 
O senhor acha que a passagem da Tocha Olímpica aqui por Salvador de alguma forma serve de inspiração para que as crianças, os jovens, pratiquem mais atividades olímpicas, esportes olímpicos. A gente tem um predomínio do futebol no Brasil. De alguma forma isso acaba influenciando?
Com certeza. Por sinal, você lembrou bem a questão do revezamento da Tocha Olímpica, que foi muito importante para Salvador. Salvador foi uma das cidades, eu diria, especiais com relação a isso. A tocha chegou na noite anterior, ficou o dia inteiro aqui - foram 35 quilômetros em três trechos da cidade - e só saiu no outro dia. Eu digo isso porque muitas outras capitais receberam durante o dia e pernoitou lá. Nossos professores da área de esportes da rede municipal e da Semps fazem alguns trabalhos até hoje com grupos de crianças com a tocha e outras categorias esportivas eles têm praticado. Nós tivemos o festival estudantil municipal onde teve o futsal, o voleibol sentado, o voleibol de lençol, basquetebol, handebol, a questão do baleado como recreação, o karatê, ginástica rítmica desportiva...a ideia é trabalhar todas as possibilidades. Essas outras competições esportivas são importantes. E aí, a gente tem usado muito também, e aconteceu com relação à tocha, entre os condutores, de usar muitos atletas nossos, atletas de Salvador, atletas da Bahia, em uma demonstração para que os meninos possam ver e pensar 'eu também posso fazer, eu também posso chegar onde eles chegaram'. Esse tipo de preocupação e entendimento a gente tem feito. Como eu te falei, aqui também teve um programa chamado Transforma, que é lá da Rio 2016. Tinha 50 docentes de rugby na escola de Pituaçu, 50 de tênis na Escola Municipal Tereza Cristina, 400 agentes jovens. Tudo isso foi possível e eu diria que houve essa lembrança e essa ativação mais forte por causa das Olimpíadas.
 
O senhor comanda o escritório Salvador Cidade Global. Como estão as atividades desse escritório e quais são as perspectivas, já que ele trata de atração de investimentos e de atividades diversas para a capital baiana?
O Escritório Salvador Cidade Global foi iniciativa do prefeito ACM Neto no final de 2014. Ele tem três ações bem definidas. A primeira delas tem a ver com as relações internacionais da prefeitura de Salvador. Todas as relações internacionais, seja a nível diplomático, seja a nível de parcerias, de projetos, como por exemplo a participação de Salvador em redes internacionais, como a rede de cidades criativas da Unesco, onde Salvador entrou na categoria Música, como as redes C40, que tem a ver com clima e com tempo, onde Salvador está lá dentro através da Secretaria Cidade Sustentável. Temos também a questão das cidades resilientes, as 100 cidades resilientes do mundo. Este ano, por sinal, 1000 concorreram e só foram aprovadas 37. Das 37, a única brasileira aprovada pela instituição que é bancada pela Rockfeller foi Salvador. O outro foco nosso tem a ver com projetos especiais, independentemente de serem internacionais com locais. Projetos especiais com vista na melhora da ação urbana da cidade. Um projeto que está muito bem em Florianópolis, que está muito bem em Recife, que está muito bem em Belo Horizonte e podemos atrair pra cá. E o terceiro seria o gerenciamento de megaeventos. No caso, esses anos teve a questão das Olimpíadas. Então eu diria que são esses três aspectos: gestão de megaeventos, articulação de projetos especiais e o relacionamento com a área internacional.
 
E tem alguma perspectiva de atrair algum megaevento para Salvador nos próximos anos?
De pronto, eu não teria condição de responder. No entanto, eu diria que estamos trabalhando. E alguma coisa voltada para a área de eventos grandes na parte esportiva e náutica, coisa que Salvador já praticou antes. Isso é um trabalho que vem sendo desenvolvido inclusive pela Secretaria de Cultura e de Turismo. No entanto, acredito que terminada a Olimpíada, que tomou todo o tempo da gente, a gente começa já a garimpar outros eventos.