Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Entrevistas

Entrevista

João Gualberto estabelece meta para PSDB-BA: Filiar o "maior número possível de pessoas" - 06/07/2015

Por Alexandre Galvão / Luana Ribeiro

João Gualberto estabelece meta para PSDB-BA: Filiar o "maior número possível de pessoas" - 06/07/2015
Fotos: Estela Marques/ Bahia Notícias
Eleito recentemente presidente do PSDB, o deputado federal João Gualberto tem como principal meta para o partido, neste momento, conseguir o “maior número possível de pessoas” para filiação, cujo prazo se encerra em outubro, já tendo em vista as eleições de 2016 e 2018. No que diz respeito às articulações de alianças, apesar de estar certo uma divisão de forças entre seu partido, o DEM e o PMDB, as discussões mais detalhadas são conversas para outro momento, principalmente sobre a presença dos tucanos no governo de ACM Neto, forte aliado no estado. “Nesse momento onde o prefeito possa até ir para o PSDB, tem essa cogitação, esse estudo; como pode ir para o PMDB. Então acho que nós vamos estar juntos e vamos discutir na hora própria com o prefeito”, pontua. Fora do núcleo estadual, tece críticas ao PT e à gestão da presidente Dilma Rousseff, principalmente sobre os episódios de corrupção, como o esquema investigado pela Operação Lava Jato na Petrobras. “Todos os grandes esquemas de corrupção, esquema criminoso no Brasil começaram em 2003, começaram no governo Lula. A Dilma herdou essa corrupção”, aponta ele, que também tem posições sobre os temas debatidos na Câmara dos Deputados, como a reforma política, que considerou tímida, e a redução da maioridade penal, à qual é favorável.  “Então tem que ter cela separada, presídio separado. Nós somos a favor nessa condição. Isso não quer dizer que é conservador ou não”, argumenta.

O senhor foi eleito presidente do PSDB há pouco tempo e falou em interiorização do partido. Como planeja fazer isso?
O PSDB, falando do PSDB nacionalmente, vive um momento eu diria que muito feliz, com a confiança que é dada pela população. Você deve ter visto a última pesquisa da credibilidade e do apoio da população, e o PSDB tem 9%, o PT tem 11%. Nós estamos em segundo, e o terceiro, se não me engano, tem 2% da preferência da população. Tivemos quase 50% dos votos, o Aécio [Neves]. Temos disputado todas as eleições para presidente desde a democratização; mostra a força do partido, sempre tem mais de um candidato para ser presidente. Tivemos [José] Serra, o [Geraldo] Alckmin, o Aécio, só falando das últimas três eleições. E na Bahia também passamos por esse momento. Eu tenho percebido em quase todas as cidades do interior as pessoas procurando o PSDB. Cidades grandes, cidades pequenas. Veja que o PSDB é identificado como o único ou maior partido da oposição, é o contrário do PT. E nós já sofremos muito com esse efeito Lula aqui na Bahia e no Brasil, principalmente no Nordeste, aqui na Bahia em particular, que as pessoas  eram simpatizantes do PSDB, mas como era o partido que era o contraponto ao PT, elas não queriam se filiar. E hoje está mudando. E as pesquisas que a gente tem visto hoje já mostram isso. As coisas estão mudando porque a preferência que o Lula tinha hoje já perde para o Aécio em quase todas as cidades da Bahia. Então com isso eu acho que as pessoas que tinham desejo de se filiar ao PSDB mas tinham receio político, hoje em dia estão vindo com o PSDB.
O número de filiações no PSDB tem crescido nos últimos anos?
Nós temos aproximadamente 71 mil filiados e vamos fazer uma campanha grande a partir de agora, a partir de junho, para aumentar esse número de filiados. 
 
Isso faz parte também do plano de interiorizar o partido?
Sim, claro. Filiar o maior númeor possível de pessoas; temos recebido muitas filiações via nosso site, o site do PSDB nacional, de forma espontânea, e vamos fazer uma campanha nas cidades onde tem diretório estabelecido. Não só para filiação, mas pensando também em 2016 e pensando em 2018. 

2016 vem aí, ano de eleições municipais, é um bom momento de tentar fazer o partido crescer. Planejam candidaturas próprias em municípios grandes? Qual vai ser a estratégia?
Hoje mesmo (1º de junho) nós tivemos a reunião da Executiva e temos falado em nomes de várias cidades grandes, muitas pequenas vamos ter candidatos, mas isso a gente quer começar a trabalhar... o que nós estamos fazendo agora? Filiando pessoas. Pessoas que querem ser candidatas. E a partir de outubro, quando fecha o prazo para filiação, vamos conversar com o PMDB, com o Democratas, são três partidos que a gente entende que vão estar juntos na eleição em 2016. Onde você tiver o candidato mais forte do PSDB, vai ser do PSDB; onde for do DEM, é do DEM; onde for do PMDB, é do PMDB; isso é o que nós queremos. Lógico que a gente está buscando neste momento a maior quantidade possível de filiados e pessoas com condições de ser candidatas a prefeito. 
 
Aqui em Salvador a expectativa é de que continue a aliança com o prefeito ACM Neto? Buscando de certa forma aumentar a participação do PSDB no segundo mandato? Tem alguma conversa neste sentido?
Nós apoiamos o Neto na eleição dele, foi um apoio imediato, não foi apoio de segundo turno, foi no primeiro turno. Participamos do governo, temos secretaria, estamos participando, e é claro que uma hora nós vamos estar discutindo isso. Nesse momento onde o prefeito possa até ir para o PSDB, tem essa cogitação, esse estudo; como pode ir para o PMDB. Então acho que nós vamos estar juntos e vamos discutir na hora própria com o prefeito. 
 
Se Neto for para o PMDB continua a contento, continua um forte aliado? 
Claro, claro. Aí é opção do prefeito. Gostaríamos que ele estivesse no PSDB, mas isso cabe a ele, vai ser uma decisão dele. Acho que todos os partidos gostaríamos de ter ACM Neto como candidato, como participante do partido. 
O senhor é deputado federal, está em Brasília praticamente todos os dias, participa da vida política em Brasília. Recentemente senadores do PSDB e da oposição se envolveram no caso da visita à Venezuela, foram recebidos de forma grosseira. Como o senhor viu todo esse episódio, inclusive com a posição de governo de que foi um “circo armado” para ganhar visibilidade?
Claro que não foi circo armado. O PT defende direitos humanos só da boca para fora. Você visitar presos políticos, que foram presos em um regime ditatorial. Prendeu por que? Então os senadores de oposição – o governo brasileiro é que deveria estar atuando – foram visitar os presos políticos, e a Venezuela, juntamente com o governo armou para eles não conseguirem visitar. E agora fizeram uma visita “chapa branca”, que não adiantou nada, mas pelo menos deu visibilidade para o que está acontecendo na Venezuela. O Brasil nesse período do lulismo, do petismo, escolheu alguns parceiros: o Irã, os países da ditadura africana; na América do Sul, a Venezuela, a Bolívia e o Equador, a Argentina. Escolheu alguns que não são países recomendados em uma democracia plena. Cuba, etc. A presidente por exemplo esteve lá nos Estados Unidos com o pires na mão, tentando alguma coisa, depois da situação que o PT deixou o Brasil, a presidente Dilma e o presidente Lula. Estão lá procurando parceiros realmente que possam contribuir, investir, ter intercâmbio sério, democrático. Estão procurando agora talvez para ganhar o que perdeu.
 
Em Brasília temos o deputado federal Antônio Imbassahy que é um nome do PSDB de projeção nacional, um nome forte, que está sempre no Jornal Nacional, sempre falando sobre essa disputa ideológica do PT e o PSDB. O senhor acha que em uma próxima eleição ao governo, ao Senado, ele pode ser um nome? Imbassahy pretende continuar deputado?
Eu não sei qual é a pretensão dele, confesso honestamente que não sei, mas temos vários nomes. Temos Imbassahy, temos Jutahy, tem meu nome também, fui candidato em 2014. O PSDB tem excelentes nomes. Tem os estaduais também, Adolfo [Viana], Augusto [Castro], Soldado Prisco. Tem pessoas, vai se discutir na hora própria quem seria o candidato. Imbassahy já foi prefeito duas vezes, tem todas as condições de ser candidato a governo, a prefeito, em qualquer cidade, em qualquer estado brasileiro. 
 
Ainda sobre Brasília, o Congresso passa agora pelo processo de votação da refoma política. Como o senhor avalia essa reforma? Alguns deputados reclamaram da pressa com que o presidente apoiou alguns pontos, salientaram alguns outros pontos que foram positivos. Na opinião do senhor, o que até agora foi feito de bom e o que está errado? 
Eu acho que de bom é quase nada. Acho que não teve pressa, isso vem sendo discutido, aliás, o governo que não quis aprovar nada. Se você lembrar, em 2013, quando teve os primeiros movimentos de rua, em junho de 2013, a presidente Dilma afirmou que a reforma política seria mãe das reformas. Você não viu um pronunciamento dela durante esse processo de reforma política. Você não viu um pronunciamente do ex-presidente Lula, então você vê que eles não quiseram aprovar nada. E terminou que o Congresso, sem uma liderança, não teve uma liderança, assim querendo aprovar nada – e a presidente Dilma seria uma delas. Você vê que o PT não se manifestava em praticamente nada. É contra tudo e a favor de nada. Então essa foi a reforma. É contra tudo e a favor de nada. E terminou aprovando, de coisa importante, eu diria que o mais importante, na minha ótica, seria o fim das coligações. A cláusula de desempenho do partido. Como é que pode se coligar partidos completamente diferentes de pensamento? E aí termina que se coliga por conta do tempo de televisão, e aí tem toda essa corrupção que existe, dinheiro, etc, que todos nós sabemos disso, é assim que funciona. É isso que tem que acabar. O fim da coligação vai acabar com isso E outra coisa é cláusula de barreira, de desempenho. Não pode um partido, como aprovou lá, ter direito a fundo partidário com um deputado apenas. Por isso que nós estamos hoje com mais de 30 partidos políticos. Acho que para moralizar o Brasil, se você acabasse com as coligações seria um salto muito grande, você teria um ganho muito grande. Infelizmente o Eduardo Cunha queria o distritão, terminou não acontecendo nada e agora o Senado não sabemos como vai se comportar com aquelas reformas que nós aprovamos, que foi muito tímido, mas a gente não sabe agora o que vai acontecer no Senado. 
 
Eduardo Cunha se posicionou sobre o parlamentarismo, ele acha que é algo que deve entrar em discussão. Qual a posição do senhor, do PSDB da Bahia e dos seus pares em relação a isso?
O PSDB é a favor do parlamentarismo, mas acho que é fora de hora agora. Nós temos toda a reforma política e de repente surge o Eduardo Cunha falado em parlamentarismo. O PSDB é a favor do parlamentarismo. Não sei se esse é o momento, é coisa nova, começou a ser veiculado isso a partir desse final de semana, e durante a reforma política, que deveria estar sendo discutido isso, em nenhum momento foi discutido. 
 
O PSDB é um partido liberal, mas boa parte não é conservador, e até por isso existe uma discussão muito grande sobre a redução da maioridade penal. Qual a sua posição em relação a isso?
Acho que é interessante que alguns assuntos o PT coloca: se você é a favor de determinado assunto, você é conservador; se for contra... Então não é ser conservador ou não. A maioridade penal, está para reduzir para 16 anos e eu particularmente vou votar a favor, é o que o brasileiro quer. Nós somos deputados, 90% dos brasileiros querem que diminua para 16 anos. É claro que tem que tomar os cuidados, isso para crimes hediondos, assalto com morte, etc. Não pode ser para tudo. Até porque a gente não tem cadeia para isso, não pode misturar um menino de 16 anos com um marginal de 30 anos. Então tem que ter cela separada, presídio separado. Nós somos a favor nessa condição. Isso não quer dizer que é conservador ou não. Eu tenho escutado a imprensa falar muito: "o Congresso hoje, o Parlamento hoje, os deputados hoje são mais conservadores". Eu acho que tem posições pessoais, por exemplo do ex-presidente, é um evangélico e tem as posições pessoais dele. Mas isso não quer dizer que isso é a Câmara. Ele é o presidente, ele é evangélico e tem opções conservadoras em alguns aspectos, mas é pessoal dele, isso não reflete a Câmara como um todo. Eu tenho visto é muitos jovens, muitos deputados jovens, muito bons deputados, muito bons parlamentares nessa safra nova – temos uma renovação de mais de 40% -- pensando no Brasil. 
O mensalão foi um golpe forte no PT, logo depois, agora, tem o “petrolão”, a Operação Lava Jato. O senhor acha que essas coisas dão por encerrada a era petista no Brasil? Que o que vem pela frente é um governo com outros partidos?
Não só por isso. Vamos pensar assim: quando o PT começou a governar o Brasil em 2003, ele encontrou o Brasil, o mundo crescendo. Nunca cresceu tanto quanto de 2003 a 2008. E o PT perdeu essa oportunidade,  nós perdemos uma década em função do PT. Porque todos os recursos que estavam entrando em função das exportações para a China, a China carente de matéria-prima, minério de ferro, soja, alimentos, etc, que o Brasil tem em abundância; todos os recursos que nós conseguimos a mais todos esses anos do crescimento mundial, e nós crescemos abaixo da média mundial, era para ter sido investido em outra atividade do Brasil e na infraestrutura. Nada disso foi feito. Aumentou o custeio da máquina pública. E aí juntamente veio a corrupção. Aí pronto, aí que desgraçou mesmo o Brasil. Todos os grandes esquemas de corrupção, esquema criminoso no Brasil começaram em 2003, começaram no governo Lula. A Dilma herdou essa corrupção. É o mensalão; terminou no governo dele mas depois começou o petrolão. Eu faço parte da CPI da Petrobras, todas as pessoas que foram depor lá falaram, e falaram claro. Se existia corrupção no passado, existia. Mas era uma corrupção localizada, um diretor, um funcionário. Não tinha um esquema montado para roubar, assaltar os cofres do Brasil. Agora sim, teve um esquema montado. As pessoas hoje falam: quem é que tem tesoureiro do PT preso? Quem que tem deputado, ex-ministro do PT preso? Nós governamos até 2002, vê se tem alguém preso do PSDB. Levantam a suspeita, licitação do metrô, mensalão do PSDB. De concreto o que é que a gente tem? Absolutamente nada! Eles querem colocar o PSDB na mesma vala. Aliás querem colocar todos os políticos, não é? Mas não tem nada, absolutamente nada. Todo dia é assim: você vê esquema de corrupção, maior ou menor proporção, do PT, montado pelo PT. 
 
O senhor acha que o PT estimula uma desvalorização do político? Do político como pessoa? Acaba fortalecendo essa imagem de que todo político é ladrão?
É o que ele tenta vender hoje para a sociedade, que todo político é ladrão, etc, fala do esquema de corrupção do PSDB, do tempo do PSDB. Mas se existisse, se existiu o esquema de corrupção até 2002, nos oito anos do governo de Fernando Henrique, porque logo depois não denunciou, não investigou? Foi o que? Precarizou? Não, é porque não existia. Pode ter existido casos isolados de corrupção. Nós não estamos tratando de casos isolados de corrupção, nós estamos tratando de um esquema, de quadrilha mesmo. Isso não existia. É só você ver os números hoje. Veja os números que tinham no governo Collor, de corrupção, e veja os números hoje. Chega a ter uma pessoa que era gerente, o [Pedro] Barusco, era gerente da Petrobras, devolveu R$ 100 milhões de dólares, um gerente. Eu não estou falando diretor, Paulo Roberto Costa, não estou falando disso. Montaram um esquema para assaltar o Brasil. Então a verdade foi essa. 
 
Fora da vida política, o senhor é um empresário muito bem sucedido, todo mundo que passa por Praia do Forte vê seus empreendimentos. Algum empreendimento ali é do senhor? O que o senhor acha da exploração comercial daquela área? 
Eu sou empresário desde 1979, montei meu primeiro negócio, era uma indústria, hoje é a empresa Atol. Depois montei supermercado, fui proprietário do Petypreço, meu grande investimento foi na época do Petypreço, montei empreendimentos lá no Mato Grosso, montei supermercado, hipermercado, vim para o leste. Tenho investimento em vários locais. É natural que uma cidade aqui próxima, que eu sou eleitor, que eu vivo lá, tenho casa lá, fui prefeito, que eu tenha alguns empreendimentos. Então entrei de sócios com alguns grupos, com vários grupos aqui da Bahia, isso depois que deixei de ser prefeito, diga-se de passagem, comprando de empresas da Espanha. Tem um empreendimento, de um grupo espanhol, nós adquirimos, e minha empresa tem menos de 25%. Eu não sou o proprietário, eu tenho uma participação no grupo, na sociedade, com 25%, 24%. Essa é minha participação. Como tenho investimentos aqui em Salvador, vou inaugurar uma loja em Lauro de Freitas,  estou iniciando a construção de duas obras aqui em Salvador. Meu maior investimento ainda é em Salvador. Sou empresário que já assinei carteira de mais de trinta mil pessoas na Bahia e outros estados, enfim, eu tenho direito de ter em qualquer lugar e tudo que eu fiz na minha vida, tudo muito tranquilo. E para ser uma pessoa da oposição, denunciando tanto quanto eu denuncio a corrupção dentro do PT, tem que ser uma pessoa bastante limpa, senão tem problema. Então toda minha vida, minha campanha, fui candidato a prefeito duas vezes, banquei eu e minhas empresas toda minha campanha, não precisei ter dinheiro de ninguém. Fui candidato a deputado agora, banquei toda minha campanha. É só olhar no site, quem financiou minha campanha foi eu e minhas empresas. Eu acho que se eu posso contribuir para alguma coisa é na vida política. Acho que na política qualquer pessoa – isso eu falo em qualquer canto, como prefeito de uma cidade que as pessoas não me conheciam – em oito anos eu transformei a cidade em todos os aspectos, na saúde, na educação, na infraestrutura. Então é muito gratificante ser um político, ser um prefeito, ou ser um deputado, que contribua com seu país. Acho muito melhor do que fazer doações para algum hospital, instituição de caridade, é você entrar na política e fazer um trabalho sério, dedicado, com responsabilidade, e sem ser corrupto.