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Entrevista

José Araripe avalia que TVE sofre do “não vi e não gostei” - 29/06/2015

Por Alexandre Galvão

José Araripe avalia que TVE sofre do “não vi e não gostei” - 29/06/2015
Fotos: Luana Ribeiro/ Bahia Notícias
Anunciado pelo governador da Bahia Rui Costa, o “Pacto pela Educação” terá a TVE como parceira. A afirmação é do diretor do Irdeb José Araripe. “Vamos ter aulas do Enem, do Emitec. Elas estão sendo formatadas para, a partir da segunda quinzena de julho, ter aulas em três horários diferenciados de exibição. Essa TV hoje que já tem arte, cultura, esporte, vai ganhar um reforço de educação. Um reforço emergencial para o que se exige de uma TV educativa”, afirmou, em entrevista ao Bahia Notícias. Com investimento de R$ 20 milhões nos últimos oito anos, a TVE sofre, segundo Araripe, do “não vi e não gostei”. “O que acontece hoje com a TVE é uma grande injustiça”, concluiu. Ainda de acordo com ele, em um ano de cortes, como 2015, a TVE prioriza a reprise do que já existe. “Esse ano eu chamo do ano da reprise. Nós, desde cedo, nos aliamos ao esforço de apertar os cintos”, explicou.
 
Para iniciar nossa entrevista, gostaria que o senhor explicasse como funciona a TVE para o nosso leitor. Ela, por ser do Estado, tem um outro formato de funcionamento. 
O Irdeb tem 47 anos e nasceu para ser um órgão voltado para a educação. Inicialmente teve o papel pioneiro de ajudar a comunicação na educação. Houve um certo investimento e surgiu a rádio e depois a TV, que já tem 30 anos. O papel da TV pública mudou nos últimos tempos. Havia uma noção de que TV estatal era uma coisa e pública outra. Identifico uma TV estatal como a NBR, mas não a TV Brasil. A preocupação da TV Brasil não é que ela seja porta-voz do governo vigente. Neste sentido, buscou-se o modelo da BBC de Londres. A TV Brasil – ao qual somos afiliadas - compreende que a TV tem que ser plural, ela não pode ser fincada numa sede específica. A TV Brasil busca uma rede na qual existam mais vozes e outros sotaques possíveis. Neste sentido, vozes étnicas diferenciadas. A TVE, ao longo da sua vida, transmitiu TV Cultura, TVE... queríamos dar um panorama do Brasil. A regionalização sempre foi um problema das TVs. As locais não conseguem fazer, pois custa muito caro. Mas a TVE consegue, pois tem mais liberdade e a própria rede permite que as afiliadas tenham suas faixas maiores.
 
O senhor falou de liberdade. O PT, durante a campanha de 2014, tentou pautar a regulamentação da mídia, mas o processo está parado. Como o senhor vê a proposta?
Lá atrás, quando lançaram a Ancinav, houve uma grita da mídia, mas depois foi provado que não tinha nada de censura. A Ancine veio, regulou o mercado e ficou tudo bem. Nessa guerra midiática que a oposição faz ao governo do PT, todas essas novidades foram rechaçadas. A TV Brasil mesmo foi chamada durante um tempo de TV Lula.  O Estadão e a Folha chegaram a fazer editoriais pedindo o fim dela. A TV Brasil foi a fusão da Radiobras com a TVE do Rio. A própria TVE do Rio tinha mais de 40 anos – muito antes do governo Lula. Na TV Brasil, se você assiste criteriosamente, vai ver que não é “chapa branca”. Assista o jornal à noite e compare: qual o mais “chapa branca”? O da TV Brasil ou o da líder de mercado? 
 

O governador Rui Costa assumiu o Estado e mudou o Irdeb para a Secretaria de Educação. O que foi que mudou no Irdeb, o que vai mudar? 
A principal mudança é a diretriz do conceito. Esse conceito está sendo pensado ainda dentro da secretaria de Educação com o apoio da de Comunicação. Vamos aumentar os programas de esporte amador. Vamos lançar os jogos estudantis – pois, achamos que o esporte é uma forma de educar. Dar ênfase ao esporte de quadra e campo. São competições que já acontecem, mas vamos trazer para dentro da TV. O outro grande passo, no momento, é o programa de auditório chamado “talento estudantil”, onde mostraremos que a arte, aplicada dentro da escola, gera resultados. São programas que a secretaria de Educação já faz, mas vamos trazer para a TV. Vamos ter também aulas do Enem, do Emitec. Elas estão sendo formatadas para, a partir da segunda quinzena de julho, serem exibidas em três faixas de horário. Essa TV hoje que já tem arte, cultura, esporte, vai ganhar um reforço de educação. Um reforço emergencial para o que se exige de uma TV educativa. Nós temos, hoje, os estúdios mais modernos do país, temos full hd, câmeras de alta definição e tudo isso veio do governo Wagner e de Rui – que fazia parte do governo Wagner. Foram investidos mais de R$ 20 milhões. Agora, toda essa obra não ganhou a divulgação necessária para que as pessoas possam ver. O que acontece hoje com a TVE é uma grande injustiça. É o “não vi e não gostei”. Falta a “segunda parte” da obra, mas isso está sendo revisto pela secretaria de Comunicação.

O governador tem se queixado da arrecadação do Estado. No âmbito federal, também, verbas já foram cortadas. O senhor teme que o Irdeb seja atingido por essa contenção de gastos? 
Esse ano eu chamo do ano da reprise. Nós, desde cedo, nos aliamos ao esforço de apertar os cintos. Estamos produzindo pouca coisa inédita e usando nossa força interna – que já é um gasto fixo. Então, contratos que demandam pedidos de verbas, quase cortamos a zero, pois sabemos que não podemos criar mais gastos.
 
Qual o orçamento hoje do Irdeb? 
Por volta de R$ 30 milhões. Aí envolvendo a maior parte custeio de pessoal. Agora, a grande qualidade do Irdeb hoje é ser um patrimônio estratégico. Temos 410 torres em 390 localidades. Não são ainda torres em todos os municípios – ainda. Esse patrimônio hoje é o nosso mais valioso. Apresentamos a necessidade ao governo de que essa malha possa ser usada para ter um retorno. Você tem operadoras penduradas em nossas torres sem pagar nada.