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Entrevistas

Entrevista

Marcelo Nilo pleiteia ao menos um espaço na chapa majoritária - 04/11/2013

Por Evilásio Jr. / José Marques / Sandro Freitas

Marcelo Nilo pleiteia ao menos um espaço na chapa majoritária - 04/11/2013
Foto: Alexandre Galvão / Bahia Notícias
Em uma incessante corrida para viabilizar candidatura ao governo da Bahia, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PDT), não avalia as 1.200 entrevistas que concedeu a rádios em 2013 e as inserções televisivas em que diz que as obras da Bahia “passam por sua caneta” como propaganda antecipada. “O que estou querendo é me tornar conhecido. Estou querendo levar meu projeto”, considerou, em entrevista ao Bahia Notícias. Segundo ele, se for para “impugnar quem faz política antecipada”, os pré-candidatos Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (PSB), Eduardo Campos (PSB) e a própria presidente Dilma Rousseff (PT) teriam que ser penalizados. “Você acha que ela [Dilma] veio inaugurar a Via Expressa apenas pela parte administrativa? Claro que foi política”, considerou. O pedetista pleiteia, se não o cargo máximo do Executivo baiano, ao menos um espaço na chapa majoritária. De preferência, aliada ao governador Jaques Wagner. Ele não dispensa, no entanto, completar oito meses à frente do governo, em um mandato tampão, caso Wagner e o vice-governador Otto Alencar renunciem para concorrer à disputa do ano que vem. “Um mandato tampão é uma honra, porque são nove meses e dá para você fazer um projeto como Otto fez quando foi governador. Eu nunca disse que não aceitaria. Eu disse apenas que isso não está colocado à mesa”, pincelou. Com a proximidade das eleições, o parlamentar também foi posto à prova com acusações de que haveria desvio de função nos policiais militares lotados na AL-BA e beneficiamento do “paquera” de sua filha, Natália Nilo, como subprocurador do Poder Legislativo do Estado. Ele nega ambas as denúncias e refuta uma “aposta” feita pelo denunciante, o Capitão Tadeu (PSB). O socialista disse que renunciaria caso não houvesse irregularidades nas funções dos PMs na Casa. Por outro lado, cobrou que Nilo deixasse o cargo caso os problemas fossem detectados. “Eu gosto muito do deputado Tadeu. Mas ele foi infeliz. Ninguém pode apostar o que não tem. Eu não posso apostar um mandato de 140 mil votos contra um de 30 mil sub judice pelo Tribunal Superior Eleitoral”, comparou. 
 

Fotos: Alexandre Galvão / Bahia Notícias

Bahia Notícias – O senhor almoçou com o chefe da Casa Civil da Bahia, Rui Costa, e na última quinta-feira (31), o PP se rebelou. Ameaçou, inclusive, sair da base. No almoço com Rui Costa ficou definido que o PDT vai ter mesmo vice na chapa? Rui Costa é o candidato?
 
Marcelo Nilo – Antes de tudo, Rui Costa é meu amigo. Não houve discussão de vice. Ele disse que é pré-candidato a governador e eu disse que eu sou pré-candidato a governador. Eu acho que o mais importante é cada partido colocar seu candidato neste momento. Em fevereiro, a gente senta e aquele que tiver as melhores condições políticas será o candidato da base. Com relação ao deputado Mário Negromonte (presidente estadual do PP), eu não posso fazer nenhum comentário porque somente ele pode responder a essa pergunta.
 
BN – Mas é Rui Costa o candidato do PT?
 
MN – (Breve silêncio) Acho que não está decidido. Pelo que eu senti do senador Walter Pinheiro (PT), ele manterá sua candidatura até o fim.
 
BN – O governador Jaques Wagner disse que é consenso na base que o candidato tem que ser do PT, mas o PP disse outra coisa. Negromonte falou no vice-governador Otto Alencar (PSD) para cabeça de chapa, por exemplo. Na sua avaliação e do PDT, o candidato tem que ser do PT?
 
MN – O PT tem a preferência, mas não tem exclusividade. O PT me apoiou para presidente da Assembleia [Legislativa] quatro vezes, e todas as quatro aos 47 minutos do segundo tempo. Eles discutem, discutem, discutem, mas eles são inteligentes: vão colocar o melhor candidato para vencer as eleições. E esse candidato, neste momento, é Marcelo Nilo.
 
BN – O melhor candidato da base vai ser um só?
 
MN – Depende das circunstâncias. Depende de como o técnico quer armar o melhor time, com quatro zagueiros ou com três zagueiros e quatro atacantes. Minha decisão é que o PDT, sob hipótese alguma, não estará em uma chapa majoritária. Por quê? Porque o PDT hoje tem uma vaga. Por que o PT pleiteia a cabeça de chapa? Porque eles têm uma vaga hoje na majoritária. Por que é que Otto Alencar pleiteia ser senador? Porque ele tem hoje uma vaga na chapa. E o PDT tem essa vaga, que é do [senador] João Durval. O que nós queremos é trocar: ceder a vaga de senador e pedir a cabeça, que é governador do estado da Bahia.
 
BN – O PDT tem o senador João Durval e vocês têm falado insistentemente nisso, mas o próprio João Durval está afastado da política e, na eleição para prefeito de Feira de Santana, apoiou o candidato do Democratas. Ele avaliza o nome dele para uma negociação de chapa?
 
MN – O PDT, quando convidou todos os membros sob a coordenação do presidente Carlos Lupi, decidiu unanimamente que eu deveria ser candidato a governador. Eu tenho uma relação profunda com o senador João Durval. Foi ele que me deu meu primeiro emprego em 1979 na Embasa. Naquela época não era concurso, era contratação. Eu entrei na Embasa como estagiário e saí como presidente.
 
BN – Mas João Durval está participando dessa tratativa do PDT?
 
MN – Quem conversa com o senador João Durval é o presidente Carlos Lupi. Inclusive, nós demos o diretório de Feira de Santana para ele indicar os membros. Ele tem participado do partido e é, sem dúvida nenhuma, a nossa maior liderança política. É senador, foi governador, foi prefeito, foi secretário, foi deputado federal. Nesse momento, a unidade do PDT decidiu que deve pleitear a cabeça de chapa. Isso inclui Marcelo Nilo.
 
 
BN – O senhor falou algo interessante: pleiteia a chapa majoritária, é candidato a governador, só que o senhor já disse que o PT tem a preferência. Em um cenário que é provável que aconteça e o PT indique o candidato a governador, o que vai restar para Marcelo Nilo? Ser vice, integrar a chapa em outro ponto ou integrar uma chapa fora da base?
 
MN – Eu sou candidato a governador. Não quero ser vice, nem quero ser senador. Eu quero ser governador, sabe por quê? Porque eu acho que para você ser governador você tem que ter um tripé: político, gestor e administrador. Se você for governador apenas como político, você estoura o orçamento do Estado apenas no primeiro ano. Se atender a 10% dos pleitos dos vereadores e dos prefeitos, o orçamento não permite. Mas se for apenas gestor e não for político, você não tem o calor humano, não sabe as demandas da sociedade. E você tem que ser administrador para fazer um planejamento estratégico para a Bahia. Eu tenho esse tripé. Pelo meu currículo, pela minha história, por ter sido quatro vezes presidente da Assembleia, da Casa do Contraditório, e tive 62 votos de 63 existentes em uma votação secreta. Dizem que o único voto contrário foi o meu. Eu nunca disse sim nem não porque a votação é secreta, então eu estou preparado para ser governador, eu quero ser governador. Nem de direita, nem de esquerda, eu quero ser governador olhando para a frente e pensando no futuro da Bahia. Estou convencido de que se eu for eleito, serei um grande governador, por diversos fatores: primeiro, porque eu convivi sete anos com o governador Jaques Wagner, sei as qualidades dele e sei os equívocos, e eu estou convencido de que irei fazer muito mais.
 
BN – O presidente estadual do PDT, Alexandre Brust, disse para nós que se o senhor não tiver lugar na chapa majoritária, vai se candidatar a governador de qualquer forma.
 
MN – Se o PDT não for convidado para a chapa majoritária, você pode ter certeza como dois e dois são quatro que eu serei candidato a governador até o dia da eleição. Eu acho que estou com condições políticas para ser candidato e acho que meu partido tem condições para pleitear esse cargo. Agora o técnico é o governador Jaques Wagner. Se ele me convidar para participar da chapa como vice ou como senador, por exemplo, isso não quer dizer que eu aceitarei. Mas se eu for convidado, é óbvio que eu pensarei diversas vezes, pois eu tenho uma relação profunda tanto fraternal quanto política com o governador Jaques Wagner. Eu acho que o PDT de Marcelo Nilo merece estar em uma chapa majoritária. Inclusive, na cabeça de chapa.
 
BN – Nas eleições municipais, até quase os 45 minutos do segundo tempo, o PDT também estava colocando que ia ter uma candidatura em Salvador. No final de tudo acabou fora até da chapa majoritária e só elegeu um vereador...
 
MN – Mas naquela época eu apoiei Nelson Pelegrino (PT) desde o início. Não havia unanimidade no partido. Vários parlamentares, vários membros do partido queriam apoiar Nelson Pelegrino. Alguns membros do partido queriam apoiar ACM Neto. Eu sou candidato a governador da unanimidade, tanto da executiva nacional quanto da executiva estadual. É um pouco diferente. Naquela época eu trabalhava para apoiar Nelson Pelegrino, mas é óbvio que eu respeitaria a decisão do partido. Naquele momento não éramos unânimes como somos hoje. Eu disse ao governador Jaques Wagner na reunião do PDT com ele, que se o PDT não for convidado para a chapa majoritária, eu sentiria muito, porque tenho uma relação fraternal com ele, mas minha candidatura iria até o fim. Se vai ganhar ou não, vai depender do povo.
 
BN – O senhor já disse que não toparia um acordo em que a chapa majoritária vá ficar com o PT, PP e PSD, com Wagner saindo candidato e o senhor assumindo um mandato tampão de oito meses. O senhor garante que isso não vai acontecer?
 
MN – Eu nunca garanti isso em lugar nenhum. Para ser governador tampão, tem que ter a renúncia do governador Jaques Wagner, tem que ter a renúncia do vice-governador Otto Alencar e a Assembleia tem que me aprovar. O governador irá até o fim, segundo ele diz em público e me disse confidencialmente. Nunca se conversou com o vice-governador Otto Alencar para ele renunciar. Além disso, um mandato tampão é uma honra, porque são nove meses e dá para você fazer um projeto como Otto fez quando foi governador. Otto hoje tem sua força política quando foi governador tampão. Eu nunca disse que não aceitaria. Eu disse apenas que isso não está colocado à mesa porque depende de duas pessoas: o governador, o vice e também da Assembleia.
 
BN – O senhor avalia essa possibilidade?
 
MN – Em política eu nunca digo “dessa água não beberei”. Porque eu nunca imaginei na vida chegar aonde cheguei. Nunca. Meu sonho era no máximo ser deputado estadual por um ou dois mandatos. Hoje estou com o segundo cargo politicamente mais importante do Estado que é a presidência do Poder Legislativo. Mas política é dinâmica. O que eu gostaria mesmo é de estar ao lado do governador Jaques Wagner em 2014.
 
 
BN – Após as palavras do deputado Mário Negromonte, virou público o que todo mundo já sabia: existe uma disputa do PP e PDT pelo terceiro lugar na chapa majoritária. Negromonte disse que é amigo do senhor, que não tem problema com o senhor, mas que o senhor tencionou uma disputa. O senhor acha que criou essa tensão para o PP?
 
MN – Primeiro, que eu não vi o deputado dizendo isso em lugar nenhum. Segundo, que eu tenho uma relação profunda com ele. Nós já fomos grandes amigos. A política nos separou, mas essa mesma política nos uniu novamente, e essa amizade será permanecida. Em nenhum momento eu tencionei porque eu não estou disputando ser candidato a vice. Eu nunca disputei ser candidato a vice. Eu não estou dizendo que eu não serei vice, porque nós temos um técnico e eu tenho um partido. É óbvio que técnico e partido, sentados, discutirão. Mas eu acho que, pelas condições políticas que cheguei, seria uma surpresa para mim e para o mundo político não ser convidado para a chapa majoritária, porque há três anos eu era muito menos forte politicamente e eu fui convidado para ser senador da República na chapa de Jaques Wagner, uma chapa favorita. E eu não quis. Talvez eu seja o único sujeito do Brasil que preferiu ser deputado estadual a senador. Sabe por quê? Pelo amor que eu tenho à Bahia. Eu conheço os 417 municípios da Bahia e achava, como acho hoje, que é mais importante fazer a política estadual do que a federal. O que eu gosto é do meu estado, de viajar para o interior e conversar com o cidadão, com a cidadã, de ver as demandas, as angústias, as necessidades e estudar soluções. Eu não quis ser senador naquela oportunidade, mas hoje é um quadro diferente. Política é dinâmica. Então vamos aguardar o que o técnico vai decidir e o que ele decidir nós sentaremos e discutiremos. Mas sob hipótese alguma o PDT vai aceitar não estar em uma chapa majoritária, porque nós temos todas as condições políticas para ser de uma chapa.
 
BN – Fora do governo do Estado, tem outro projeto aliado a uma candidatura nacional que é o do PSB. O senhor aceitaria se aliar à senadora Lídice da Mata em uma chapa majoritária concorrendo com um possível candidato do PT?
 
MN – A senadora Lídice da Mata vai sair em carreira solo. Ela decidiu que apoia Eduardo Campos e o governador decidiu que quem apoia Campos não participará da sua chapa. Eu tenho uma relação de amizade de 40 anos com a senadora Lídice da Mata, mas eu gostaria de ficar junto do governador Jaques Wagner pelas relações que nós construímos. Eu sou muito grato e leal ao governador – mas eu tenho um partido. Eu sou muito grato e leal ao governador – mas eu tenho um projeto. Eu sou muito grato e leal ao governador – mas eu acho que eu mereço ser convidado pela chapa da base do governo. Porque eu tenho uma relação com o governador que deu certo. Ele sempre me respeitou como presidente da Assembleia e eu sempre o respeitei como governador. Nós somos independentes, mas somos harmônicos. Eu não sou liderado pelo PT. Eu sou aliado do PT, eu sou parceiro do PT. É uma parceria de 23 anos na Assembleia Legislativa. Mas o PT pensa de um jeito e eu penso de outro. O PT tem um projeto e eu tenho outro. Meu projeto é no meu partido, meu projeto é exclusivamente para a Bahia. Eu tenho um técnico, que é o governador, mas se ele não apresentar proposta para o meu partido, nós já decidimos sob a coordenação do presidente Lupi e do presidente Alexandre Brust que minha candidatura será mantida. Eu quero ser candidato. Eu estou determinado a ser candidato. Eu completei 1.200 entrevistas no ano só para rádio. Só para vocês terem ideia, ontem eu fui a Guanambi, Caetité, Brumado, Ibiassucê, Caculé e Igaporã. A semana passada eu saí daqui às 5h, dei uma entrevista às 7h em Feira, 9h em Riachão do Jacuípe, 11h em Capim Grosso, 13h em Jacobina, 15h em Campo Formoso, 17h em Filadélfia e 21h em Senhor do Bonfim. Sete entrevistas em um único dia, ao vivo e presencial. Por que eu faço isso? Porque eu não tenho condições físicas de sair de casa em casa. Eu converso com radialistas e conversando com radialistas eu estou falando com o povo. Eu estou determinado a ser governador, agora vai depender do povo. Eu tenho as condições políticas para ser governador. Estou com vontade.
 
BN – Há conversas nacionais do PSB com o PDT e o PP. Segundo informações que têm sido ventiladas, essas conversas envolvem a Bahia também. O deputado Marcelo Nilo já foi chamado para alguma tratativa diretamente com o comando nacional sobre a eleição aqui na Bahia?
 
MN – Eu converso diariamente com o presidente Lupi e ele já me disse em alto e bom som que a Bahia será decidida pelo diretório estadual. Quem decide a política nacional é o diretório nacional, quem decide a política estadual é o diretório estadual – sempre ouvindo o presidente.
 
BN – O senhor tem conversado diretamente com Lídice da Mata?
 
MN – Eu converso com Lídice da Mata duas ou três vezes por semana.
 
BN – Sobre eleição?
 
MN – Sobre política, sobre eleição, não tenho preconceito nenhum. Eu converso constantemente até com o ex-presidente [do PMDB na Bahia e deputado federal] Lúcio Vieira Lima. Não tenho preconceito. Eu aprendi com o governador Jaques Wagner a respeitar o contraditório. Vocês viram que eu fui à filiação dos deputados do DEM. No almoço que fizeram para mim no Sal e Brasa estiveram presentes 64 prefeitos de todos os partidos políticos da Bahia. Estava o presidente do DEM, Paulo Azi, e o presidente do PT, Jonas Paulo. Eu converso com todos os partidos. Eu quero conquistar o governo junto com o governador Jaques Wagner, mas vai depender da proposta política que ele fizer ao meu partido, porque eu tenho um líder, que é o PDT, e tenho um amigo fraternal, que é o governador Jaques Wagner. Eu converso com ele pessoalmente com muita seriedade e sinceridade.
 
 
BN – O senhor disse que fez 1.200 entrevistas na rádio. E o senhor tem feito campanha em favor do seu nome. Não teme ser enquadrado na legislação eleitoral por propaganda antecipada?
 
MN – Não, o que estou fazendo é me tornar conhecido na Bahia. Eu nunca disse em rádio que fazia campanha...
 
BN – Mas o senhor diz que quer ser governador e que é candidato...
 
MN – Eu sou pré-candidato. Eu nunca disse que sou candidato, porque não existe candidatura antes da convenção. Mas o que estou querendo é me tornar conhecido. Estou querendo levar meu projeto. Se você quiser impugnar quem faz política antecipada, vai ter que penalizar Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos, que está correndo o Brasil todo como governador de Pernambuco.
 
BN – Dilma também?
 
MN – Dilma também, ela está correndo o Brasil. Você acha que ela veio inaugurar a Via Expressa apenas pela parte administrativa? Claro que foi política. E todo o Brasil sabe que ela é candidata à reeleição. Mas eu tenho muito respeito pela Justiça Eleitoral, sempre procuro conversar com o procurador, Dr. Sidney Madruga, até que limite eu posso ir. Eu, por exemplo, estava colocando outdoors, eles pediram para eu retirar e eu retirei. Eu sempre procuro estar sintonizado. Mas vocês ficam aqui me entrevistando, perguntando se eu quero ser governador. Eu quero ser governador da Bahia, mas isso depende do povo.
 
BN – Mas nas eleições para prefeito, o procurador enquadrou o então candidato Mário Kertész (PMDB) porque ele tinha outdoors de eventos que ele fazia com a figura dele maior que a do entrevistado. Nas propagandas do PDT na televisão, você é o único afiliado ao partido que aparece. Aquilo não é propaganda antecipada?
 
MN – Mas é o partido que foi generoso comigo e me deu todas as inserções. E é uma campanha institucional da Bahia. Em nenhum momento eu falo de política. O que eu digo é que eu conheço a Bahia, que os projetos da Bahia – uma escola, um hospital, uma estrada, um centro tecnológico – têm a tinta da minha caneta. Por quê? Porque passam pela Assembleia Legislativa. Como eu sou presidente, quem assina os projetos enviados ao governador, principalmente o orçamento, sou eu. Então, eu tenho uma participação, modéstia parte, nessas obras que o governador Jaques Wagner fez na Bahia.
 
BN – Teve até deputado que saiu do PDT e outros ameaçaram sair do partido e alegam que a legenda está trabalhando pela candidatura de Marcelo Nilo. O senhor não teme que essa exposição generosa que o partido tem com o senhor cause uma ciumeira interna?
 
MN – Mas eu tive porque os deputados me deram. Quem me deu essas inserções foram os deputados federais e estaduais. Se você dá, não tem porque ter ciúmes, porque eu faço tudo combinado com os deputados federais e estaduais. Eles estão apostando na minha pré-candidatura. Não tem porque ter ciúmes. Ciúme de homem é pior que ciúme de mulher, mas nesse caso não existe ciúme, porque se eles me deram espontaneamente não tem motivo para ter ciúmes.
 
BN – Falando nisso, quem tem um pouco de ciúmes é o pessoal da oposição na Assembleia. Em seus anos à frente da Presidência, o senhor fala que trabalhou muito em parceria com o governo. Uma das reclamações dos deputados é que o Legislativo, em sua maior parte, só vota projetos do Executivo. Como o senhor vê essas críticas de que o senhor trabalha para o governador? 
 
MN – Eu sou presidente da Assembleia por quatro vezes. Em três delas, fui lançado pelos deputados de oposição. No mês passado, tomei uma decisão às quatro da manhã de atender aos interesses da oposição, fui aplaudido de pé. No dia seguinte, tomei a decisão de que ia atender ao líder do governo, os deputados de oposição me criticaram. Ou seja, o juiz de futebol quando marca pênalti para um time, é criticado. Quando marca para o outro, a crítica é na mesma proporcionalidade. Nunca na história do parlamento, as oposições tiveram tanto espaço para exercer os seus mandatos. Eu sou o único deputado da Bahia que fiquei 16 anos na oposição e nunca relatei um projeto. Constantemente os deputados da oposição relatam projetos importantes. Todos os projetos da Assembleia Legislativa passam pela discussão com os deputados de oposição. Nunca na história da Bahia a Assembleia Legislativa recebeu os movimentos sociais como nós recebemos: os negros, os homossexuais, os quilombolas, os sem-teto, os empresários, as mulheres, os índios, todos foram recebidos quando queriam ter visibilidade na casa. Os professores ficaram 104 dias acampados na Assembleia Legislativa. Portanto, a oposição é muito consolidada e aguerrida. Mas sem olhar para o retrovisor e fazer crítica ao colega, eu não tive 10% da estrutura e do apoio político que eu dei aos deputados de oposição, tanto é que todos sem exceção têm uma relação pessoal e política comigo, porque eles sabem que o meu limite é o regimento e a Constituição. Agora, é obvio que quando é um projeto da importância que foi o do metrô, eu realmente usei o regimento para votar, porque o projeto era importante demais para Salvador. Naquele dia, os deputados de oposição esqueceram de se inscrever no livro para discutir. Ora, eu não podia ser generoso com eles naquele momento como sempre fui: eu precisava votar o projeto do metrô. Então eu tomei a decisão política correta. A sessão teve 24 horas de obstrução. Eu sempre respeitei a oposição, tanto é que a minha amizade com o líder do governo Zé Neto (PT) é da mesma proporcionalidade à que tenho com o líder da oposição Elmar Nascimento (DEM).
 
BN – O deputado Marcelo Nilo é a favor ou contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento Impositivo?
 
MN – Pessoalmente, eu sou contrário. Porque eu acho que não é a função dos deputados. A função do deputado é elaborar as leis do Estado e fiscalizar o Poder Executivo. Não é executar obra. Quem executa obra é o governador. Não é a de indicar obra. Quem indica obra é o orçamento. Eu estou convencido de que ser for aprovada a emenda impositiva, ou o governador ou o presidente da República derruba na Justiça. Mas como presidente, como magistrado, eu colocarei para votar e, se empatar, eu voto favorável, porque eu tenho de defender a maioria. Como deputado, como cidadão, eu sou contrário. Mas não criarei nenhum obstáculo para que a emenda seja votada. Inclusive já comuniquei ao próprio governador e ao secretário [de Relações Institucionais] César Lisboa.
 
 

 
BN – A gente estava falando sobre ciumeira e o senhor tem viajado com sua filha, Renata, que é candidata a deputada estadual. Isso não tem causado ciúme também?
 
MN – Não, porque eu não sou mais candidato a deputado estadual, eu tenho três filhas e uma decidiu que gostaria de ser deputada. Eu disse a ela: minha filha, pense direito, porque você é veterinária. Quando se tornar mulher pública, você vai ter que dar satisfação onde você jantar, onde você andar, como você se veste e o que você fala. Pense direitinho, analise, porque se você quiser decidir que quer ser candidata, terá meu apoio. Agora é preciso saber compreender se na sua veia corre a vontade de servir ao próximo. E ela decidiu que é candidata. Eu fiquei feliz porque é uma mulher e é muito importante uma mulher na política, mas ela pediu para só viajar para o interior a partir de janeiro.
 
BN – Não tem viajado ainda?
 
MN – Não, não tem. Ela decidiu só viajar a partir de janeiro. O projeto é dela. Terá meu apoio, mas ela vai ter de assumir e de cumprir.
 
BN – Além desse episódio, mais outros dois podem ser usados em campanha para atingir o deputado Marcelo Nilo. Como o senhor tem preparado o discurso para tentar responder ao emprego do namorado de Natália Nilo, uma de suas filhas, e o recente episódio de desvio de funções de Policiais Militares na Casa Legislativa?
 
MN – Vamos falar sobre os militares: não existe desvio de funções na Assembleia Legislativa. Eu fui pessoalmente ao Ministério Público pedir para que eles investigassem. O que existiu foi um militar, o Coronel Yuri, que recebeu acidentalmente um tiro na perna e ficou impossibilitado de ser segurança por certo período, e ele me pediu: “presidente, me deixa trabalhar na área administrativa, porque se eu ficar em casa vou entrar em depressão”. O médico recomendou que ele continuasse trabalhando, e ele ficou ativo na área financeira por um período provisório, apenas para não ficar em casa. Agora, inclusive, voltou para a minha segurança. Os militares da Assembleia que, salvo engano, são 54. É o estado que tem menos militares na Assembleia Legislativa proporcionalmente. Eles estão lá para manter o patrimônio público, dar segurança para o presidente e, eventualmente, quando algum deputado viaja para um município violento, que está preocupado, me pede um policial para acompanhá-lo. Então, não existe desvio de função na Assembleia. Estou tranquilo em relação a isso, porque até hoje não vi uma denúncia concreta. Quem é que está em desvio de função? Me diga o nome para eu apurar.
 
BN – Mas o Capitão Tadeu (PSB) pediu que o Tribunal de Contas fosse lá dentro avaliar a situação e acusou o senhor de não permitir, dizendo que só quem vai investigar é o Ministério Público e três deputados, não os outros órgãos.
 
MN – Mas não tem porque eu pedir para o Tribunal de Contas entrar na Assembleia porque o Tribunal de Contas do Estado já está na Assembleia. Eles fazem auditoria permanente. Eles fazem fiscalização permanente. Não existe uma semana ou um mês que o Tribunal de Contas não esteja lá dentro. Agora, quem tem de investigar é a Corregedoria, é a Procuradoria e o Ministério Público. Nós nomeamos uma comissão composta de três deputados e também fui ao Ministério Público. Se houver, por acaso, que eu não acredito, um desvio, eu puno. Eu sou responsável pelos três mil funcionários da Casa. Em sou responsável pelos 63 deputados. Mas se um deputado ou um funcionário cometer uma irregularidade, eles dois que têm que pagar. Eu apenas os puno, porque eu acho que eu tenho o dever de puni-los. Agora eu nunca vi desvio de função e olha que eu acompanho, porque eles trabalham na Presidência, e eu fiscalizo, e não existe desvio de função. Se o deputado Capitão Tadeu disser “fulano de tal está em desvio de função”, me diga! Até hoje eu não vi uma denúncia concreta. Há denúncia genérica. 
 
BN – O senhor admitiu em público o desvio de função do PM que fazia a segurança de Maria Luiza Orge (PSC)...
 
MN – Não houve desvio de função. A deputada Maria Luiza Orge é deputada eleita pelo povo, me pediu um militar provisoriamente, enquanto ela era primeira-dama, já no final do mandato do seu ex-marido [o ex-prefeito de Salvador João Henrique Carneiro], porque ela estava tendo constrangimentos em alguns lugares e eu fui obrigado. Se eu não der e ela pedir para o Secretário de Segurança Pública, ele dá. Porque ela tem o direito. Eu dei provisoriamente. Não é desvio de função. 
 
BN – Muito se falou que essa reação dos policiais que se revoltaram aconteceu porque eles perderam o emprego ou indicações, mas o senhor não acredita que isso tenha a ver com aquele episódio da greve da Polícia Militar do ano passado, em que o senhor autorizou a entrada do Exército e da Força Nacional na Assembleia?
 
MN – Creio que não, porque me dou muito bem com a briosa Polícia Militar da Bahia. Eles compreenderam a minha situação. Se invadirem o Bahia Notícias, o que você vai fazer? Você vai procurar o delegado de polícia. Mas se o delegado resolver invadir? Você vai procurar a Justiça. Eu esperei, negociei com o vereador Prisco (PSDB), porque às vezes as pessoas pensam que eu tenho algum problema com Prisco. De jeito nenhum. Eu me dou até pessoalmente bem com ele. Eu negociei com ele durante os oito dias em que eles estiveram na Assembleia. Quando eu senti que ele não ia sair, eu tinha um compromisso com os funcionários, eu tinha compromisso com os deputados e principalmente com o povo da Bahia, e eu não tinha alternativa. Mas quando eu fui ao Exército e pedi para desocupar a Casa, pedi para que não houvesse derramamento de sangue. Graças a Deus eles saíram e não houve uma única gota de sangue derramada. Foi o momento mais tenso e mais difícil da minha vida pública, mas eu acho que tomei a decisão correta. A sociedade estava me cobrando uma ação e o Poder Legislativo tem que ser a Casa do Povo, não tem que ser uma casa ocupada por militares. Inclusive, eles saíram pacificamente e não quebraram nada dentro do Poder Legislativo. Entregaram do jeito que receberam.
 
 
BN – E em relação ao subprocurador?
 
MN – O cargo de subprocurador é um cargo que geralmente é ocupado por recém-formados. O anterior a ele era recém-formado. O procurador-geral me indicou o melhor aluno da sala de aula dele, que passou no Exame da OAB como estudante – coisa rara – e indicou. Eu nomeei.
 
BN – Antes de ele ser “paquera” da filha do senhor?
 
MN – Coincidentemente, eles namoraram. Eu também tenho de ver se ele tinha os requisitos necessários para ocupar o cargo. Eu aprendi uma coisa com esse episódio: ninguém joga pedra em mandacaru, joga pedra em quem dá frutos. Por que não criticaram o anterior que era recém-formado? Foram criticar porque ele namorava minha filha? Tanto é que no outro dia ele pediu demissão. Ele achou que realmente não era bom continuar fruto de quererem me atingir. Mas fico até feliz, sabe o porquê? Um homem que lida com R$ 369 milhões por ano de orçamento. Depois de sete anos e com tantos adversários, o que dizem da minha administração é que tem desvio de função de militar e que eu nomeei o namorado da minha filha. Porque quando eu era deputado de oposição, o que eu criticava eram problemas nas licitações, as irregularidades. Essas que eu criticava. Ações objetivas para o estado. 
 
BN – O senhor disse que iria nomear quem o Capitão Tadeu indicasse para a comissão dos três deputados...
 
MN – Ele não indicou.
 
BN – Mas ele disse à gente que iria se indicar. 
 
MN – Mas se ele fez a denúncia, por que vai apurar? Quem já viu isso? Eu indico qualquer nome que ele indique, exceto ele. Porque se ele denunciou, ele não pode apurar. Aí não é apuração.
 
BN – Ele disse que, se ficasse provado que não existiu desvio de função dentro da Assembleia, ele renuncia e, se houver, o senhor renuncia.
 
MN – Então ele apostou comigo?
 
BN – Exato. 
 
MN – Eu tive 140 mil votos. Ele teve, salvo engano, 30 mil. Eu não estou sub judice, ele está. Ele não pode apostar o que não tem. E o mandato não é meu, o mandato é do povo da Bahia. Eu gosto muito do deputado Tadeu. Mas ele foi infeliz. Ninguém pode apostar o que não tem. Eu não posso apostar um mandato de 140 mil votos contra um de 30 mil sub judice pelo Tribunal Superior Eleitoral, salvo engano está perdendo por 3 a 1. Eu ficarei muito triste se ele sair, porque é um grande deputado e, se ele sair, será um momento muito triste em minha vida. Pode ter certeza disso.
 
BN – Vai haver um prazo para a Comissão concluir as investigações? A gente tem uma tradição no Legislativo brasileiro de não concluir investigações nunca, ainda mais em ano eleitoral.
 
MN – Não existe desvio de função na Assembleia. Eu estou nomeando a comissão porque precisa de investigação, mas eu conheço os 54 militares. Eu sei onde todos trabalham. Eu estou dizendo em alto e bom som que não existe desvio de função. Eu estou tranquilo.
 
BN – O senhor está tranquilo, mas tem que haver prestação de contas ao público.
 
MN – Eu concordo com você, mas eu nomeei uma comissão de três deputados. Vou dar um prazo de 15 dias a eles, embora não goste de dar prazo a deputado eleito pelo povo, que tem que determinar o seu tempo de trabalho, mas vou dar um prazo de 15 dias. Fui ao Ministério Público pessoalmente pedir à doutora [promotora] Rita Tourinho para agilizar. Eu estou cumprindo o meu papel. Porque o seguinte: se houver – se houver – um desvio de função eu vou punir. Mas como o número é pequeno, são 54, eu peguei um por um e olhei onde eles estão [lotados] e estou convencido de que não existe desvio de função. O que existe é um militar que fica na segurança da Presidência. Você sabe que chegam lá às vezes pessoas violentas. O que eu pus foi um segurança na presidência – aliás, quando eu cheguei lá, já estava. Eu coloquei lá para dar segurança. Hoje mesmo um funcionário nervoso invadiu a casa do diretor-geral da AL-BA e eu tive que agilizar para tirar, porque isso acontece em qualquer parlamento do mundo.
 
 
BN – Houve também acusação de que Renata, sua filha, funcionária da Secretaria de Meio Ambiente, não trabalharia na pasta.
 
MN – Ela é funcionária da Secretaria de Meio Ambiente à disposição da Secretaria de Saúde na área de veterinária e bate ponto todos os dias. O secretário Jorge Solla colocou relógio biométrico lá e ela bate ponto. Ela foi contratada pela Secretaria de Meio Ambiente, mas como a Secretaria de Saúde precisava de uma veterinária, ela foi para lá. Ganha, salvo engano, R$ 3 mil ou R$ 4 mil, e vai lá todos os dias. Ela faz o que gosta. E trabalha.
 
BN – Mas de onde o senhor acha que surgiu essa denúncia? Foi Tadeu?
 
MN – Não, não creio não. Tadeu não é tão baixo para isso. Tenho certeza que não foi ele. Tadeu jamais faria isso.
 
BN – E de onde vêm as denúncias da subprocuradoria e de Renata?
 
MN – É fogo amigo. 
 
BN – O senhor disse que não foi candidato a senador em 2010 porque ama a Bahia e gosta de política regional. Garante que ano que vem não vai concorrer a uma vaga no Congresso?
 
MN – Mas eu não posso dizer “dessa água não beberei”. Eu disse que não aceitei há três anos. Eu aprendi uma coisa: eu quero ter apoio do PT e dos 14 partidos [aliados]. Se eu quero ter apoio, eu tenho obrigação de dar apoio. Se eu quero ser candidato a governador, eu tenho que dar apoio àqueles que têm condições menores do que a minha. Isso eu venho dizendo há um ano. Eu quero ser candidato a governador, acho que nesse momento eu sou o melhor nome da base. Mas se eu quero o apoio deles, eu tenho o dever de apoiá-los. Se em fevereiro, eles sentarem na mesa e mostrarem que têm condições mais claras, positivas, objetivas e favoráveis que a minha, minha candidatura não me pertence.
 
BN – O vice dos sonhos seria Negromonte ou Tadeu?
 
MN – Meu vice dos sonhos é o que o governador Jaques Wagner indicar. 
 
BN – Se Wagner perguntar qual dos quatro candidatos do PT o senhor apoiaria, qual o senhor escolheria?
 
MN – Nenhum. Dos quatro do PT, eu prefiro Marcelo Nilo do PDT.
 
BN – O senhor está com o nariz vermelho. O senhor tem rinite alérgica?
 
MN – Rapaz, é viajando muito pelo interior e o sol castigando no rosto.
 
BN – Mas o senhor tem problema respiratório?
 
MN – Tenho.
 
BN – E vai encarar bem o clima seco e a falta de umidade de Brasília? (risos)
 
MN – Rapaz, eu farei um tratamento se o povo da Bahia decidir que eu vá para Brasília para não ter alergia. Mas eu quero ser é governador. Eu não quis ser senador com duas vagas em uma chapa.