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Entrevista

Eleições 2012: ACM Neto x Nelson Pelegrino

Por Redação BN

Eleições 2012: ACM Neto x Nelson Pelegrino
Fotos: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias

Bahia Notícias – Muito se fala nos emblemáticos 100 primeiros dias da gestão. Na campanha, todos os candidatos foram unânimes em apontar a necessidade de se “colocar ordem na casa”. A máquina só vai engrenar, de fato, após o 101º dia?

ACM Neto –
Vamos adotar uma série de medidas emergenciais, nas mais diversas áreas, para colocar ordem na casa. Logo no início de nossa gestão, vamos tapar buracos nas principais ruas e avenidas da cidade, regularizar a coleta de lixo, colocar as unidades de saúde que existem no município para funcionar e começar a enfrentar o problema do trânsito e do transporte público. Entre as medidas emergenciais na área do trânsito e do transporte, vamos iniciar logo a implantação das sinaleiras inteligentes, que serão controladas à distância para melhorar a mobilidade na cidade, reformular a Transalvador, começar a reformar as estações de ônibus e rever as linhas para facilitar a locomoção das pessoas,  já que nossa prioridade será o transporte público. Claro que nos primeiros dias a gente também vai adotar medidas administrativas, a exemplo de rever contratos e economizar recursos.

Nelson Pelegrino – No primeiro dia de gestão vamos começar a fazer o dever de casa e deflagrar a Operação Copa das Confederações. Isto significa que, por um lado, iniciamos a revisão de todos os contratos da prefeitura, com o objetivo de evitar desperdícios e fazer uma economia de 20% a 30%. Simultaneamente, começamos a equipar os postos de saúde para que funcionem plenamente com médicos, equipamentos e remédios e a requalificar 70 mil pontos de iluminação pública da cidade que funcionam precariamente. Além disso, preciso cuidar da pavimentação. Há vias em que não dá mais para tapar buracos, será preciso recapeamento. A coleta de lixo será também recomposta em todos os bairros, em especial na periferia onde é mais aguda a carência do serviço. Os principais monumentos passarão por limpeza e restauração. A cidade ficará limpa e bonita para os moradores e os visitantes que chegarem para o evento esportivo.

BN – A atual gestão da prefeitura de Salvador sempre contou com maioria na Câmara de Vereadores e, embora a polêmica de alguns projetos, não obteve nenhuma derrota significativa no Legislativo. A relação entre os poderes, entretanto, sempre foi contestada por supostamente ser mantida em função de troca de favores, como loteamento de cargos. Qual a avaliação que o senhor faz do relacionamento entre a Casa de Leis e o Palácio Thomé de Souza e como pretende interagir com os edis?

AN –
Como prefeito, vou respeitar a autonomia entre os poderes. Minha relação com a Câmara vai ser de respeito, colaboração e transparência. Quero fazer um governo aberto e franco tanto com os vereadores quanto com a sociedade em geral. Já falei desde o início das eleições que não vou permitir, aceitar ou ser conivente com loteamento de cargos. Vou trabalhar ao lado dos melhores na prefeitura, dos mais competentes e preparados, independentemente da carteirinha do partido. Espero que a gente possa ter uma Câmara que pense no melhor para a cidade e que atue em sintonia com a população. Dessa forma, vamos poder trabalhar em parceria para transformar Salvador.

NP – A relação com a Câmara de Vereadores será de harmonia e independência entre poderes.

BN – Uma das votações mais marcantes foi a da Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo (Louos), na última sessão de 2011, em que os vereadores que apoiavam o projeto enxertaram a matéria original com itens do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) ainda sub judice. O senhor concordou com o drible dado pelo Legislativo na Justiça? A revisão que propõe consistirá em desfazer o cruzamento entre PDDU e Louos?

AN –
Sempre trabalhei e vou trabalhar em consonância com a Justiça e o plano que defendo para Salvador é o que atenda ao crescimento da cidade de forma harmônica. Todas as medidas que precisarem ser tomadas para facilitar o crescimento de forma ordenada da cidade terão o meu apoio.

NP – A atualização de PDDU e Louos está em nossas propostas de trabalho e é essencial para que o município garanta segurança jurídica não só à vida e desenvolvimento da cidade, bem como à empresas que pretendam se instalar e investir em Salvador.

BN – Fala-se que a prefeitura de Salvador enfrenta forte pressão de segmentos importantes da cidade, sobretudo do transporte, da coleta de lixo e da especulação imobiliária. Como o senhor pretende manter a isonomia da gestão, uma vez que a sua candidatura teve investimento de empresas desses setores?

AN –
Na minha gestão quem vai liderar a cidade é o prefeito. Não vou ser refém ou baixar a cabeça para empresário de nenhum segmento. Pelo contrário: vamos jogar duro, por exemplo, com os empresários de ônibus, exigindo a renovação total da frota, com veículos mais confortáveis, até o final da minha administração. Na área da limpeza, vamos exigir a regularização na coleta de lixo. Vou cobrar permanentemente de todas as empresas que prestam serviços à prefeitura melhorias na qualidade no atendimento à população e pagamento em dia dos seus funcionários. Para isso, vou honrar os contratos. Eu tenho autonomia para governar porque não fiz concessão com empresário nem com partido político. Meu compromisso é com o povo de Salvador e, para isso, todos aqueles que de alguma forma estão contribuindo com esse projeto, seja no meio político ou privado, sabem que minha maior aliança é com a população.

NP – As doações da minha campanha estão explicitadas e registradas no TSE como manda a lei. Prefeito que se deixa pressionar não pode ser um bom gestor. Salvador terá comigo um prefeito firme, decidido, que acompanhará a execução dos projetos, cobrando agilidade e prazos.

BN – É possível vencer a batalha judicial que impede qualquer alteração na orla de Salvador? De que forma o litoral pode ser revitalizado sem virar um balcão de negócios?

AN –
Quero governar Salvador dialogando com todos os poderes e entidades da sociedade civil organizada. A questão da requalificação da orla é fundamental. E, para isso, não é preciso transformar o espaço público num balcão de negócios. Vou procurar atrair a iniciativa privada com incentivos fiscais, desenvolvendo a chamada retropraia e, ao mesmo tempo, ampliando calçadões, melhorando a iluminação, reformando e construindo novos espaços de lazer e para a prática de esportes, colocando a presença da Guarda Municipal para ajudar na segurança. As pessoas precisam voltar a andar na Orla à noite, com segurança, ao lado da família. Investir na requalificação da orla é gerar emprego e renda, porque o turismo de sol e praia é uma vocação de Salvador.  

NP – Um projeto de urbanização para a orla marítima da cidade, incluindo Itapagipe e o subúrbio, já está sendo estudado no governo do Estado com a minha participação. Os recursos serão do próprio Estado, do município, de empresas públicas tipo Petrobras e Banco do Brasil, e iniciativa privada, via PPPs. Funcionou assim no Rio de Janeiro e a idEia é tirar as barracas da areia e levar para o calçadão, com banheiros e depósitos subterrâneos. Além das barracas haverá outros serviços.

BN – E o Centro Histórico?

AN –
Nossa ideia é requalificar o Centro Histórico com intervenções públicas, privadas e incentivando a moradia. Pretendo levar, inclusive, unidades da prefeitura para funcionar na parte antiga da cidade. Outra medida é estimular o comércio, melhorando a questão do acesso através do transporte público, ampliando as linhas de ônibus, e garantindo novas vagas em estacionamentos. É fundamental que isso seja feito, por exemplo, na Baixa dos Sapateiros. Vamos aproveitar esse patrimônio de Salvador que é o Pelourinho para estimular o turismo histórico, cultural e religioso, garantindo um calendário permanente de eventos e implantando, em parceria com a iniciativa privada, dois museus na região, o da Baianidade e o da Música. Até a região da Arena Fonte Nova, a ideia é implantar um corredor cultural não só para ajudar a divulgar Salvador para o mundo e incentivar o turismo, mas também para que os soteropolitanos possam conhecer um pouco mais da própria história e aproveitar essa importante parte da cidade, como acontecia num passado não muito distante.

NP – O Centro Histórico ganhará mais vida quando estiver habitado. O grande erro do projeto inicial de recuperação foi tirar de lá a população original, parte dela, aliás, vivendo hoje marginalizada no entorno, ali pelo Gravatá, Independência e Baixa dos Sapateiros. Já foi iniciada a 7ª etapa do projeto justamente com a construção de moradias. Pretendemos transformar o local em um novo centro cultural de Salvador, estimulando estudantes, artistas e intelectuais a se mudarem para lá. Levarei também as repartições da prefeitura. Um trabalho importante, será cuidar da população de rua, principalmente das crianças e adolescentes.

BN – Boa parte dos projetos apresentados na campanha é considerada “mirabolante”, devido à incredulidade do eleitorado e da falta de obras importantes na cidade na atual gestão. As intervenções previstas serão inauguradas realmente nos quatro primeiros, serão concluídas no segundo mandato ou foram promessas para impressionar a “torcida”? O que fato é possível construir em quatro anos?

AN –
Quem disser que vai resolver todos os problemas de Salvador em quatro anos está mentindo. E eu nunca disse isso. Fui o único candidato a apresentar à cidade um plano de governo, que virou meu livro de cabeceira nesta campanha. É um plano de governo com propostas viáveis e factíveis. Temos propostas urgentes, que serão implantadas logo nos primeiros seis meses de governo, como garantir o funcionamento das unidades de saúde, melhorar o trânsito, acabar com o loteamento político de cargos e levar a prefeitura até os bairros. Mas também temos propostas que serão concluídas a médio e longo prazo, como grandes intervenções no trânsito, contratação via concurso público 2 mil homens da Guarda Municipal e o programa Aluno em Tempo Integral. Além disso, também vou resgatar a capacidade de Salvador se planejar para o futuro. Para isso, a gente vai plantar sementes que só serão colhidas daqui a dez ou 20 anos. O prefeito de Salvador não pode ser imediatista e pensar apenas em soluções para daqui a quatro ou oito anos. Temos de pensar também em longo prazo.

NP – O nosso projeto de desenvolvimento para Salvador é de médio e longo prazos, em torno aí de 20 a 30 anos. Há ações que devem ser realizadas em até quatro anos, outras que demandarão mais tempo. O importante é que todas as nossas propostas têm recursos assegurados, pois já estão programadas ou em andamento com recursos federais ou estaduais. Quando não é este o caso, a proposta indica onde se vai buscar o dinheiro para realizá-la, o que não ocorre com quem entende que o município pode caminhar sozinho, com as próprias pernas.

BN – A maioria dos candidatos prometeu instalar novas unidades de saúde e até mesmo construir um hospital municipal. Hoje, a rede não atende de forma satisfatória e há déficit de profissionais. Até por causa do diminuto orçamento municipal, não seria melhor resolver primeiro as pendências atuais para depois pensar em ampliação dos espaços físicos?

AN –
Sim. Mas é exatamente isso que tenho dito na propaganda eleitoral, nas reuniões com a população e nas minhas entrevistas à imprensa. A primeira coisa a ser feita é colocar as unidades de saúde que já existem para funcionar. Depois disso é que vamos implantar os Multicentros, para facilitar a realização de consultas e exames especializados, e construir, através de PPPs, o primeiro hospital municipal de Salvador e uma maternidade no Subúrbio Ferroviário. Para garantir tudo isso, vou retomar a gestão plena na saúde. Hoje, o governo do estado, e não estou fazendo aqui nenhuma crítica, fica com boa parte dos recursos transferidos pelo governo federal e que deveriam ser geridos pela prefeitura. Só garantindo de volta a gestão plena e recebendo diretamente os recursos da União é que vamos conseguir honrar compromissos com fornecedores, melhorar e ampliar o atendimento na área da saúde pública municipal.

NP – Já disse antes que, na área de saúde, a primeira tarefa é fazer os postos de atendimento funcionarem plenamente. Eles serão recuperados e dotados de pessoal e material para atender bem à população. A construção de UPAs e ampliação da cobertura em saúde da família contam com recursos federais já disponíveis e contaremos com recursos municipais porque vou aumentar para 20% a dotação orçamentária. Aí haverá dinheiro para a saúde.

BN – O senhor convidará a sua família e estará presente na viagem inaugural do metrô?

AN –
Claro, quero estar presente sim. A novela do metrô precisa chegar ao fim. E, no caso da linha um, a gente só vai se contentar quando ela chegar até Cajazeiras. Vamos cobrar isso dos governos federal e estadual. Não vou ficar procurando culpados ou herdeiros, ficar falando em herança maldita nem no caso do metrô nem para justificar qualquer outro problema. Se quero ser prefeito é porque sei das dificuldades que a cidade enfrenta. Vou governar para todos e buscar as parcerias para que a cidade avance.

NP – O metrô funcionará durante a Copa das Confederações, mas o sistema só será viabilizado com a construção da linha 2 e a ampliação da linha 1, inicialmente, até Pirajá, e posteriormente a Cajazeiras.

BN – O senhor pretende manter secretários do prefeito João Henrique em sua gestão? Quem são os mais capacitados?

AN –
Não tenho compromisso com nenhum secretário da atual administração. Fiz alianças propositivas, sem negociar cargos. Meu compromisso é em governar ao lado dos melhores, acabando com essa história de lotear cargos e distribuir favores entre partidos ou lideranças. Salvador merece um futuro melhor e só vamos conseguir transformar essa cidade mudando completamente o atual modelo de gestão. Vamos implantar a meritocracia, valorizar os servidores públicos e fazer concurso. Vamos premiar aqueles que desempenharem melhor suas funções. Vamos estipular metas e resultados. Vamos economizar gastos, cortar desperdícios e modernizar a máquina pública para ampliar a arrecadação. É com medidas assim que se faz uma gestão pública moderna e eficiente.

NP – Sobre os técnicos e pessoal capacitado para assumir secretarias falaremos, se eleito, na hora apropriada.

BN – E entre os candidatos a prefeito de Salvador em 2012. Quem o senhor convidaria para a sua gestão? Quem não convidaria? Por quê?

AN –
Vou escolher os melhores e os mais qualificados, independentemente de partidos. Não trabalho com vetos. O importante para mim é a competência, o compromisso de melhorar a máquina pública, de devolver a autoestima à população.

NP – O critério para integrar a minha gestão é o de competência, seja o escolhido político ou não.


BN – A vitória em 2012 o habilita pragmaticamente para a sucessão ao governo do Estado em 2014. O senhor pretende ser governador da Bahia?

AN –
Eleito, vou governar Salvador por quatro anos. Só vou pensar em eleição novamente em 2016. Sentando na cadeira de prefeito, só vou pensar em fazer o melhor possível pela cidade e por seu povo. Não vou descansar, vou trabalhar incansavelmente, governando a cidade nos bairros. O local onde vou passar menos tempo é no gabinete da prefeitura. Quero dialogar com os governos federal e estadual e não vou esconder de ninguém as ações do governador e da presidente em Salvador só porque sou de um partido da oposição. Vou ser de imediato claro com o governador e dizer a ele que não sou candidato a nada em 2014 e que minha preocupação é com Salvador.

NP – Sou candidato à prefeitura, o meu sonho é o de ser prefeito da minha querida cidade do Salvador.