‘Era normal negro ser piada na sala de aula’, diz Karol Conka sobre infância no Sul do país
Por Nereida Albernaz
Karol Conka foi a convidada do programa “Na cama com Gio Ewbank” desta semana, atração dividida em duas partes, divulgadas nesta terça-feira (23) e sexta-feira (26). Durante a conversa que aconteceu de forma descontraída, a cantora falou sobre feminismo e empoderamento da mulher negra. Assumidamente vaidosa, a artista contou um pouco sobre a própria relação com a beleza durante a infância. “Eu era meio tímida, e eu só me soltava quando eu me sentia a vontade. Mas eu tinha uma coisa assim de não me sentir bonita fora de casa, dentro de casa eu era linda, maravilhosa, a Karol é linda, tudo era lindo, mas fora eu já sabia que parecia que eu saia de uma bolha, e ‘tava’ entrando ‘num’ outro mundo, então eu falava ai eu não sou linda. Então eu fui quebrando isso com 20 anos, eu meio que me libertei assim”. Giovanna, que é mãe de Titi, garotinha negra do Malawi adotada em 2016, perguntou se a falta de autoestima estava ligada a cor da pele: “Por ser negra [confirmou]. Estudava no Sul, em Curitiba, e lá era normal negro ser piada na sala de aula, super normal, o professor xingar, tirar uma onda”. Surpresa, a apresentadora questiona o papel do professor nos atos racistas e Karol conta que uma docente da escola falava “água não entra aqui”, referindo-se ao cabelo da cantora. O caso marcou Karol, que revelou: “Então fiquei a adolescência com isso na cabeça”. Apesar das dificuldades, Conka pondera que os pais foram essenciais para a aceitação pessoal no período de formação.
Giovanna e Titi (Foto: Reprodução/ Instagram)
Estrela de campanhas publicitárias de produtos de beleza, Karol conquistou seguidoras que são influenciadas pelo estilo da curitibana: “Fiquei com um pouco de medo da superexposição [...] mas eu vim do rap e no rap a gente nunca se viu lá [faz referência à mídia tradicional] e aí as coisas apareceram, quando apareceram eu fiquei um pouco assustada [...] mas é por conta do assédio porque eu sempre quis aparecer”. Em 2016, a cantora lançou o single “100% feminista” ao lado da MC Carol. Confira a música:
Segundo Conka a MC que foi a responsável pelo convite. “Quando eu vi a parte dela eu chorei, porque lembrei da minha vó [...] Brasilina, baiana maravilhosa”, revelando a história presenciada na família. O trecho ao qual a rapper se refere fala sobre violência doméstica: “Presenciei tudo isso dentro da minha família/ Mulher com olho roxo, espancada todo dia/ Eu tinha uns cinco anos, mas já entendia/ Que mulher apanha se não fizer comida/ Mulher oprimida, sem voz, obediente/ Quando eu crescer, eu vou ser diferente”. Empoderada, Karol manda um recada para as fãs:” O primeiro passo é parar de ficar se cobrando e se aceitar [...] cada um tem a sua beleza”, conclui. Assiata a primeira parte de Karol Conka "Na Cama com Gio Ewbank":