Com show na Concha, Liniker fala sobre transição do corpo e conquistas na carreira

Liniker e os Caramelows se apresentam em Salvador nesta sexta-feira (31) na Concha Acústica do TCA. Para o evento, o grupo trouxe o show do último álbum, intitulado “Remonta”, lançado em setembro de 2016. Segundo Liniker, a banda está animada com a apresentação: “Estamos super ansiosos por tocar nesse espaço maravilhoso em que já estiveram pessoas incríveis. Eu lembro que quando era mais nova ficava vendo vídeos de [Maria] Bethânia na Concha e achava aquilo arrebatador. Essa experiência vai ser uma delícia”. Liniker é uma artista transexual e não esconde o fato. No início da carreira ela se intitulava como não-binário e se tornou um símbolo de representatividade daqueles que não se deixam definir por questões como o vestuário. “Não acho que mudei, continuo usando jeans, tênis, camisa, não é minha roupa que define minha identidade. Meu corpo está em transformação, em transição. Eu estou sendo livre e generosa com minhas mudanças, mas minha roupa não me diz se sou feminina ou não”, defende.

A cantora tem caído nas graças do público e acumulado aparições em grandes programas de TV. Recentemente, ela participou do “Amor & Sexo” e do “Altas Horas”, ambos da Rede Globo. Durante a atração de sábado à noite, ela pontuou que uma banda de interior era capaz de encher a Concha Acústica, fazendo referência à apresentação na capital baiana. Questionada sobre as dificuldades por conta de terem surgido no interior de São Paulo ela revela: “Dificuldade? Total. As pessoas não esperam que uma banda de interior possa se legitimar enquanto banda, ter uma notoriedade como a gente está tendo agora, no Brasil e até fora. É muito bom estar ocupando os espaços e chegar a lugares que falaram que a gente não chegaria”. O grupo acaba de voltar dos Estados Unidos, onde fez três shows em Austin, primeira experiência da carreira fora do país. Mas o sucesso não para. Nesta terça-feira (28) eles usaram a página oficial do Facebook para anunciar um show em Barcelona, o primeiro na Europa. Perguntada sobre expectativa de um público do outro continente, ela avaliou que deve ser um "misto" de brasileiros e europeus. "No Texas tocamos para brasileiros e americanos”, lembrou. Apesar das diversas conquistas, Liniker diz que não acredita que está no melhor momento da carreira e diz que a visibilidade do grupo “é só continuidade”.

Liniker se apresentou em Salvador durante o Carnaval 2017 | Foto: Carol Garcia/GOVBA

No carnaval 2017, a artista se apresentou no palco montado no Farol da Barra ao lado da banda baiana Ifá Afro Beat e conta que ficou com uma ótima impressão da Bahia e dos baianos. “Eu amo Salvador, saio sempre com a energia renovada. É impressionante ver que também faço parte dessa cidade, que enxerga minha negritude, ancestralidade e raiz. O público é muito quente, é um público muito próximo à nossa energia”. Questionada sobre o cenário da música baiana ela citou algumas personalidades locais: “Eu acho a Ivete Sangalo uma artista maravilhosa, uma pu** cantora. E fora do meu artístico, me sinto representada por várias mulheres negras baianas, como Monique Evelle do Desabafo Social e Luana e Luma Nascimento do Dresscoração. A Bahia me transborda”. Durante a entrevista, Liniker confessou que pretende ir ao show acústico de Ludmilla, com participações de Sandra de Sá e Alcione, e definiu o projeto como “bapho”. Perguntada sobre as inspirações e com quais artista ela pretende dividir o palco, ela admitiu sonhos grandiosos. “Ano passado realizei um grande sonho, que foi ter cantado com Elza Soares, foi maravilhoso, empoderador, forte e potente, mas acho a Alcione maravilhosa também, é um clássico da nossa músico, um acontecimento. Tenho vontade de cantar com Gal, Gil e Beyoncé”. Aos risos, ela diz que cantar com a norte-americana seria “zerar a vida”.

SERVIÇO
O QUÊ: Liniker e os Caramelows
QUANDO: 31 de março, às 19 horas
ONDE: Concha Acústica
VALOR: R$ 60 (plateia/inteira)/ R$ 30 (plateia/meia)/ R$ 120 (camarote/inteira)/ R$ 60 (camarote/meia)