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Marca Bahia Notícias

Notícia

Dois grupos baianos representam o Brasil em festival de teatro no Peru

Por Jamile Amine

Dois grupos baianos representam o Brasil em festival de teatro no Peru
Foto: Divulgação

Dois grupos baianos são os únicos representantes do Brasil no Festival Itinerante de Teatro Latino Americano Âmbar (FITLÂ), que acontece entre 19 e 27 de março, em Lima, no Peru. O primeiro deles a se apresentar é A Outra Companhia de Teatro, com o espetáculo “Ruína de Anjos”, criação documental sobre as minorias do centro urbano, invisibilizadas diante da violência e marginalidade. A peça estará em cartaz no dia 22 de março. Pela primeira vez fora do Brasil, o grupo, que viaja neste domingo para a capital peruana, além da apresentação, fará ainda um mapeamento do entorno do Huaca Huantinamarca, espaço onde ocorrerá o espetáculo, situado no distrito Magdalena del Mar. “O ‘Ruína’ acontece de modo itinerante e pela rua. Em Salvador a gente faz na região do Centro, que as pessoas tendem a dizer que é marginalizada e violenta”, relata o diretor Luiz Antonio Sena Junior, explicando que foi daí que surgiu a ideia de estudar o local onde irão se apresentar no país vizinho. “Quando a gente vai para qualquer outra cidade, a gente faz o mapeamento de como funcionam as ações governamentais, se existem políticas públicas que pensam as minorias e como as pessoas da cidade pensam esse universo”, afirma Sena Junior. “A gente vai fazer o mapeamento para entender o lugar. Vamos encontrar pontos de semelhança e também de disparidade. A gente fez entrevistas e conversas, previamente, com artistas e também através da internet, com governo e associações que cuidam desta temática. A ideia é chegar e verificar em loco”, conclui o dramaturgo.


A Outra Companhia de Teatro apresenta 'A Ruína' em Lima, no Peru | Foto: Andréa Magnoni


No espetáculo, os seis personagens são provenientes deste universo marginal. “Uma travesti, uma catadora de lixo, um pastor traficante, um cadeirante que acaba sendo vendedor de cafezinho, um artista de rua e, por fim, uma figura classe média, que traz questões ligadas à homofobia e relações de poder, já que quer imprimir sua vontade e força, a partir de sua classe social” formam esta teia de personalidades que “conduzem o público nesta itinerância”, segundo o diretor. Além de discutir e comparar os conceitos de marginalidade, violência e invisibilidade social, em locais onde se concentra prostituição a pessoas em situação de rua no Brasil e no Peru, o grupo pretende ainda estimular o uso da língua nativa. “A ideia é que a gente realize a apresentação em língua portuguesa, para que estimule dentro da rede [Âmbar, que congrega artistas de países como Brasil, Argentina, Equador, Costa Rica, México, Colômbia, Chile, Espanha e Peru], tanto o português, quanto o espanhol. Como a rede só é voltada para esses países, a gente quer firmar não só o cultural, artístico e estético, mas também o lugar da língua, para valorizar nosso idioma”, afirma Sena Junior.


Parte da rede realizadora do FITLÂ, Coletivo Âmbar Brasil apresenta “Sobre a Pele” | Foto: Diney Araujo


A outra atração baiana na programação do festival é o Coletivo Âmbar Brasil. O grupo, que faz parte da própria rede realizadora, participou de todas as edições anteriores, mas apresenta no FITLÂ, pela primeira vez, o espetáculo “Sobre a Pele”. Em cartaz no dia 29 de março, a montagem tem como protagonista Sofia. “Ela é uma mulher que ficou trancada em um manicômio, onde revive fragmentos da vida, na época da infância, juventude e maturidade”, explica o diretor, Fernando Santana, sobre a mulher idosa, que ficou cega após sofrer um trauma quando sua mãe morreu afogada. “O espetáculo faz ponte para essas fronteiras que ainda existem. Além de retratar a vida de cárcere no manicômio, tem o cárcere patriarcal que impera no mundo”, analisa Santana, acrescentando que a peça propõe ainda o “rompimento de fronteiras e dos clichês patriarcais que ainda existem, infelizmente”.

 

Confira a programação (clique na imagem para ampliar):