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Marca Bahia Notícias

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Sobre feminismo, solo ‘Uma Mulher Impossível’ fecha panorama de identidades subalternas

Por Jamile Amine

Sobre feminismo, solo ‘Uma Mulher Impossível’ fecha panorama de identidades subalternas
Foto: Heder Novaes
Com título inspirado em “Memórias de uma mulher impossível”, obra de Rose Marie Muraro – uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil –, o espetáculo “Uma Mulher Impossível” estreia nesta sexta-feira (27), às 18h, no Laboratório de Experimentação Estética, anexo do Museu de Arte da Bahia. A montagem é resultado de um processo de “mergulho profundo” no tema, realizado pelo dramaturgo e pesquisador Djalma Thürler, junto ao ATeliê voadOR Companhia de Teatro. “Eu tenho me debruçado, nos últimos anos, às questões ligadas aos poderes e saberes que instituíram ao longo da história alguns privilégios. Tenho falado de algumas dessas identidades marginais, mas me devia falar um pouco sobre mulher”, explica o diretor. 
 
Thürler, que é professor do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Ufba, além de coordenador do CuS - grupo de Pesquisa em Cultura e Sexualidade, enxergou na sua própria história a motivação para levar ao palco questões relacionadas ao universo feminino e ao machismo. “Não é só porque está na pauta das leituras que faço, com as aulas que dou na universidade, mas também porque toda vida que eu vivi com minha mãe, eu estive ao lado de uma mulher que era tratada como uma pessoa desrespeitada e deslegitimada nos seus direitos”, conta ele, lembrando que, naquela época, tal forma de lidar com a mulher era senso comum. “É como se viesse em minha cabeça uma luz. Então eu me devia falar sobre isso”, diz o dramaturgo, explicando que sempre teve muito cuidado para tratar da temática, sabendo que “o feminismo traz para si o direito da fala”.
 

Diretor buscou em sua própria história motivação para discutir o machismo | Foto: Divulgação
 
Para legitimar seu discurso, o diretor escalou Mariana Moreno para dar vida à sua “mulher impossível”. “Escolhi uma atriz que tinha direito para falar sobre aquilo. Foi assim que isso entrou na pauta e eu me senti à vontade de falar sobre esse tema”, afirma Thürler, sobre a montagem que, junto às peças “O Outro Lado de Todas as Coisas” e “Três Cigarros & A Última Lasanha”, integra a trilogia “Solos Voadores”, com um panorama de identidades subalternas.
 
Em “Uma Mulher Impossível” o público poderá conferir o que o diretor considera uma “alegoria fantasmagórica” do que as pessoas precisam se afastar. Ele explica que sua concepção não chega a ser a mesma retratada por Rose Marie Muraro, já que sua personagem “não tem cara, rosto, forma”.  O espetáculo narra a história de uma mulher comum, casada, burguesa, segundo o autor, “resultado muito bem construído e fechadinho de uma sociedade machista”. Oprimida, embora reconheça sua realidade, a protagonista não tem forças para fugir. Apesar do enredo denso, Djalma revela que o espetáculo não tem uma visão pessimista sobre o futuro. “A história dela [da personagem] é triste, Mariana tem feito um trabalho impecável, que comove a todos. Mas no final, quando a gente sente que ela se fudeu, Mariana traz para si a voz e finaliza. Aí ela joga pro alto”, revela o dramaturgo.


Mariana Moreno interpreta a "mulher impossível" concebida por Djalma Thürler

Os três pés do projeto “Solos Voadores” fazem ocupação artística no Museu de Arte da Bahia (MAB), de 27 de janeiro a 12 de fevereiro, como parte das comemorações pelos 15 anos da ATeliê voadOR Companhia de Teatro. Os ingressos custam R$ 20 (Inteira) e R$ 10 (meia).
 
Confira a programação
Uma Mulher Impossível – Solo Voador com Mariana Moreno
27 de janeiro a 12 de fevereiro (sextas – 18h, sábados e domingos, às 17h)
Classificação: 16 anos
 
O Outro Lado de Todas as Coisas – Solo voadOR com Duda Woyda
Quando: 1 e 8 de fevereiro (quartas-feiras), às 19 horas
Classificação: 14 anos
 
Três Cigarros & A Última Lasanha – Solo voadOR com Rafael Medrado
Quando: 2 e 9 de fevereiro (quintas-feiras), às 19 horas
Classificação: 14 anos