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Para autor colombiano, a língua prejudica o conhecimento da produção brasileira

Por Ailma Teixeira, de Cachoeira

Para autor colombiano, a língua prejudica o conhecimento da produção brasileira
Foto: Ailma Teixeira / Bahia Notícias
Primeira atração internacional a se apresentar na sexta edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), o colombiano Juan Gabriel Vásquez lamenta ainda não falar português – além de espanhol, ele fala inglês e francês – e precisar de tradução simultânea para participar da mesa “Histórias de humor sutil, micromundos familiares e fratura generalizada”. Com tristeza, ele admite que esse impasse é também o que lhe impede de conhecer a fundo a literatura brasileira. "Temos uma relação forte com Chile e Uruguai graças à língua, então essa barreira é um impedimento muito triste pra mim porque o entendimento, a sincronia cultural, temperamental é muito mais forte com o Brasil do que com outros países", afirma o autor, assumindo a "culpa" por acreditar que os brasileiros têm muito mais facilidade em entender espanhol do que o contrário. Por conta disso, ele sente que possui um débito com o país por não conhecer a fundo produção nacional. “Tenho certeza que não conheço a literatura brasileira, é muito mais do que eu conheço. Claro, posso falar de Clarice Lispector, de Jorge Amado, de escritores da minha geração, que respeito e admiro muito como Adriana Lisboa, mas sinto desconhecimento e é algo que tenho que remediar", analisa.



Com mediação de Zulu Araújo, Juan Gabriel Vásquez dividiu a mesa com o crônista Antônio Prata | Foto: Ailma Teixeira / Bahia Notícias 

Conhecido por obras, como “The Informers” (2008), "Reputations (2016)" e “The Sound of Things Falling” (2014) – essa lhe deu o prêmio Impac, maior da literatura irlandesa, Vásquez dedica sua obra à memória e à história da Colômbia. "Eu estudei há muito tempo essa ideia de que nós, escritores, escrevemos sobre o que conhecemos, sobre o sabemos perfeitamente. Isso é mentira", ressalta. Embora a Colômbia seja o país onde nasceu, cresceu e vive nos dias atuais, o autor sentia que lhe faltava entendimento sobre a nação, o que ele foi buscar com a escrita sobre o passado colombiano. O olhar estrangeiro que adquiriu quando viveu na Espanha também auxiliou o seu processo criativo. "Me deu uma perspectiva que, por alguma razão, nós, latino-americanos necessitamos. É como se vê, a melhor novela sobre a Colômbia foi escrita por Gabriel García Marques no México, a melhor novela sobre o Peru foi escrita em Londres e é assim com todos. Nós precisamos dessa perspectiva, de nos afastar para entender nosso país", conclui. Com mediação do diretor da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, Vásquez participou da mesa de abertura deste sábado (15), na Flica, ao lado do paulista Antônio Prata.