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Marca Bahia Notícias

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Baiano é finalista de festival no México, com filme que traz olhar diferente sobre droga

Por Jamile Amine

Baiano é finalista de festival no México, com filme que traz olhar diferente sobre droga
Foto: Reprodução / Facebook
Atualmente radicado na Califórnia (EUA), o baiano Gabriel Brugni (31), nascido em Valença, teve o roteiro de seu primeiros longa-metragem autoral selecionado para a sétima edição do Oaxaca Film Festival, realizado de 8 e 15 de outubro, no México. “A Lagosta Branca” concorre em três categorias: “Melhor Conceito Original”, “Melhor Roteiro – Global” e “Melhor Roteiro – Gênero Família”. 
 
Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Católica do Salvador, ele chegou a cursar dois anos de Direito, mas percebeu que aquilo não era “sua praia”. “Não tinha como fazer cinema na Bahia, e eu acabei entrando em comunicação, o que foi na verdade um acerto”, lembra Gabriel, que entre 2007 e 2008 integrou o núcleo de produção de audiovisual da Rede Bahia e, em seguida, mudou-se para a capital carioca. “Fui para o Rio [de Janeiro] em 2008. Lá comecei a trabalhar com o jornalista José Carvalho, que é baiano. Daí fiquei lá por cinco anos, no início com o Zé e depois com o Maquinário Narrativo”, conta Grabriel, que viu na lei que determinou uma cota de conteúdo audiovisual nacional nas TVs pagas uma possibilidade de ampliar o mercado e também a necessidade de se reciclar. “A lei criou uma demanda muito grande por roteiristas. E aí veio a pressão para se aprimorar, trazer novas técnicas”, lembra o baiano, ao contar que, por este motivo, inscreveu-se para um mestrado em Roteiro, na Universidade do Sul da Califórnia, ingressando na instituição no ano de 2013. Em maio deste ano, ele concluiu o curso, que também viabilizou a realização do “Lagosta Branca”.
 
“É um programa de dois anos, e acabei fazendo em três, porque me deram uma bolsa no final, que possibilitou mais um ano de estudos e o ‘Lagosta Branca’. Era uma ideia que eu já queria trabalhar há muito tempo, já estava no meu banco de ideias e aí, quando chegou o curso, eu tive oportunidade de sentar e escrever”, explica Gabriel Brugni, destacando suas preferências profissionais no setor audiovisual. “Sempre fiz roteiro, sempre quis a parte do roteiro. Sou uma pessoa de escrita, queria deixar a outra parte para quem já tinha experiências”, diz ele, sobre o trabalho neste que é o seu primeiro longa-metragem autoral. “Sempre gostei de fazer história. Acho que gostar de contar história é o que te faz sempre ficar nesse universo e não sair dele. Temos jornadas de trabalho muito extensas, você acaba lidando com aquilo o tempo inteiro”, acrescenta. 
 

Gabriel propõe um novo olhar sobre a complexidade das drogas | Foto: Divulgação
 
“Lagosta Branca” é o nome dado a pacotes de cocaína, e a ideia para o texto do filme veio dos noticiários. “Era um assunto que eu já tinha visto acontecer, era uma coisa recorrente na costa atlântica da Nicarágua, que era o meio da rota de cocaína para os Estados Unidos. As lanchas rápidas, pequenas, com motores envenenados passavam voando, e quando a guarda costeira encostava eles jogavam a carga na água, que levava a coca até os vilarejos muito pequenos. Os pescadores achavam, revendiam e recebiam uma fortuna, que não era muito dinheiro aqui. Mas, para um lugar como aquele, deixava a pessoa milionária. Eles achavam que aquilo dava sorte e chamavam de lagosta branca”, explica o baiano. O filme conta a história de um garoto que encontra um desses pacotes e acredita estar diante de um amuleto da sorte. Enquanto isso, outros habitantes do povoado querem revende-lo para traficantes.
 
Gabriel conta que buscou construir um texto no qual a cocaína não tivesse um único rótulo. “Geralmente, quando a gente tem um olhar de fora sobre a América Latina, é aquela coisa de ‘ah, você mexe com droga, então você não presta e está trazendo tudo de ruim para o nosso país’. Mas não é somente assim, existe outro contexto, eu quis trazer uma complexidade maior das coisas”, avalia ele, que, às vésperas de levar o seu trabalho para o festival no México, já tem conversado com produtoras para realizar o longa-metragem.