Osba apresenta projeto para grande público e luta para não fechar as portas
Por Daniel Silveira
Foto: Adenor Gondim | Divulgação
Neste fim de semana, a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) apresenta um dos seus projetos de maior sucesso na Sala Principal do Teatro Castro Alves, o Cine Concerto. Ao mesmo tempo, luta para sobreviver à crise financeira e às dificuldades de ser a maior representante baiana em orquestras.
Com 33 anos, completados no último dia 30 de setembro, a Osba passa por problemas financeiros e de falta de músicos. De acordo com o maestro Carlos Prazeres, regente da orquestra, os custos de manutenção, dificuldades de financiamento para apresentações em outras cidades, além da falta de audições para novos músicos colocam a Osba em risco de fechar as portas e silenciar seus instrumentos.
Na contramão, a Osba tem aumentado seu público e se aproximado cada vez mais das pessoas que gostam da orquestra de música erudita. "O Cine Concerto atrai o público para a música de concerto", afirma Prazeres. Segundo ele, o projeto tem servido também para chamar a atenção da população para o problema da falta de músicos. "A gente quer mostrar isso à sociedade", completa.
Maestro Carlos Prazeres é regente da Osba há três anos (Foto: Adenor Gondim | Divulgação)
O maestro explica que os problemas pelos quais passa a Osba poderiam ser mais fáceis de resolver caso a orquestra deixasse de ser um órgão ligado diretamente ao governo do Estado e passasse a ser uma organização social. "A Osba precisa de mais músicos e mais verbas que garantam uma vida decente", diz. Prazeres conta que, caso a situação não mude, "a Bahia poderia perder a única orquestra que representa o estado".
Quem faz a gestão da Osba é o governo da Bahia e a orquestra está submetida a alguns regimentos que não condizem com a realidade de uma orquestra, como pagamentos, contratos e outros serviços, segundo o maestro. "Ela continuaria pública, mas funcionaria como uma concessão", explica Prazeres. Ele conta também que outras orquestras do país funcionam em formatos semelhantes e conseguem se manter com maior facilidade como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a Filarmônica de Minas Gerais e a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). No novo modelo, cuja proposta já está em análise pelo estado, uma organização faria o trabalho de gestão dos repasses do governo e a administração da orquestra.
Foto: Maurício Serra / Divulgação
Prazeres nota que, apesar dos problemas da orquestra, depois de projetos como o Cine Concerto, o público assumiu uma nova postura. "Mesmo que os concertos sejam de uma camerata ou com a orquestra completa, temos pessoas acompanhando”, conta o maestro. Ele conta que a relação com o público é completamente diferente do que era quando assumiu a regência da orquestra. “O público da Osba hoje é apaixonado, participa. A gente tem muito a agradecer”, finaliza.
Segundo o maestro, quando ele chegou na Bahia, a orquestra passava uma imagem de arcaica. “O maior legado do Cine Concerto mostrou que a Osba é um organismo vivo, dinâmico e que sabe conviver com suas dificuldades”, revela. Além do Cine Concerto, a orquestra realiza outros projetos que aproximam o público e ajuda à música de concerto, como o projeto Cameratas da OSBA, que leva a música de câmara para espaços alternativos, o Sarau “OSBANOMAM”, que acontece no Museu de Arte Moderna da Bahia, o BAILECONCERTO, que leva a Orquestra a vivenciar a tradição dos antigos carnavais, e o SELFCONCERTO, que dá destaque a composições de membros e colaboradores da Osba.