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Aberto há 8 meses, Memorial terá festival em homenagem a aniversário de Jorge Amado

Por Jamile Amine

Aberto há 8 meses, Memorial terá festival em homenagem a aniversário de Jorge Amado
Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
A casa bucólica situada no bairro do Rio Vermelho, onde viveram Jorge Amado e Zélia Gattai, sempre foi ponto de encontro para todas as artes. O local reuniu grandes nomes da cultura, como Pablo Neruda, João Ubaldo Ribeiro, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Caetano Veloso e Maria Bethânia, Mestre Pastinha, Riachão, Dorival Caymmi e até o casal francês Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Reaberta como memorial em novembro de 2014, a Casa do Rio Vermelho hoje funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 17h, e conta com um acervo de fotos, vídeos e objetos pessoais que ajudam o público a conhecer não só a obra, mas o homem Jorge Amado, seus gostos, sua história, amigos e costumes.
 

Objetos pessoais ajudam o público a conhecer os gostos e hábitos de Jorge Amado | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias

A casa é toda autoexplicativa, mas aqueles que sintam necessidade podem recorrer aos monitores. “Nesse primeiro momento a gente botou em exposição as obras que imaginou serem as mais importantes, as mais bonitas, as que têm um apelo maior, porque as pessoas têm mais interesse de ver, mas ainda tem muita coisa guardada”, conta Maria João Amado, coordenadora de comunicação do memorial e neta de Zélia e Jorge, para explicar o processo de escolha da mostra, que tem curadoria de Gringo Cardia.  “Quando você fala de Jorge Amado tudo é muito. A gente não tem dois ou três de nada. Quando você fala de fotografia são 60 mil negativos, quando fala de arte popular são mais de dois mil itens”, acrescenta Maria João, sem descartar a possibilidade de fazer modificações no acervo, a longo prazo.
 

Fotografias fazem parte de um acervo de mais de 60 mil negativos  | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
 
Os familiares do escritor consideram o memorial uma realização, já que era um sonho de Zélia Gattai. “Para nós é uma alegria por dois motivos. O mais importante deles é porque era um sonho da minha vó, que se realizou. Infelizmente, ela não viveu pra ver pronto. Mas ver esse sonho realizado é uma realização pra todos nós da família. E também é uma forma da gente devolver pra cidade tudo que sempre foi dado a nós em matéria de amor, carinho, de reconhecimento à obra de Jorge. Na primeira semana que abriu eu sentei num banquinho lá embaixo e fiquei sozinha, só olhando. Estava muito cheia a casa, as pessoas passando e olhando, e eu fiquei sentada pensando: “É vó, conseguimos!”, conta Maria João, que cresceu naquele lugar, subindo em todas árvores. “Subia aqui e disputava os jambos com os micos”, lembra.
 

Neta de Jorge Amado e Zélia Gattai, Maria João cresceu na casa que hoje é Memorial | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
 
Se no passado o espaço abrigava a família e os amigos do casal, desde sua abertura a casa já recebeu mais de 7 mil pessoas, dos mais variados tipos. “É engraçado que o nosso público é completamente diverso. Outro dia numa entrevista me perguntaram qual era o público da casa e eu disse: ‘geralmente gente que respira’. Porque eu tenho o idoso, criança, tenho classe A, C, D. Tenho todo tipo de público na casa, porque Jorge Amado é um autor que está no imaginário coletivo. Então, mesmo quem nunca leu, conhece. Qualquer menina brejeira, bonita, bota uma flor no cabelo, e é Gabriela. Qualquer menina de 12 ou 13 anos, tira uma foto abraçada com dois amigos e bota ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’. Eu tenho desde estudiosos, ao visitante acidental, como chamo aquele que pergunta o que tem de bom para fazer na cidade e vem parar aqui sem saber muito bem o que é que vai encontrar. Tenho também o visitante que conhece Jorge Amado de novela da Globo, então, o meu público é muito diverso”, explica Maria João, acrescentando ainda que o espaço tem cumprido se papel, de fazer com que as pessoas conheçam o homem e sintam vontade de mergulhar na obra de Jorge Amado.
 

Público pode visitar o local onde Jorge Amado escrevia suas obras | Foto: Jamile Amine
 
Apesar de propagada a ideia de que os baianos e soteropolitanos não são o público prioritário do espaço, a coordenadora explica que esta não é uma realidade absoluta. “Olha, essa informação de que o baiano tem visitado menos que o turista eu não confirmo ela não. Agora no mês de julho, especificamente, isso tem acontecido, mas por uma razão simples, a gente já está de volta às aulas e o pessoal do sul está de férias”, explica Maria João, ressaltando que o público local tem fugido do padrão “normal”. “O baiano tem vindo e tem voltado. Porque ele vem, gosta, e sempre que tem alguém de fora, volta pra trazer. A gente está tendo, principalmente nos fins de semana, uma visitação muito legal. As famílias em Salvador eu sinto que elas estão modificando hábitos, procurando sair dos shoppings centers e voltando a ocupar a cidade. E eu vejo a visita à casa como uma forma dessa ocupação”, conta a gestora, acrescentando que, por ser uma casa, o espaço não pode abrigar um público grande demais, já que desta forma haveria uma “visita predatória”. “Na verdade a gente quando abriu não tinha muito como mensurar, mas a forma como estão acontecendo as visitas, vemos como a forma que tem que ser mesmo. A gente não tinha uma expectativa a princípio de um número, mas do jeito que está sendo está muito bom”, afirma, acrescentando que além dos visitantes eventuais, o espaço conta ainda com um convênio firmado entre escolas públicas municipais e estaduais, que promove, mediante agendamento prévio, visitas regulares e gratuitas de grupos de alunos. 
 

O engenheiro baiano José Roberto Batista aproveitou a manhã livre para conhecer a Casa do Rio Vermelho e "mergulhar na baianidade de Jorge Amado" | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
 
Eventos
 
Durante os oito meses em atividade, o espaço recebeu alguns eventos, mas segundo Maria João, esta não é ainda uma prioridade. “A gente já teve alguns coquetéis aqui, mas a casa ainda é uma novidade, ainda é tão encantadora, que por enquanto a gente segura um pouco, a gente ainda está começando neste sentido”, diz a coordenadora de comunicação, revelando, no entanto, que em agosto a Casa do Rio Vermelho contará com uma programação especial em comemoração ao aniversário de Jorge Amado. “A gente vai fazer o Festival Agosto Amado, com 31 dias de Jorge. E nesse festival vamos ter diversas atividades, recital, música ao vivo, atores pela casa, concurso fotográfico. Todos os dias do mês de agosto vai ter alguma coisa diferente. Se não for fisicamente na casa, é através da internet, pela nossa fanpage no Facebook, que será atualizada todos os dias. Vamos disponibilizar vídeos durante os 31 dias de agosto, feitos por pessoas da sociedade, formadores de opinião, fãs, pessoas do povo, falando da importância de Jorge Amado”, explica a neta do escritor, acrescentando ainda que no dia 10 de agosto, data do aniversário de Jorge, a casa será aberta excepcionalmente das 14h às 20h, para uma homenagem que contará com a música do maestro Ulisses Castro e  Guida Moura, além de Marcelo Prado fazendo leituras de trechos escritos por Jorge Amado. Para o próximo ano está programada também uma programação especial para o aniversário de cem anos de Zélia Gattai. “A gente já está fazendo o selo do centenário e a gente vai fazer algumas coisas, dentre elas um filme. Não é da Fundação [Fundação Casa de Jorge Amado], a diretora é Carla Laudari. Será um documentário falando de Zélia. Então, as comemorações do centenário já estão sendo gestadas”, revela Maria João.