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Marca Bahia Notícias

Notícia

Para sociólogo Castells, manifestações no Brasil reivindicaram dignidade da população

Por Virgínia Andrade

Para sociólogo Castells, manifestações no Brasil reivindicaram dignidade da população
Foto: Ulisses Dumas / Ag. BAPRESS / Divulgação
O sociólogo catalão Manuel Castells já está em Salvador para a conferência de abertura da temporada 2015 do projeto “Fronteiras Braskem do Pensamento”, que acontece nesta terça-feira (12), às 20h30, na sala principal do Teatro Castro Alves, com ingressos já esgotados. Na ocasião, Castells discutirá “Movimentos Sociais em Rede e Processo Político na Era da Internet”, com destaque para a realidade brasileira, especialmente no que tange aos movimentos que ocuparam as ruas do país em 2013 e, em menor escala, em 2015. Para o sociólogo, essas manifestações permitiram pensar em formas mais autônomas de fazer política. “No Brasil, o movimento de 2013 abriu novas formas de expressão cidadã e política, ultrapassando os canais dos sistemas institucionais preexistentes, os partidos políticos tradicionais, as associações, com as pessoas conectadas na rua através da internet. Esse movimento realmente mobilizou milhões e milhões de pessoas, com demandas espontâneas, mas ao mesmo tempo justas, como o movimento do Passe Livre”, destacou Castells durante a coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (11), na qual também esteve presente o secretário de cultura da Bahia, Jorge Portugal. Segundo Castells, as manifestações que tiveram como estopim o aumento das passagens de ônibus em São Paulo, longe de serem por R$ 0,20, reivindicavam meios de vida, direitos políticos e, sobretudo, a dignidade da população. “Essa demanda foi muito importante, melhor expressa no Brasil e mais articulada que em qualquer outra parte. Teve uma repercussão política imediata da presidenta Dilma Rousseff, que reivindicou e legitimou o movimento”, apontou. O sociólogo também citou as mobilizações de 2014, em oposição à Copa do Mundo no Brasil, que não contou com a adesão majoritária da população como nas do ano anterior, e de 2015, que se diferenciou do movimento de 2013 principalmente pela composição de classes. “Os movimentos de 2013 eram movimentos populares, e os de 2015 eram de classe média e classe média alta. Suas reivindicações em um aspecto fundamental coincidiam, a luta pela contra a corrupção, um enorme problema no Brasil, mas havia outras, incluindo o Golpe Militar, algo assustador. Este é realmente um movimento de extrema direita, perigoso”, destacou Castells. De acordo com o sociólogo, os movimentos expressam a sociedade diretamente, sem intermediação política e organização partidária. Isso porque ela não é de direita ou de esquerda, mas se comunica através da diversidade de ideias, não de sistemas políticos. "Os políticos e a política tradicional não têm mais o monopólio da política, isso mudou em 2013, 2014 e 2015", conclui. Essas e outras observações estão presentes na nova edição de “Redes de Indignação e Esperança: Movimentos Sociais na Era da Internet”, que será lançada neste mês, em inglês. Embora prefira lançar outro livro a atualizar um já existente, Castells, que é autor da clássica trilogia “A Era da Informação” foi convencido a publicar uma nova edição devido às múltiplas transformações que se sucederam de 2013, ano de lançamento da obra supracitada, até hoje. Para além de atualizar informações, a ideia do sociólogo é repensar algumas das convicções analíticas da edição anterior.
 
Serviço
O QUÊ: Fronteiras Braskem do Pensamento apresenta Manuel Castells
QUANDO: Terça-feira, 12 de maio, às 20h30
ONDE: Sala principal do Teatro Castro Alves
QUANTO: Ingressos Esgotados