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Marca Bahia Notícias

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Orquestra de Coité retorna de intercâmbio em Portugal e prepara turnê pelo Nordeste

Por Jamile Amine

Orquestra de Coité retorna de intercâmbio em Portugal e prepara turnê pelo Nordeste
Foto: Robson di Almeida
Sob a tutela do maestro Josevaldo Nim, a Orquestra Santo Antônio de Música de Conceição do Coité acaba de voltar de um intercâmbio realizado em Portugal, em parceria com o Conservatório de Música de Lisboa. Contemplado com edital de mobilidade artística da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult) e também com recursos próprios, um grupo de 14 músicos pôde viajar, ter aulas com professores renomados, participar de ensaios orquestrais e conhecer como funciona a instituição portuguesa, além de apresentar aos europeus um concerto com uma junção do erudito com a cultura popular brasileira. E já de volta à Bahia, nesta quinta-feira (3), o grupo se prepara para circular pela primeira vez em outras capitais do nordeste, com a turnê “Toca Luiz”, onde apresentará uma série de músicas criadas pelos jovens músicos, baseadas na obra de Luiz Gonzaga.
 

Jovens da Orquestra Santo Antônio participam de ensaio no Conservatório de Música de Lisboa
 
Atualmente, a orquestra funciona com 30 jovens destaques provenientes da escola de música do Projeto Santo Antônio, dirigida por Josevaldo, e que atende a cerca de 200 integrantes. Os demais músicos são divididos em uma segunda orquestra e um grupo só de violões. Como as vagas eram limitadas, para participar do intercâmbio, os integrantes da orquestra principal passaram por uma rígida seleção, tendo sido escolhidos aqueles com maior antiguidade e técnica.
 

Músicos baianos têm contato com renomados professores de Portugal
 
O projeto nasceu em 2007, quando Josevaldo Nim recebeu o convite de Maria Valdete dos Santos, que trabalha com mobilização social em Conceição do Coité, para promover a inclusão através da música. “Topei o desafio de iniciar atividades e com seis meses as primeiras 15 primeiras crianças já estavam tocando e fazendo apresentações”, lembra Josevaldo. No início, a única fonte de renda era uma feijoada beneficente realizada pelo irmão de Dona Valdete, mas aos poucos o projeto começou a crescer, tendo repercussão ainda maior depois de aparecer no Globo Repórter e com a participação do maestro no quadro Agora ou Nunca, do programa de Luciano Huck. “A visibilidade desencadeou um monte de coisa, começamos a ser reconhecidos, ganhar apoio, participar de editais e receber convites para tocar em vários lugares”, explica o músico, que hoje conta com apoio de uma produtora cultural que faz assistência de produção, escreve editais e faz prestação de contas. De forma mais organizada e profissional, o projeto Santo Antônio conseguiu vencer editais de grande porte, que permitiram a compra de instrumentos musicais suficientes para todos os integrantes e atualmente tem uma parceria importante com a prefeitura municipal de Conceição do Coité, sua principal mantenedora. “Nós temos um custo mensal de R$ 10 mil. Não é ainda o ideal, mas a prefeitura repassa esse valor que usamos para a manutenção. Isso nos dá um pouco de segurança e o que conseguimos arrecadar a mais usamos para investir em formação e em ampliação da orquestra”, explica o maestro.
 

Maestro Josevaldo Nim recebeu R$ 50 mil no programa Caldeirão do Huck para construir sede do projeto
 
Mas com o crescimento do projeto e do número de pessoas atendidas, veio a necessidade de ampliar a sede. Foi com este objetivo que Josevaldo foi inscrito no programa de Huck, em 2012, e acabou levando R$ 50 mil, que serviram como pontapé inicial para a construção do novo espaço. “A gente funcionava em um lugar bem apertado, só cabiam 15 meninos. Nessa bola de neve, crescendo, não dava para ficar improvisando ampliação. Foi ai que tomei a decisão de construir nossa sede. Começamos do nada, ai o padre da cidade cedeu um terreno do lado da igreja e começamos a construir. O dinheiro que ganhei no Caldeirão do Huck foi revertido para a construção, recebemos doações na cidade, fizemos rifas e eventos para angariar fundos. Até que, no fim, através do maestro Ricardo Castro, do Neojibá, com o qual temos uma parceria pedagógica, recebemos uma grande doação. Ele nos apresentou a artista Ana Mariani, que doou R$ 150 mil. E hoje o nosso espaço já é o maior da cidade, com um teatro com a capacidade para 400 pessoas, além de oito salas de aula”, lembra o músico de Coité. Apesar da melhor estrutura, a orquestra que já recebeu comenda de honra ao mérito cultural e se apresentou no palco principal do Teatro Castro Alves ainda encontra dificuldades para manter o grupo avançado no desenvolvimento técnico, por falta de patrocínio. “Os jovens vão fazendo 18 anos, sem uma bolsa fica difícil mantê-los tocando para buscar formação na área da música. Nós damos uma bolsa de R$ 100, mas isso é muito pouco. Já tem cinco jovens que saíram para trabalhar no comércio. Esse é o nosso maior desafio hoje, conseguir patrocínio, porque a arte que esses meninos fazem não tem valor que pague, mas todo mundo tem conta pra pagar. Se não conseguem se manter na música, vão ter que largar para ganhar dinheiro e seguir a vida”, revela Josevaldo.