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Marca Bahia Notícias

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Coletânea de poesias 'Ogum's Toques Negros' é lançada nesta sexta em Salvador

Por Marília Moreira

Coletânea de poesias 'Ogum's Toques Negros' é lançada nesta sexta em Salvador
Guellwaar Adún, escritor e organizador da coletânea | Foto: André Frutuôso
Criado em 2012 como um blog e uma página no Facebook, o Ogum’s Toques Negros se transformou no ano seguinte em um local de encontro entre escritores e leitores e de discussão sobre literatura negra. “Desde o início da nossa caminhada pela literatura, percebemos que as pessoas tinham muita curiosidade sobre o que é isso que a gente chama de literatura negra. Com dificuldade, as pessoas listam três ou quatro escritores negros que leram em toda a vida”, comentou Guellwaar Adún, escritor e organizador da coletânea poética Ogum’s Toques Negros. O livro, que é mais um dos encaminhamentos do projeto e conta com trabalhos de 19 escritores negros de diversas regiões do país, será lançado nesta sexta-feira (21), às 18h30 em um coquetel aberto ao público no Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao), da Universidade Federal da Bahia, localizado na Rua Carlos Gomes. 
 
A seleção dos textos e escritores que entrariam para a coletânea foi descrita como um “trabalho penoso” pelo organizador. “O livro não é um marco zero do projeto, ele é fruto de toda uma caminhada”, lembrou. Hoje já são mais de 40 escritores vinculados diretamente ao coletivo. “Por isso, além do traquejo técnico e estético com a linguagem poética, também consideramos a apropriação que esses escritores fizeram desse espaço”, ressaltou.
Diante da pouca visibilidade que a literatura negra tem frente ao mercado editorial, Adún considera um grande feito reunir a autores jovens, pouco conhecidos, nomes como Miriam Alves, Éle Semog, Lia Vieira e José Carlos Limeira. “É fundamental destacar o nome desses quatro grandes escritores, figuras históricas da literatura negra, e que confiaram seus nomes ao projeto. Se o trabalho não fosse sério, eles não embarcariam. Acreditaram no projeto, apropriaram-se dele e tiveram o senso de coletividade”, afirmou. Além de dar destaque aos trabalhos, o Ogum’s Toques também publica breves biografias de cada escritor e tenta apontar nomes menos conhecidos. Na coletânea, estão nomes de estados como Ceará, Goiás, Mato Grosso, Brasília, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília, e claro, Bahia. “É bom ver tantas pessoas aderindo ao projeto, percebendo que este não é exercício de uma vaidade pessoal. Eu também sou escritor, mas nunca quis pôr meu nome à frente do trabalho. O interesse é muito mais divulgar o coletivo que um trabalho meu”, esclareceu Adún. Para ele, é inegável também o facilitador de ele ter participado dos Cadernos Negros.
Devido ao bom trânsito que tem no meio, Adún promoveu junto ao Ogum’s Toques Negros uma série de encontros mensais, no ano passado, com presença de diversos escritores renomados. “Chegamos a fazer uma Semana Internacional de Literatura Negra aqui no Ceao. Muito brasileiro que é desconhecido aqui, mas que é lido demais lá fora, que tem seus livros lidos em faculdades”, contou.

E eles não falam sobre um único tema. Na coletânea, não foram delimitados assuntos. Há poetas que falam sobre religiosidade, outros sobre o feminino, outros sobre relações homoafetivas e, também, sobre pautas políticas e sociais. “É difícil falar individualmente, como eu sou editor, sou apaixonado por todos os poemas, todos os temas e todos os escritores. Temos o Alex Simões que denuncia a situação dos negros no Quilombo Rio dos Macacos, em Simões Filho. Embora sejam temáticas diversas, o que corre em todos esses textos é o conceito de literatura negra [...] Não podemos dizer que lidamos com uma homogeneização em relação ao nosso falar, a gente prezou muito por essa liberdade".
 
Todas as fotos e ilustrações utilizadas no projeto gráfico do livro e também na divulgação de poemas no blog e na página do Ogum’s Toques são autorais. Preocupado com o zelo estético dos produtos, Adún, que também é designer, convidou Dadá Jaques para direção de arte da coletânea, e firmou parceria com a Barabô Editora. Juntos, eles farão, em julho, uma nova edição do livro, revisada e ampliada, e que contará com mais duas escritoras. Ainda não há informações sobre o valor dos exemplares reeditados, nem sobre o modo em que eles serão distribuídos pelo país. Para maiores informações, acessar a página do grupo, no Facebook