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Você é conservador ou progressista?

Por Francisco Viana

Você é conservador ou progressista?
Foto: Acervo pessoal

Da resposta a esta questão dependerá em muito o resultado das próximas eleições presidencias em que o deputado Jair Bolsonaro, segundo o Instituto Datafolha, desponta com 17 por cento dos votos e o ex-presidente Lula com 35 por cento. Dois Brasis em conflito como numa guerra civil? Não. Dois Brasis em processo de diálogo. 

 

O  culto ao radicalismo não interessa a ninguém. A violência é anticivilizatória. Por isso, as próximas eleições não podem ser tratadas como  uma guerra civil, mas como um grande e formidável debate nacional. O escândalo das desigualdades atinge a todos. A ausência de igualdade de oportunidades, também. 

 

Integrar pacificamente as pessoas é a essência do projeto republicano. É o antídoto contra a desintegração. Precisamos nos reconciliar com a justiça e a compaixão. Esses os focos do debate. 

 

Violência é niilismo. No  Brasil que tende a emergir das urnas não parece existir espaço para incoerências entre discurso e ação.  Há, sim , espaços amplos, vale repetir, para Justiça e compaixão . Diz Hannah Arendt : « A compaixão sem justiça é uma das mais poderosas cúmplices do diabo.“   Entendá-se o “diabo” como ausência de humanismo e desleixo pelo bom comum. 

 

Os temas em questão são múltiplos, racismo, homofobia, corrupção, eleições presidenciais, a desigualdade de oportunidades. 

 

Dois filósofos que podem ajudar na compreensão da complexidade do cenário. Ernest Bloch, o paladino da esperança, e Walter Benjamin, com suas reflexões sobre as engrenagens da cultura. Ambos coincidem num ponto: não temos o direito de esmorecer. Soma-se Thomas Piketty, autor de O capital no século XXI ( se O capital de Karl Marx, que está completando 150 anos, trata da mais- valia, Piketty denuncia que as taxas de acumulação de renda são hoje maiores que as taxas de crescimento econômico). 

 

De qualquer forma, um fato é concreto: o direto de votar existe e não pode ser desperdiçado. Foi uma conquista de muitos anos e custou muitas vidas. O que está em jogo não é a desesperança. Mas os impasses da democracia. Portanto, escolha o campo onde se situar, mas sem ódio, com democrático espírito do diálogo. 

 

O conservador é aquele que deseja que a sociedade estacione no tempo, por exemplo, da escravidão ; o progressista, ao contrário, deseja colher os frutos do progresso e partilha-lha-los. Pense nesses aspectos. O Brasil do futuro depende de diálogo e escolhas. Escolhas reais. 

 

* Francisco Viana é jornalista e doutor em Filosofia Política (PUC-SP)

 

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias