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Braço onipotente

Por Valdir Gomes Barbosa

Braço onipotente
Foto: Acervo pessoal
Assistindo e ouvindo comentários vindos de diversas fontes, imprensa falada, escrita e televisada, amigos, antigos colegas dos tempos acadêmicos, companheiros atuais de profissão, conhecidos e desconhecidos, mestres e estudiosos do direito, após a condenação em primeira instancia do ex-Presidente Lula, me pus a pensar sobre aspectos que envolvem a questão, porém, por uma ótica transcendente, quiçá, em meu sentir, por conta dos ensinamentos cotidianos que absorvo no dia a dia do lar vindos da parte de minha doce comparte, espírita convicta, praticante, aplicada pesquisadora da doutrina, obreira na Federação Espírita da Bahia.
 
Ao que capto nestes permanentes aprendizados de fé cumpre afirmar, Luís Inácio, conterrâneo do rei Gonzaga, homem nascido de origens humildes perdeu a oportunidade de crescer, para alcançar patamares elevados, no plano etéreo de onde vimos e para onde vamos todos os viventes, passantes neste campo de provas e expiações. Muitos podem pensar em privilégios a ele concedidos pela organização cósmica, no simples fato de ter ascendido, um retirante nordestino, metalúrgico de profissão, à condição de chefe do governo de seu país, por duas vezes consecutivas, responsável ainda por eleger Presidente findo o segundo mandato, subordinada da sua confiança, todavia, em verdade, este imaginário afortunado jogou fora a missão que lhe foi ofertada, de resgatar dívidas passadas, no exercício do múnus.
 
Suas escolhas enveredaram pelo caminho tortuoso da vaidade e da ambição desmedida. Um projeto que deveria ser republicano foi desvirtuado, em face da sede de poder ilimitada e assim, junto a séquito de hipócritas, vendilhões de ilusões, cometeu incontáveis desmandos, responsáveis por empanar o brilho de quaisquer conquistas porventura atribuídas ao bando - nisto se tornaram -, em benefício dos menos favorecidos. Mesmo porque, a sangria incalculável pela qual foram esvaziados os cofres da nação, mata e empobrece muito mais a sociedade carente, por falta de saúde e educação de qualidade, pelo incentivo à violência que hoje alcança níveis insuportáveis, inclusive, face aos maus exemplos, dentre outros tantos serviços que poderiam ser oferecidos ao povo desta nação, comprometidos, por exemplo, por obras faraônicas realizadas com recursos bilionários fora de nossas fronteiras, os quais deveriam ter sido aplicados em nosso rincão.
 
Sem dúvidas, se esperava houvesse sido diferente. A postura desejada por tantos quantos nas suas promessas acreditaram e outros tantos, como eu, que mesmo céticos pagamos para ver foi decepcionante. Disse-me, certa vez, homem do campo: “Doutor, quem cria é mãe, pai dá o exemplo". O pai dos “pobres” não soube ser espelho digno de imitar e sua sucessora, a mãe dos "oprimidos", nada soube criar, ao contrário deixou atrás de si um rastro de destruição.
 
Dia destes, comentando sobre a comentada subtração dos bens palacianos, após deixar o governo, fiz um artigo: Lulankamon. Na conclusão do texto asseverei: ...Intriga-me, entretanto, que destino pretendia dar ao tesouro guardado. Não poderia usá-lo, do contrário, valiosas peças decorativas, obras de arte embaladas há anos estariam adornando seus abrigos, mesmo emprestados, até porque não poderia vendê-los, objetos deste jaez carecem de declaração da origem.
 
Na era dos faraós seria factível entender que posses terrenas deveriam ser usadas no plano seguinte, a cultura da época justificava ditos procedimentos, mas, um plebeu contemporâneo, a quem o cosmos deu direito e oportunidade de progredir praticando o bem, a quem fez rei de um povo que acreditou nas promessas de posturas éticas, morais e legais, me parece imponderável agir com tamanha falta de lucidez.
 
Permito-me encontrar explicação para tudo isto, assim, crente na reencarnação imagino a única saída plausível. Milhares de anos depois, o espírito de um faraó se apossou do corpo daquele que poderíamos, por tal motivo chamar Lulankâmon... .
 
Hoje, quando o mundo comemora o dia da liberdade de pensamento chegando para sentir, outra vez, o frio da suíça baiana, concluo estes considerandos iniciados ontem no aconchego de casa e afirmo, o homem a quem foi dado direito de resgatar suas culpas, ocupando o posto mais alto do país ao qual deveria servir, do qual tão somente se serviu haverá de voltar, não para subir outra vez na curul presidencial, como ainda se encoraja a dizê-lo. Perdeu as chances. Falo do retorno depois da inexorável partida, quem sabe quando e como, para refazer o caminho desperdiçado.
 
Em contrapartida entendo, o Juiz Moro, nada mais é, senão instrumento do Braço Onipotente oportunizando ao desidioso a condição de se acostumar, desde agora, com os grandes flagelos aos quais será submetido no amanhã.
 
 Valdir Gomes Barbosa é ex-delegado-chefe da Polícia Civil 

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias