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Complexo Portuário da Bahia, a penumbra logística – Parte I

Por Josemar Souza Santos

Complexo Portuário da Bahia, a penumbra logística – Parte I
Foto: Acervo pessoal
Retornamos mais uma vez a traçar um relato do contexto operacional que envolve as estruturas portuárias da Bahia, revelando uma continuada morbidez em termos de projetos de investimentos para o curto, médio e longo prazo, entraves cabais a competitividade da economia baiana.
 
Se passaram praticamente 16 anos em que publicamos artigo na Gazeta da Bahia, um encarte da Gazeta Mercantil, intitulado: "Investimento Portuário, uma Questão Estratégica", deste pretérito aos dias atuais pouco ou praticamente nada foi realizado em termos de construção de novos terminais portuários no Litoral Baiano.
 
Para análise deste contexto negativo em relação às estruturas portuárias do Estado, retrocedemos a 2006, ano de campanha eleitoral para Governo da Bahia. O futuro governador vendeu ao eleitorado baiano a premissa que, sendo eleito, por pertencer ao mesmo partido do presidente Lula, e ser amigo do mesmo, levaria a Bahia ter oportunidades quanto à vinda de recursos federais.
 
O que se viu não correspondeu ao prometido, eleito no mesmo período, a governador de Pernambuco, Eduardo Campos tornou-se protagonista na busca de investimentos da União para seu estado, aplicados, principalmente, em SUAPE, contando com o apoio do presidente Lula. Ciro Gomes, da mesma forma, conseguiu um filão para o Ceará com o Porto de Pecem. O governo da Bahia neste período se comportou como um ator coadjuvante.
 
O complexo portuário de SUAPE é o "landmark" desta teoria. Este porto teve sua data marco em 07 de novembro de 1978, mas foi ascensão do PT ao poder em 2003, que tornou-se cristalino a prioridade de Pernambuco na recepção de verbas federais, em detrimento da Bahia, maior economia da Região Nordeste..
 
Os portos públicos da Bahia, administrados pela CODEBA - Companhia de Docas do Estado da Bahia permanecem com a mesma capacidade estrutural de 30 anos atrás, ou seja, os mesmos berços para receberem embarcações. Alguns ganhos de produtividade ocorreram em função de novos equipamentos para manuseio de carga, mas incipientes para mudar a relação custo benefício desfavorável.
 
O Porto de Salvador tem visto passar ao largo o projeto de ampliação do seu Quadrante Norte, vetor estratégico para a Economia Baiana, com a construção de mais de 543 metros de cais linear, em direção ao terminal de ferry boat, que, junto ao existente de 377 m, totalizará 920 m, o que permitirá à atracação simultânea de 3 navios porta contêineres de 300 m. O enrocamento da área resultará em um aterro de 91 mil metros quadrados, ampliando assim a retroterra e sua capacidade de estocagem de cofres de carga.
 
A ampliação do Quebra Mar Norte, peça fundamental para viabilizar a expansão do terminal, como outros projetos não saiu do verbo.
 
O presente de grego, que se alardeou para sociedade, como se algo fosse realizado em relação às operações do Porto de Salvador foi a construção da estação marítima, uma obra estética, ilusória, que pouco agrega a economia do Estado. Navios de passageiros só frequentam nosso porto do final de outubro ao início de abril. Os visitantes consomem apenas água mineral e de coco, usam os serviços de taxi, compram balangandans, enquanto o novo terminal de contêineres geraria bilhões de dólares, milhares de empregos e seu espectro influência alcançaria mais de 400 km em território baiano.
 
Enquanto paramos no tempo, o porto de SUAPE conta com um terminal de contêiner, com 2 berços, extensão de  660 m, mais 275 m de berço público, o que  totaliza 935 m, a profundidade operacional nos berços é de 15,5m, por outro lado, Salvador, apesar do canal de acesso e bacia de evolução ter sido dragados para 15 metros, a profundidade no cais é de 13,90m, conforme normas e procedimentos da Capitania dos Portos da Bahia.
 
Com estas facilidades proporcionadas por SUAPE, Pernambuco atraiu a FIAT, que inclusive pretendia vir para a Bahia, vários CDS - centros de distribuição, a exemplo da SADIA e TOYOTA, em sentido contrário a Bahia perde a JAC MOTORS.
 
O Porto de PECEM no Litoral Cearense, inaugurado em 2002, se torna em mais uma prova que a Bahia perdeu o bonde da história neste setor. PECEM surgiu do nada, ou seja, um porto off shore, sem canal de acesso ou bacia de evolução, construído fora de águas abrigadas, hoje conta com 6 berços.
 
Pernambuco e Ceará criaram empresas estatais para gerirem com autonomia os investimentos nos seus portos, sem depender dos humores do governo federal, pois, perceberam a importância deste setor na busca de competitividade. O mesmo acontece com o porto de Paranaguá, Rio Grande e Itajaí.
 
O Tecon Salvador propaga ser o único terminal de contêiner na região, com berço preferencial para cabotagem, em contraponto, só temos um berço para longo curso, o que leva a maior probabilidade de sobre estadias das embarcações, com pagamento de demurrage.
 
A Ponta Norte é um investimento no contexto da sobre vida do Porto de Salvador, sendo seu último espaço para ampliação, pois o futuro de um novo terminal de contêineres no Estado é a região da Baía de Aratu. (Leia a parte II do artigo na coluna Municípios)
 

* Josemar Souza Santos é economista, especializado em Gestão Organizacional Pública e em Órgão de Infraestrutura de Transporte

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias