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A epidemia do trânsito e o Maio Amarelo

Por Maurício Bacelar

A epidemia do trânsito e o Maio Amarelo
Foto: Cláudia Cardozo / Bahia Notícias
Quando saímos de casa, torcemos para encontrar as vias livres, o transporte coletivo funcionando bem e as linhas do metrô chegando mais longe. A meta é ter uma boa mobilidade até o destino desejado, com deslocamento confortável e em tempo satisfatório. Mas de que adianta a infraestrutura de grandes avenidas e viadutos, aliada a um transporte eficiente, se no meio do caminho tivermos um trânsito sem segurança?
 
Nunca foi tão arriscado circular pelas cidades e estradas em nosso planeta. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), morrem atualmente no mundo cerca de 1,3 milhão de pessoas por ano, deixando 50 milhões de sobreviventes com sequelas, a um custo aproximado de US$ 518 bilhões. O Brasil registra mais de 60 mil mortes por ano, quase 600 mil feridos e 50 mil mutilados.
 
Nesse cenário trágico, o trânsito passou a ser considerado uma epidemia mundial, que tem sido combatida pela Organização das Nações Unidas (ONU) através da resolução que criou a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”, compreendida entre 2011 e 2020. Um dos remédios para o combate à doença é o movimento internacional “Maio Amarelo”, que visa conscientizar as pessoas sobre o comportamento no trânsito, com o objetivo de reduzir o número de acidentes.
 
Se essa epidemia não for contida, a OMS estima que 1,9 milhão de pessoas devem morrer no trânsito em 2020 e 2,4 milhões em 2030. A intenção da ONU com o movimento é poupar cinco milhões de vidas até 2020. O Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, atrás da Índia, China, EUA e Rússia, e na frente do Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito. Juntas, essas dez nações são responsáveis por 62% das mortes.
 
Quando assumi a direção-geral do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA), senti a necessidade de colocar o órgão em sintonia com esse esforço mundial pela redução no número de acidentes. O primeiro passo foi levar para as festas populares a campanha educativa “Balada Consciente- Se beber, não dirija”. Hoje, desenvolvemos rotineiramente ações lastreadas em um tripé: engenharia, educação e fiscalização. Temos também o envolvimento de estudantes de escolas públicas, que aprendem noções de trânsito em nossas instalações, e agora vão criar o mascote do Detran através de concurso.
 
O Detran aderiu ao “Maio Amarelo” e atraiu mais de 60 entidades dos setores público e privado para o movimento, entre elas, a Arquidiocese de Salvador, na figura do arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger. Mas ainda é pouco. Essa precisa ser uma iniciativa que envolva todos os segmentos da sociedade.
 
O trânsito seguro não é uma responsabilidade somente dos poderes públicos, é uma responsabilidade de cada cidadão. Quem foi contaminado pela epidemia ao volante deve buscar o tratamento agora. Aquele que iniciou o tratamento não pode desistir. E o que não está contaminado deve servir como multiplicador da vacina contra esse mal que aflige países pobres e ricos. Aderir ao “Maio Amarelo” é evitar que o mundo fique mais vermelho com o sangue das vítimas de acidentes de trânsito.

 * Maurício Bacelar é diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA)

 * Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias