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Incentivo e capacitação para enfrentar o desemprego

Por Marcelo Gavião

Incentivo e capacitação para enfrentar o desemprego
A crise econômica e o baixo desempenho do PIB nacional atingiram fortemente o mercado de trabalho baiano. Entre janeiro e março, a Bahia perdeu 10.969 postos de trabalho, conforme mostram dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. O número é resultado de 187.420 contratações, contra 198.389 desligamentos.
 
Todos os estados nordestinos tiveram saldo negativo no mapa do emprego no 1º trimestre. Pernambuco foi quem mais sofreu, com uma perda de 35.088 empregos formais. Mesmo considerando a distância para nosso vizinho, os quase 11 mil empregos perdidos pela Bahia preocupam. Levantamento realizado pelo Observatório do Trabalho mostra que março passado obteve o pior resultado dos últimos 12 anos para o mês. O número negativo baiano apareceu mesmo sob uma expectativa, até março, de um crescimento de 1% no PIB de nosso Estado em 2015, após um avanço de 1,5% registrado em 2014.
 
Aqui, vale abrir um parêntesis para considerar que o período do levantamento, o primeiro trimestre do ano, é normalmente de ajustes no mercado de trabalho, já que os meses de novembro e dezembro registram contratações de final de ano, em especial no setor do comércio, sendo que muitos desses empregos gerados não serão consolidados. E os números mostram isso, uma vez que o comércio fechou 5.415 vagas nos três meses analisados. Vale destacar também o papel inverso do setor de Agropecuária, Extração Vegetal, Caça e Pesca que, na contramão, gerou 1.471 postos entre janeiro e março.
 
Porém, chama a atenção das autoridades do trabalho no Estado o fato de a Região Metropolitana de Salvador ter participado com 5.988 postos perdidos (67% do total) e a Construção Civil ter sido o que mais desempregou, com 7.440 vagas fechadas. É importante olhar os dados de Maragogipe, segunda cidade que mais perdeu empregos formais entre janeiro e março (3.095), cujos números estão associados diretamente aos setores de Construção Civil e da Indústria de Transformação. Outras cidades tiveram números expressivos, como Camaçari (793), Lauro de Freitas (561) e Simões Filho (536).
 
Em termos de mercado de trabalho, quando a participação da RMS é majoritariamente negativa, assim como a construção civil e a indústria são os setores que mais demitem, é o sinal de que algo imediato precisa ser feito para que o quadro não se agrave. Até porque, outros setores, em especial, o comércio, tendem a sofrer os efeitos da crise que atinge os dois primeiros. Não que as outras regiões e setores não mereçam a necessária e devida atenção, mas é porque é nesta região e setores onde se concentra a maior parte do PIB baiano, responsável pelo volume maior da arrecadação de impostos, pelos empregos melhor remunerados, pela geração de negócios e desenvolvimento tecnológico.
 
Nessa hora, o papel do estado é fundamental. Primeiro, atuando para não permitir que os investimentos previstos sejam paralisados. Cito em especial obras que estão em curso, como Ferrovia Oeste-Leste, o Estaleiro Paraguaçu, o Metrô de Salvador, entre outras ações estruturantes e fortes geradoras de empregos. Aliado a isso, manter uma postura mais agressiva na atração de novos negócios, além de garantir o início de outras ações planejadas, a exemplo da Ponte Salvador-Itaparica e o Porto Sul.
 
Por fim, cabe ao Estado, através da ampliação da parceria entre os governos estadual e federal, garantir a formação de capital humano, com a continuidade e melhoria nos serviços de qualificação e intermediação. Isso permitirá a Bahia ter mão de obra capacitada para os desafios do mercado, seja no que diz respeito à necessidade intensiva em momentos de expansão, seja para atender às exigências adicionais em momento de crise. Neste momento, uma boa iniciativa é ampliar o volume de recursos investidos no trabalho autônomo, facilitar o acesso ao microcrédito e incentivar o microempreendedorismo.


* Marcelo Gavião é Coordenador Estadual do SineBahia

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias