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Os desafios da oposição soteropolitana

Por Rinaldo Rossi

Os desafios da oposição soteropolitana
Muitas pessoas questionam a atualidade dos conceitos de esquerda e direita na política atual, apesar de defendê-los, acredito que possuem, no mínimo, valor didático. Neste caso, utilizo-o para caracterizar o que seria um bloco de centro-esquerda liderado pelo governador Rui Costa na Bahia, que com os primeiros dias de mandato já demonstra ser político que governa com objetivos estratégicos e uma articulação afinada, que deverá organizar sua base em Salvador e está mais presente na cidade e acompanhando a própria Câmara Municipal.
 
O Partido dos Trabalhadores sempre empunhou candidaturas fortes na capital, chegando ao segundo turno nas últimas duas eleições municipais. Porém, o partido vivia um contexto de falta de unidade interna, que se expressava em posições diversas dentro da própria bancada de vereadores. A eleição de Everaldo Anunciação para a presidência estadual do PT promove um novo alinhamento entre partido e a bancada municipal que deve se consolidar com as escolhas das lideranças do partido e oposição na Câmara. Neste caso, espera-se da bancada em 2015 e 2016 votos unificados em todas ou quase todas as matérias. A “linha justa” petista revelou-se principalmente com a medida disciplinar ao vereador Henrique Carballal, que retira seus direitos políticos no partido por 60 dias e pede sua expulsão.
 
A habilidade política de Rui Costa e sua forte presença junto ao eleitorado têm revertido o quadro antes traçado pelos opositores do governo estadual. A tese de que o PT estaria a caminho da guilhotina na Bahia tem se provado equivocada. Ou seja, no que se refere à coalizão partidária em Salvador, o bloco de centro-esquerda já possui densidade para competir com Neto, leia-se: PT, PCdoB, PSB, PSD, PTN, PHS fechados, e o PDT dividido. Com campo para crescer o vínculo com partidos como PV, PR, PP, PRB, entre outros.
 
Se por um lado, a presença de Rui Costa junto ao eleitorado pode repaginar a forma de relação do governo e a sociedade, apontando para a mobilização e participação social na Educação e Segurança Pública; por outro lado a juventude, movimentos sociais e partidos devem retomar a participação política e cultural ativa, característica histórica da Bahia.
 
Retomar a participação social implica necessariamente está atento aos principais eventos e ações de interesse público em Salvador, como o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) com tramitação prevista para maio. Mas é preciso formular um projeto amplo para cidade, não apenas para grupos restritos, como tem sido feito. É o momento de aglutinar lideranças, movimentos, artistas, intelectuais e forças políticas em prol de uma plataforma de democratização real da cidade, o que implica uma série de mudanças estratégicas no governo municipal para que o conduza para princípios de participação popular e fortalecimento da cultura e da infraestrutura nas periferias.
 
Portanto, coloca-se a possibilidade de estabelecer um novo marco na política baiana e soteropolitana. Um projeto onde não prevaleçam grupos econômicos atrasados, que pensem a cidade de forma restrita ao seu bolso; mas que aponte para ações criativas em áreas de ação urgente, como a morte de jovens negros, uso abusivo de drogas, mobilidade, saúde, educação, limpeza urbana e meio ambiente, como já tem sido feito em outras gestões estaduais e municipais pelo Brasil.
 
Nesse sentido, as iniciais mudanças no tabuleiro eleitoral criam um ambiente muito mais favorável para que a coalização de centro-esquerda possa pautar a cidade ao ponto de inviabilizar a reeleição do atual prefeito. Para isso se efetivar é preciso que a oposição passe a atuar de forma mais articulada na Câmara Municipal e principalmente que esteja reforçada por um engajamento real das pessoas em prol de uma cidade mais justa e igualitária. 

* Rinaldo Rossi é dirigente municipal do Partido dos Trabalhadores.
 
* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias