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Campanhas políticas: Diversão e arte

Por Fernando Barros

Campanhas políticas: Diversão e arte
Como uma Copa bianual, a cada dois anos o Brasil colhe mais uma safra de suas jabuticabas. São as nossas campanhas políticas. Não exageraria em dizer que o país para, mas é próximo disso.

Só nessa parte do Planeta a escolha eleitoral é tão frenética e intensa, regradas por bem definidas leis federais e decretos severos.

Um porre, pra uns, uma festa pra outros. Quando as autoridades definem o calendário e acionam a largada, a propaganda, em altíssima frequência, festeja ou destrói reputações em um semestre ou menos. Ideologias e mistificações são liquidificadas.

Honrados e preparados homens públicos misturam-se a figuras folclóricas e abrem seus vorazes apetites aos votos. Promissórios em aberto, câmeras e microfones entopem-se de inalcançáveis compromissos. Bilhões de reais, para alegria de tantos, irrigam as ruas, praças e algumas contas correntes. A liberdade, a democracia, pagam caro por seu espaço. 

Como profissional que também milita na área, fiz durante algum tempo autocrítica censurando o excesso de presença do marketing para tais fins. Ficamos estigmatizados.  Por conta do excesso de vaidade e exagerado exibicionismo de alguns colegas.

Às vezes somos confundidos como representação de embuste. Viramos “marketeiros” (que denominação detestável!), seres para o que der e vier na construção de imagens, percepções. Falsas ou verdadeiras.   Somos escolhidos pela possibilidade de produzir sedutoras embalagens muito mais do que aperfeiçoar conteúdos.

Somos apenas aqueles que os enfeitarão para oferecê-los na prateleira, assim inventados do nada como se não tivessem passado e presente. O marketing político, na essência é para aperfeiçoar conteúdos, adequá-los ao mercado de votos.

Mas a vida como ela é. Melhor esse excesso de luzes do que gabinetes no breu das covas nos empurrarem líderes que não queremos ou não escolhemos. As campanhas políticas são como novelas.

As audiências são disputadas ponto a ponto e aí é bacana ver o talento dos nossos profissionais, emulsionando aqueles que serão clicados no dia D. Uma maquininha eletrônica de contar votos até prova em contrário, à prova de fraudes, também invenção exclusiva de brasileiros. Uma traquitana de causar inveja a Steve Jobs!

Divirto-me acompanhando as novidades a cada campanha incluindo o abandono de técnicas que envelheceram. Chegaram novas gerações de eleitores que agem diferente para determinar seus votos. Isso aquece a evolução do nosso negócio.

Impressiona perceber a mudança da atitude do cidadão no início e nas proximidades do pleito. Migra da irritada indiferença à manifestação apaixonada.

A Internet trouxe um ingrediente catalisador magnifico às disputas. Mas sozinha não se resolve nem decide uma eleição.  Boas campanhas politicas são uma combinação de mídias, novas e antigas. Quanto melhor e mais criativamente usadas, mais sucesso.

As pesquisas e estudos qualitativos eram fundamentos bíblicos na orientação de caminhos. Ninguém ousava questionar o que brotava das mesas recheadas de quibes empadinhas e refrigerantes, atentamente “espiados” nas salas de espelho pelos estrategistas. Aqueles comentários eram sentenciais.

Descobriu-se que não é bem assim. Um grupo de 8 /10 pessoas relaxadas por uma moderadora calma e simpática, produzem achismos,  nem sempre os mais sinceros, mas os que lhe parecem mais “politicamente corretos”. 

Ora, orientadas assim, a eficiência das peças de comunicação ficou seriamente comprometida. Novas experiências relacionadas com movimentos dos olhos estão em teste para aprovação – ou não - de filmes, conceitos.

Outros juram que a neurociência é o que há de mais eficaz pra adivinhar o que se passa no fundo da alma e da razão de voto das pessoas.

Gosto desses passeios, mas observo, o que  vale  mesmo é o exercício mais primitivo e também o mais fascinante da  das nossas habilidades: o talento, a intuição. Nada substitui um posicionamento estratégico criativamente bem definido.

Recentemente, estava sobre uma esteira ergométrica me esforçando em performar, enquanto a médica que me acompanhava, curiosa, perguntava-me se não era tenso e estressante esse tipo de trabalho. Respondi talvez pra me livrar da inquisição: Nada, é divertido como jogar um game.

* Fernando Barros é publicitário

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias.