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A corrupção nossa de cada dia

Por Alex Lopes

A corrupção nossa de cada dia
O primeiro passo para uma decisão acertada pode ser o reconhecimento do erro. Foi assim que o Papa João Paulo II iniciou uma virada histórica na Igreja ao pedir desculpas pelos erros que a instituição cometera. E agora o Papa Francisco vem a público, num rasgo de humildade, e confessa que ele próprio já cometera um pequeno furto. Essas duas atitudes, adotadas por homens tão grandiosos, nos ajudam a refletir sobre o que podemos fazer de melhor para nosso país. E não é por estarmos em ano eleitoral, momento oportuno para um exame coletivo de consciência. A crítica e a autocrítica moral têm que ser permanentes.

Nos ensina a ética cristã que devemos fazer ao próximo aquilo que dele esperamos. Portanto, se desejamos novas práticas nas instituições públicas e privadas do país, então devemos assumir novos paradigmas. Diante de qualquer denúncia de corrupção, a postura normal é a acusação ao malfeitor. Porém, raramente indagamos sobre a corrupção que praticamos até mesmo no cotidiano.

A corrupção nossa de cada dia é tão nociva ao país quanto o é a daqueles que gerem estão no poder. A bem da verdade há entre ambas uma relação recíproca de causa e conseqüência, que só será interrompida quando encontrarmos um equilíbrio entre vontades particulares e ideais coletivos.

O Papa Francisco nos fala de “um ladrão que há dentro de todos nós”. Pois bem, esse ladrão oculto em nossa consciência nem repara a gravidade da distorção de um dos maiores ensinamentos de São Francisco: é dando que se recebe. O que fora dito como maior expressão da solidariedade, agora é tomada como legitimadora do individualismo amoral. A tolerância a essa inversão de valores é uma clara evidência de quanto o Papa está certo.

Em uma democracia, é absolutamente legítima a defesa de interesses por parte de segmentos sociais. Mas a famigerada Lei de Gerson deslegitima toda e qualquer ação política. Há muito tempo esse anseio da vantagem em tudo instaurou entre nós um verdadeiro culto a perversão. E nem sempre nos damos conta do quanto nos habituamos a uma desordem de conceitos, quando, no plano coletivo, já não distinguimos (ou não queremos distinguir) o bem do mal. Para comprovar o que digo basta um olhar minimamente crítico sobre nossas atitudes no dia a dia.

Dando a César o que é de César, em matéria de desvios comportamentais, nenhum de nós pode atirar a primeira pedra. Portanto, seguindo os exemplos dos papas João Paulo II e Francisco: reconheçamos nossas mínimas e máximas culpas pelo que de bom e de mau há no país e, se trazemos dentro de nós um ladrão, que ao menos este seja o Dimas.


 *Alex Lopes é vice-prefeito de Conceição do Coité