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Questão de cidadania

Por Adilson Fonsêca

Questão de cidadania
Há algum tempo a Câmara Municipal de Salvador vem realizando uma campanha de cidadania na cidade, com o slogan “ajude a espalhar uma nova atitude pela cidade”. Sem qualquer visão político-eleitoreiro, mesmo que seja este o motivo, vejo a campanha como algo extremamente útil para quem vive o dia a dia dessa cidade, que recentemente completou 465 anos e tem histórias e “estórias” marcantes ao longo desses quatro séculos e um pouco mais de meio.

São histórias que enaltecem não só a grandeza dos soteropolitanos, chamados simplesmente de “baianos”, mas também a sua cordialidade, hospitalidade e amor pela cidade, e que, infelizmente vêm sendo jogadas por terras por aqueles que esqueceram ou sequer têm noção do que vem a ser cidadania.

Respeitar a faixa de pedestre, não fechar os cruzamentos, obedecer aos limites de emissão sonora, não jogar lixo na rua, respeitar vagas de idosos e deficientes, como bem define o texto da campanha, são atitudes que deveriam fazer parte do nosso cotidiano. Afinal, cidadania não é apenas lutar por direitos, mas também respeitá-los.

E o que vemos com frequência são opostos do que diz a campanha. Não se respeita faixa de pedestres (invade-se o sinal com a maior cara de pau e os pedestres, por sua vez, ignoram passarelas e sinaleiras e teima em arriscar a vida em travessias inadequadas). Nos cruzamentos valem as leis dos mais fortes e dos mais espertos – dane-se o outro). O limite do som é determinado pela vontade de cada um – os incomodados que se retirem. Jogar lixo nas ruas, nas calçadas e até mesmo pela janela dos veículos “faz parte” – para isso existe a Limpurb. E, por fim, idosos e deficientes deveriam ficar em casa, pensam os infratores ao tomarem seus lugares e não lhes darem preferência em filas.

Essa tem sido a cultura predominante na nossa cidade, onde quem respeita as leis é “otário” e quem as desrespeita é “esperto”.  A cordialidade, a civilidade, a cidadania do soteropolitano parecem ser artigos para campanha de turismo. Quem vive o cotidiano da cidade e se enquadra do time dos “otários” percebe bem isso. Já o time dos “espertos”... Bem, eles sequer percebem as infrações que cometem, pois na ignorância dos direitos e deveres da cidadania, essas atitudes fazem parte também do seu dia a dia.


A campanha encerra com a frase “ É assim, com cada um fazendo a sua parte, que a gente faz uma cidade melhor”. Não apenas uma cidade, sua administração – mesmo que venha com um viés político-eleitoreiro. Mas os cidadãos. E fortalece a exata noção de cidadania. Direitos e deveres consigo, com o próximo e com o mundo em que vivemos.

* Adilson Fonsêca é jornalista