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Brasil sediará Fórum Mundial da Água

Por Eduardo Athayde

Brasil sediará Fórum Mundial da Água
O Brasil, com 13% da água doce do planeta, foi escolhido como sede do 8º Fórum Mundial da Água, em 2018, durante a reunião do Conselho de Governadores do World Water Council - WWC, ocorrida nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2014, na Coréia do Sul. Hoje, 40% da população global vive sob estresse hídrico em regiões onde a oferta anual é inferior a 1,7 mil m³ de água por habitante, limite mínimo considerado seguro pela ONU.

Até 2025, o patamar atual de 3,5 bilhões de habitantes urbanos ultrapassará 5 bilhões, aumentando a pressão sobre a necessidade de infraestrutura para o fornecimento de água e saneamento básico. Reunindo mais de 300 organizações em 50 países, o WWC estimula investimentos, incentiva marcos regulatórios e eventos preparatórios para os fóruns globais. Realizado a cada três anos, o Fórum reúne governos, empresas, academia e sociedade civil.

Com apenas 55,1% dos municípios dispondo de saneamento básico (IBGE),  o Brasil firmou compromisso na Declaração do Milênio, da ONU, de reduzir  pela metade o número de habitantes sem acesso ao saneamento até 2015. Enquanto cerca de 40% da água bombeada para as residências brasileiras é perdida nas redes antes de chegar ao seu destino, no Japão a perda de 5% está sendo reduzida.
Na cidade de São Paulo, que consome 80 bilhões de litros de água por mês e enfrenta estresse hídrico, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) investiu R$17,5 bi nos últimos sete anos, reduziu as perdas da água distribuída para 25,6%, diminuiu o prejuízo em R$ 275,8 milhões/ano e está oferecendo desconto de 30% na conta de quem reduzir 20% do consumo.

Na Bahia, enquanto a Embasa faz campanha contra o desperdício de água, o município-foz de Lauro de Freitas (tomado como exemplo por ser 'foz' de bacia), segundo a prefeitura, tem apenas 7% da população com saneamento básico, funciona como cloaca da Bacia do Rio Joanes, despejando no Oceano Atlântico esgotos dos 8 municípios da bacia e mais os dejetos dos rios-esgotos efluentes. Sua praia-foz, chamada de "Buraquinho", é um caso interessante a ser mostrado.

A Lei 11.445/07, estabelecendo diretrizes para o saneamento básico, preconiza que os municípios precisam elaborar seus 'Planos Municipais de Saneamento Básico' e promover a 'Regulação dos Serviços de Saneamento'. O governo federal pretende universalizar o saneamento básico no Brasil em 20 anos (2014 a 2033) e para isso estima a necessidade de 302 bilhões de reais para obras de água e esgoto. "Teríamos de investir em média 15 a 16 bilhões/ano, mas ainda não passamos dos 9 bilhões de reais por ano", adverte o Instituto Trata Brasil.

Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, as 100 maiores cidades do país geraram mais de 5,1 bilhões de m³ de esgoto por ano, desses, mais de 3,2 bilhões de m³ não recebem tratamento, ou seja, mais de 100 milhões de brasileiros ainda não têm saneamento básico, o que representa elevados impactos na saúde pública. Entre as doenças transmitidas diretamente através do esgoto estão a cólera, febre tifóide, desinteria, amebíase e hepatite. A Organização Mundial da Saúde afirma que para cada 1 real investido em saneamento há uma economia de 4 reais na saúde.

A Associação Comercial da Bahia (ACB), fazendo jus aos 200 anos de serviços prestados à comunidade e interessada na gestão do conhecimento aplicado à sustentabilidade hídrica e ao saneamento básico, convidou o World Water Council e sediará eventos preparatórios em Salvador.

Os novos marcos regulatórios legais elevaram os interesses de investimentos privados, nacionais e internacionais, na gestão e na prestação desses serviços, disse em São Paulo Caio Koch-Weser, ex-vice-ministro de finanças da Alemanha e vice-presidente do Deutsche Bank. Acostumado a lidar com investimentos globais, afirmou: "Ignorar a sustentabilidade é um erro econômico". Os investimentos realizados até o Fórum Mundial da Água no Brasil, em 2018, confirmarão – ou não – a visão de Koch-Weser.


*Eduardo Athayde é diretor da Associação Comercial da Bahia e do WWI-Worldwatch Institute. [email protected]