Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, no Brasil, 15% das crianças com idade entre cinco e nove anos e 25% dos adolescentes têm sobrepeso ou obesidade. Com o crescimento destes números e o consequente aumento das doenças associadas – diabetes, hipertensão, apneia, problemas nas articulações, entre outras –, têm se elevado as indicações a cirurgia bariátrica para estes pacientes. Apesar de considerada uma das últimas opções, por ser um procedimento invasivo, a cirurgia bariátrica é importante até mesmo para o desenvolvimento emocional dos jovens, defendeu o cirurgião Marcos Leão, em entrevista ao Bahia Notícias. Considerado uma das referências brasileiras em cirurgia bariátrica em adolescentes, o especialista argumentou que a espera pode ser prejudicial para este público específico. “O adolescente está em uma fase de vida muito peculiar, quando ele está construindo toda a base de sua personalidade, estrutura social, autoestima, encontrando seus espaços... Se ele passa aquele período com obesidade mórbida, a probabilidade de um impacto negativo na formação de sua personalidade é maior. A pessoa retarda uma cirurgia, mas tudo que se passou naquela fase está perdido”. Leão explicou também que, no passado, acreditava-se ser importante aguardar o fim da puberdade para realização do procedimento. No entanto, pesquisas apontaram que a obesidade representa maior prejuízo sobre a puberdade, em comparação aos riscos associados à cirurgia. “Por exemplo, eu tenho estudos que mostram que o indivíduo que é operado na adolescência tem uma taxa de crescimento em estatura é maior no indivíduo que opera. Você tira a carga da obesidade de cima dele, então ele cresce mais, uma média de um centímetro a mais por ano do que o não operado. O desenvolvimento sexual secundário, a puberdade não são impactados pela cirurgia”, acrescentou.