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Falência Ovariana Precoce está associada a ausência da menstruação e causa infertilidade 

Falência Ovariana Precoce está associada a ausência da menstruação e causa infertilidade 
Foto: Jonathan Borba / Unsplash

A falência ovariana precoce (FOP), também conhecida como insuficiência ovariana primária (IOP) é definida por amenorreia por um período de 4 a 6 meses. Ou seja, ela está diretamente associada à ausência de menstruação. Pode ocorrer como um caminho natural da vida das mulheres, que normalmente a partir dos 50 anos deixam de menstruar, mas pode vir mais cedo... e é aí que está o problema. 

 

"Se a FOP for identificada em mulheres na faixa dos 50, é relativamente esperado. O grande problema é que ela tem sido mais diagnosticada em jovens e a preocupação, nesses casos, é enorme", explica o médico do IVI Salvador, Fábio Vilela.

 

A incidência da falência ovariana precoce (FOP) é de cerca de 1 de 1.000 antes dos 30 anos, 1 de 250 em torno dos 35 anos, e de 1 de 100 aos 40 anos. Representa entre 10% e 28% dos casos de amenorreia primária, entre 4% e 18% dos quadros de amenorreia secundária e de 2 a 3% das situações de infertilidade feminina. 

 

A falência esporádica é a forma mais comum, porém em cerca de 5% dos casos, observa-se um histórico familiar positivo, o que sugere uma predisposição genética para essa patologia.

 

O quadro clínico é caracterizado pela ausência de menstruação. Neste caso, geralmente é precedida por um período de irregularidade menstrual e flutuações das gonadotrofinas, tendo uma apresentação muito complexa. 

 

Muitas vezes o primeiro sinal é uma resposta inadequada à estimulação ovariana ou exames que mostram uma reserva ovariana baixa. Para essas pacientes, a chance de FOP é cerca de quatro vezes maior e, portanto, elas devem ser alertadas sobre os riscos futuros de sua vida reprodutiva. 

 

Os sintomas costumam ser intensos, tanto vasomotores (sudorese e ondas de calor), como atrofia vaginal e cutânea, consequentes do hipoestrogenismo. Podem ainda apresentar insônia, irritabilidade, cefaléia, instabilidade emocional e depressão, levando a grande comprometimento da qualidade de vida.

 

"O impacto emocional que as mulheres sofrem com o diagnóstico de FOP é imenso, com uma grande sensação de frustração e de perda da sua fertilidade e feminilidade, portanto, o ginecologista deve ter muito cuidado ao dar essa notícia e sempre oferecer todo o apoio necessário, inclusive psicológico", explica o especialista.

 

Do ponto de vista reprodutivo, alguns estudos demonstraram que 16 a 50% das mulheres que foram diagnosticadas com Falência Ovariana Precoce em amenorreia por 3 a 6 meses ovularam, mas somente cerca de 5 a 10% delas engravidaram espontaneamente ou com ajuda de tratamento. A maioria das vezes, a única opção para uma gestação é utilizando óvulos doados.

 

Entre 80/90% das vezes não é encontrada uma causa, sendo considerada idiopática. Em cerca de 5% dos casos, ocorre a forma hereditária, em que a FOP pode ser prevista pelo histórico familiar. O restante ocorre de forma esporádica.

 

O tratamento da infertilidade vai depender do estágio em que foi feito o diagnóstico e pode ser dividido em algumas fases, que vão desde a prevenção, passando pela tentativa de restauração da função ovariana, para chegar à ovodoação.

 

No caso da prevenção, pacientes que irão ser submetidas a cirurgia, quimioterapia ou radioterapia podem utilizar de técnicas de preservação da fertilidade, e assim manter chance de gravidez após os tratamentos. Isso vale também para aquelas com diminuição da reserva ovariana precocemente ou história familiar de FOP.

 

A restauração da função ovariana é limitada, pois 5% a 10% das pacientes ainda apresentam alguma função ovariana e podem engravidar até mesmo espontaneamente, no caso de amenorreia secundária com cariótipo normal. Se a amenorreia for primária, esta chance é praticamente nula. 

 

Nos casos em que se percebe uma diminuição precoce da reserva ovariana em pacientes que desejam engravidar, pode-se realizar a estimulação ovariana para fazer a fertilização in vitro.

 

A ovodoação é a fase utilizada para aquelas mulheres em que o ovário realmente já entrou em falência completa, já não responde mais a estimulação. Neste caso, a única opção terapêutica viável é o uso de óvulos doados para alcançar a gestação.